Um breve panorama sobre o Budismo | J. Warner Wallace
16/out/2014Revolução afetiva | Guilherme de Carvalho
17/out/2014Uma história bem chocante tem circulado ultimamente: Tim Lambesis, vocalista da banda de metal cristã “As I Lay Dying”, foi condenado por tentar contratar um assassino para matar sua ex-esposa e recentemente confessou que tinha se tornado ateu. Ele e outros membros da banda continuaram a alegar que eles eram cristãos para que pudessem continuar vendendo CDs para fãs cristãos.
Lambesis recentemente deu uma entrevista contando tudo para a revista Alternative Press, na qual ele descreveu (entre muitas outras coisas) sua jornada do Cristianismo para o ateísmo. Ele cresceu numa família cristã, frequentou um colégio cristão, ingressou numa universidade cristã, cantou numa banda cristã, casou-se com uma mulher cristã e depois adotou três crianças da Etiópia. Não foi por pouca exposição aos ideais cristãos que ele perdeu sua fé.
Os detalhes que ele descreveu sobre sua experiência são de abrir os olhos e podem ensinar muito a pais cristãos. Aqui temos sete importantes tópicos da entrevista.
[Note que Lambesis está declaradamente repensando seu ateísmo, então em algumas dessas citações você o verá refletindo criticamente sobre sua desconversão.]
1. Filhos precisam entender a natureza secular do mundo acadêmico antes de entrarem na universidade.
Lambesis: “Eu era um filósofo na universidade. Eu pensei que isso seria algo que eu iria gostar e que me ajudaria a entender o que as pessoas estão pensando para que eu pudesse ajudar as pessoas a entender melhor o Cristianismo. Eu pensei que eu aprenderia como defender a fé. Eu era ingênuo.”
Professores de filosofia dos calouros são notoriamente conhecidos por começar o semestre anunciando que não há Deus. Lambesis foi a uma universidade cristã, então supostamente os pontos de vista não seriam tão enviesados em direção ao ateísmo, mas claramente ele não estava preparado para o que ele encontraria mesmo naquele contexto. A Academia é esmagadoramente hostil ao Cristianismo e os adolescentes ao irem para a faculdade precisam ser preparados para onde e como eles encontrarão tal hostilidade antes de chegarem lá. Mandar filhos para uma universidade cristã não é um substituto para essa preparação.
2. Filhos precisam de ferramentas sólidas de pensamento crítico para avaliar visões de mundo.
Lambesis: “Eu acabei fazendo turnês, então eu terminei [a faculdade] por um programa de estudo a distância. Eu troquei a Filosofia pelos Estudos Religiosos, porque eles não me deixariam fazer Filosofia via ensino a distância. Eu tomava três páginas do ponto de vista conservador tradicional evangélico e três parágrafos ou, às vezes, somente três frases da perspectiva ateísta. Mas, mesmo em só algumas frases, eu pensava: ‘Este ponto de vista faz mais sentido’, mesmo quando ele não era bem representado. No processo de tentar defender a minha fé, eu comecei a pensar que o outro ponto de vista era o mais forte”.
Todos os nossos filhos verão, eventualmente, o Cristianismo lado a lado com outras visões de mundo (se eles já não viram). Alguns, como Lambesis, verão estes pontos de vista formalmente comparados numa configuração acadêmica. Outros verão a comparação aparecer com o tempo no seu dia-a-dia quando expostos ao mundo secular. Mas, independentemente de quando e como as comparações vierem, nossos filhos usarão algum tipo de critério de avaliação (conscientemente ou não) para determinar o que é verdade. Qual critério eles usarão fará toda a diferença no mundo para seu resultado espiritual. Neste caso, Lambesis concluiu que o ponto de vista ateísta fazia mais sentido baseado em seu critério (não declarado) na época.
É nossa responsabilidade como pais não somente ensinar nossos filhos sobre a fé cristã, mas ensinar a nossos filhos as ferramentas de pensamento crítico necessárias para avaliar a convicção cristã no contexto de outras visões de mundo.
3. Filhos precisam ter um entendimento bem claro da diferença entre o que desejamos que seja verdade e o que é objetivamente verdade.
Lambesis: “Na primeira vez que traí minha esposa, minha interpretação de moralidade não era conveniente para mim. Eu senti menos culpa quando eu decidi: ‘Bem, casamento não é uma coisa real, porque o Cristianismo não é real. Deus não é real. Portanto, casamento é somente um pedaço de papel idiota com o governo’. Eu via a mim mesmo como um superacadêmico na época. ‘Minha busca acadêmica me trouxe a isto’ Eu era sincero até certo ponto, mas todos nós ouvimos o que queremos ouvir para justificar nossas ações”.
Meu filho de 5 anos de idade tem o mau hábito de lamber suas mãos. Eu estou constantemente dizendo para ele parar. Outro dia ele respondeu “Mas isso é bom!” Sua irmã gêmea, ouvindo isto do outro cômodo, gritou, “só porque algo é bom, não significa que seja a coisa certa a fazer!” Eu tive que rir, mas ao mesmo tempo fiquei emocionada ao perceber que muitos dos meus lembretes sobre a natureza da verdade e da moralidade estão penetrando em ideias como: “Só porque você gosta, não quer dizer que você deveria fazer… só porque você quer que seja verdade, não quer dizer que seja verdade… só porque faz você feliz, não quer dizer que seja certo”.
Lambesis foi incrivelmente honesto ao admitir que ele ouviu o que queria ouvir para justificar suas ações quando ele estava se afastando de Deus. Quanto mais pudermos consistentemente encontrar oportunidades na vida diária para distinguir desejos subjetivos da busca pela verdade objetiva e moralidade, mais nossos filhos estarão alerta aos perigos dessa confusão comum.
4. Autores ateus populares têm uma influência tão poderosa, que os pais deveriam estar ansiosos para discutir com seus filhos.
Lambesis: “Eu interpretei a evidência como eu quis e senti que era intelectualmente desonesto me considerar um cristão. Eu senti que, na melhor das hipóteses, poderia me considerar agnóstico, mas posso me considerar um ateu. Esta foi a reviravolta na minha vida. Eu li muita coisa das pessoas que agora são mais popularmente conhecidas como os ‘Quatro Cavaleiros’ do apocalipse ateu”.
Os “Quatro Cavaleiros” do apocalipse ateu referem-se aos populares escritores ateus Richard Dawkins, Christopher Hitchens, Sam Harris and Daniel Dennett. Cada um desses autores tem escrito livros [Best-sellers] ridicularizando a religião. Eu estou atualmente lendo o livro de Dawkins, “Deus, um Delírio”. Trata-se de uma leitura de pesquisa contendo mais de quatrocentas páginas da propaganda ateísta mais comum que os seus filhos ouvirão sobre Cristianismo. Como Lambesis, muitos jovens adultos são seduzidos por esses autores e seus evangelistas ateístas. Se eu tivesse adolescentes, eu estaria lendo com eles imediatamente como uma oportunidade única de enfrentar argumentos ateus de frente. Não fuja dessa literatura. Corra para ela e discuta isso com seus filhos enquanto você ainda pode. (Se seus filhos não são adolescentes, comece lendo você mesmo!)
5. Filhos precisam entender a natureza dos conhecimentos e figuras de autoridade.
Lambesis [falando sobre os cientistas que ele estudou]: “Eles têm descrito tão precisa e brilhantemente a ciência e, portanto, eles devem estar certos… Sabe quando você tem aquele amigo que é mais esperto que todos os outros? Quando ele desenvolve uma teoria sobre qualquer coisa, todo mundo fica tipo, ‘Ele deve estar certo!’, e pensamos assim mesmo se o cara estiver errado a respeito de uma em 10 coisas, no mínimo.”
Este é um problema comum hoje. Há muitos “especialistas” competindo pela atenção de seus filhos e pela lealdade de cosmovisão. Mas, só porque alguém é um especialista em uma área, não faz com que ele seja especialista em todas as áreas. E, só porque alguém tem um título de alto perfil em um campo científico, não significa que ele tenha uma objetiva e imparcial visão de mundo. Nós precisamos ajudar proativamente nossos filhos a entender o que especialidade significa e o que não significa.
6. Somente apresentar aos filhos o lado cristão dos argumentos de visão de mundo muitas vezes é um golpe fatal para a fé.
Lambesis: “Numa escola cristã você é apresentado a um argumento… Mas mais tarde na vida quando um contra-argumento se revela, seu mundo todo entra em choque, porque você foi doutrinado. Eu não estou culpando a religião, mas esse foi um dos fatores que me levou até este massivo declínio moral”.
Quer seus filhos estejam numa escola cristã ou não, este é um testemunho poderoso sobre os problemas de se ensinar aos seus filhos apenas o lado cristão dos “argumentos” de cosmovisão. Quais são os argumentos de cosmovisão recorrentes hoje? Leia o livro de Dawkins e você aprenderá rapidamente!
7. Só porque alguma coisa tem um rótulo cristão não significa necessariamente que seja cristão.
Lambesis: “Nós fizemos turnê com mais ‘Bandas Cristãs’, que na verdade não são cristãs, do que com bandas que de fato são. Em 12 anos de turnês com a banda ‘As I Lay Dying’, eu diria que talvez uma em cada dez bandas cristãs com quem viajamos são na verdade cristãs.”
Essa história é um trágico exemplo de como um rótulo cristão pode ser colocado em qualquer coisa por propósitos de marketing, mas sem ter de fato significado na realidade. Nós devemos isto a nossos filhos: ser vigilantes pessoalmente avaliando as palavras e mensagens por trás da mídia a que eles são expostos. Nós devemos decidir por nós mesmos se determinadas mídias merecem ser classificadas cristãs.
Traduzido por Juliana Roberta Angelieri e revisado por Maria Gabriela Pileggi.
Texto original aqui.
Natasha Crain possui um MBA em marketing e estatística e um BA em economia. Especializou-se também em apologética pela Biola University e é membro da International Society for Women in Apologetics. É autora do livro Keeping your Kids on God’s Side . |
3 Comments
Muito bom!!
Muito edificante, Deus seja Louvado!
O perigo da doutrinação é não apresentarmos os argumentos do “outro lado”. E aí, quando o jovem toma conhecimento desse outro, não consegue contra-argumentar. Se sente traído ou constrangido. A igreja não deve criar uma bolha, achando que com isso está protegendo seus membros. Deveriam investir mais em treinamento apologéticos, preparando o corpo de Cristo para responder a qualquer um que questionar a base da nossa fé.