10 filmes bons do primeiro semestre de 2020 | Brett McCracken

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Cena do filme Emma (Focus Feature)

Nos últimos três meses, a maioria dos cinemas foi fechada. Quem sabe quando eles irão reabrir totalmente. Mas na era do streaming, isso não impediu que os filmes fossem lançados e as pessoas os assistissem. O número divulgado no primeiro semestre de 2020 pode ser menor do que o normal, mas a qualidade tem sido surpreendentemente alta.

Os 10 filmes que destaco abaixo são excelentes lançamentos que eu acredito possuir qualidades redentoras que os cristãos podem apreciar. Como sempre acontece com listas como essa, use o discernimento e faça sua pesquisa sobre o conteúdo. A maioria dos filmes abaixo é mais apropriada para adultos do que para famílias.

Assistir a filmes durante uma pandemia tem seus prós e contras. Por um lado, muitas vezes me sinto triste assistindo a filmes hoje em dia, já que invariavelmente eles me lembram o passado agora distante e pré-pandêmico (as frequentes cenas de shows no hilariante Festival Eurovision da Canção, por exemplo). Por outro lado, os filmes oferecem uma perspectiva – lembrando-nos da dor, do desejo e da esperança que caracterizam a humanidade em cada estação. Os filmes que eu recomendo abaixo se enquadram na última categoria. Mesmo que eles não sejam “escapistas” no sentido de sentir-se bem (algumas das minhas recomendações aqui podem ser melhores quanto a isso), eles podem desviar momentaneamente nosso foco de nossas preocupações imediatas de uma forma que atenda, com amor, às lutas de outros.

A Assistente

Ostensivamente inspirado pelo escândalo de abuso sexual de Harvey Weinstein – e os sistemas corruptos de silêncio e ambição que permitiram que esse “segredo aberto” persistisse por tanto tempo em Hollywood –, o filme de Kitty Green é angustiante em sua representação da facilidade com que seres humanos podem desumanizar uns aos outros. Partindo de um dia na vida de uma assistente de baixo escalão (Julia Garner) para uma executiva de cinema no estilo Weinstein (que nunca vemos no filme), A Assistente contém percepções reveladoras e estimulantes sobre como pessoas poderosas podem manipular aqueles que estão ao seu redor a fim de ignorar ou encobrir o abuso, em vez de denunciá-lo e expô-lo. Para os cristãos – os quais, dentre todas as pessoas, deveriam ser aqueles que procuram desmantelar, em vez de perpetuar as culturas de abuso – este é um filme importante a ser assistido. Alugue na Amazon.

Atleta A

Este documentário da Netflix é difícil, mas importante que seja assistido. Ele segue a reportagem do IndyStar que revelou o extenso abuso sexual do médico da equipe de ginástica americana Larry Nassar, bem como a cultura mais ampla de abuso dentro do mundo da ginástica competitiva de elite. O filme apresenta Rachael Denhollander (assista ao seu poderoso depoimento na audiência de instrução e julgamento de Nassar), que publicou no ano passado um livro de memórias sobre suas experiências (What is a Girl Worth?). Entre outras coisas, o filme (dirigido por Bonni Cohen e Jon Shenk) é um lembrete inspirador do poder do bom jornalismo para expor a corrupção, defender os vulneráveis ​​e trazer a verdade à luz. Assista na Netflix.

Destacamento Blood

Você não precisa concordar com tudo do último “bagulho” de Spike Lee (como ele chama seus filmes) para apreciar como este filme é, por vezes, ousado, ambicioso e genuinamente comovente. Parte filme de guerra, parte thriller de assalto, parte protesto político, Destacamento Blood é uma experiência muito plena (2,5 horas) e intensa. Lee explora tudo: desde temas como racismo, trauma e política do Vietnã, até amizade, paternidade e perdão. Se o filme é confuso algumas vezes e difícil de assistir em outras (cuidado com a violência extrema e a linguagem; este não é um filme para se assistir em família), é principalmente porque os personagens e a história que Lee explora são tudo menos limpinhos e aprumados. Assista na Netflix.

Driveways

Se a onda febril de polarização online deixa você sem esperança com a humanidade, Driveways é um bom lembrete de que, no nível de vizinhança e comunidade local, a imagem costuma ser mais esperançosa. O filme tranquilo de Andrew Ahn é um retrato profundo da beleza das relações íntimas – neste caso, uma amizade improvável entre um jovem asiático-americano (Lucas Jaye) e seu vizinho veterano (Brian Dennehy em um de seus papéis finais). Em tempos de crise cultural, narrativas como essa nos lembram que as mudanças geralmente acontecem localmente, por meio das pessoas que conhecemos, e aprendemos a amar, bem ao nosso lado. Alugue na Amazon.

Emma

A versão 2020 de Autumn de Wilde sobre o clássico de Jane Austen é peculiar, contemporânea, lindamente produzida e com uma boa escolha de elenco. A atriz anglo-argentina Anya Taylor-Joy capta perfeitamente o esnobismo icônico da personagem titular, ao mesmo tempo que a imbui de complexidade moral e uma abertura à correção que, em última análise, permite a mudança. Johnny Flynn também brilha como Sr. Knightley, cuja virtude cavalheiresca inclui – o que é mais importante – a disposição de falar a verdade em amor, mesmo quando dói. O filme é empolgante, vibrante e edificante, com pontos extras para a reprodução repetida da trilha sonora de “How Firm a Foundation”, cantada pela artista folk britânica Maddy Prior. Alugue na Amazon.

First Cow

Kelly Reichardt é uma das cineastas independentes mais interessantes da atualidade. Seus filmes (como Antiga Alegria, Wendy e Lucy e O Atalho) certamente têm um ritmo mais lento e finais mais abertos do que os filmes convencionais de Hollywood, mas têm muito a oferecer ao espectador paciente e atencioso. Como muitos dos filmes de Reichardt, First Cow explora a beleza indescritível da conexão relacional em um mundo que pode parecer isolado e cruel. Situado na fronteira noroeste do Pacífico de 1820, o filme é enquadrado (literalmente, com uma proporção de 4:3) mais como uma pintura do que um filme, convidando os espectadores a trazerem seus próprios olhos interpretativos para suas imagens sutis e retratos temáticos. O filme é sobre os Estados Unidos? Capitalismo? Amizade? Tempo? Sim, e muito mais. Assista na Amazon.

Greyhound

Embora tecnicamente não tenha sido lançado na primeira metade de 2020 (foi lançado hoje na Apple TV+), Greyhound é muito significativo para não ser incluído nesta lista. O filme de ação naval da Segunda Guerra Mundial, estrelado e escrito por Tom Hanks, é um pequeno filme conciso (91 minutos), baseado em um romance de 1955. Hanks interpreta um capitão naval liderando um comboio de navios aliados através do perigoso Atlântico sem ser afundado por uma matilha de submarinos nazistas. Mesmo que o filme pareça menor em comparação com grandes dramas navais como Mestre dos Mares ou O Barco: inferno no mar (ou mesmo o próprio Capitão Phillips de Hanks), ainda apresenta uma atuação marcante de seu protagonista sempre assistível – cujo personagem no filme frequentemente ora e cita a Bíblia (por exemplo, Hebreus 13.8, Provérbios 3.6). Assista na Apple TV+.

Venha o Teu Reino

Este híbrido de documentário e ficção de 40 minutos é um desdobramento lindo e empático do filme de Terrence Malick de 2013, Amor Pleno. Uma colaboração entre o fotógrafo/cineasta Eugene Richards e o ator/produtor Javier Bardem, o filme é essencialmente uma coleção de vinhetas enquanto Bardem – em seu personagem de “Padre Quintana” de Amor Pleno – conversa com várias pessoas marginalizadas em uma pequena cidade de Oklahoma. Embora Bardem seja um “personagem” sacerdotal e as pessoas com quem ele interage sejam apenas elas mesmas (não-atores desgastados por vários traumas), seus encontros em grande parte improvisados ​​capturam o poder da presença pastoral e cristã com os párias da sociedade. Assista sob demanda.

O Caminho de Volta

Provavelmente me lembrarei disso como o último filme pré-COVID-19 que vi no cinema. O que é uma pena, porque ele deveria ser memorável por outros motivos. Dirigido por Gavin O’Connor (Guerreiro) e apresentando uma das melhores atuações de Ben Affleck, O Caminho de Volta é muito mais do que apenas um filme de basquete. Como escrevi em minha crítica do TGC, é um filme “sobre segundas chances, redenção e renovação; o caminho de volta à vida após descer às profundezas – não apenas para uma equipe esportiva que passou por tempos difíceis, mas também para um homem e sua família que entraram em desespero.” Alugue na Amazon.

O Jovem Ahmed

Os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne são alguns dos cineastas mais morais da atualidade. Seu estilo de filmagem com a câmera na mão e a postura observacional criam um olhar profundamente empático que se recusa a criar heróis ou vilões fáceis. Embora seu último filme, O Jovem Ahmed, não seja um de seus melhores filmes, ainda é formidável e oferece muito material para reflexão moral. A história de um jovem muçulmano radicalizado e as pessoas em sua vida talvez muito dispostas a dar-lhe graça, Ahmed suscita muitas questões difíceis – sobre a natureza do mal, a reabilitação e os limites da empatia – que deixa para o público respondê-las. Alugue na Amazon.

Traduzido por Jonathan Silveira.

Texto original: 10 Solid Films from the First Half of 2020. The Gospel Coalition.

Brett McCraken é editor sênior no site The Gospel Coalition e autor de vários livros. Ele e sua esposa, Kira, moram em Santa Ana, na Califórnia, com seu filho Chet. Frequentam a igreja Southlands, na qual Brett serve como presbítero.

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