
Como o cristão deve lidar com os impostos? | Andrew T. Walker
21/jul/2025
Foto de Josh Appel na Unsplash
Há muitos anos, tive a oportunidade de examinar os pertences e arquivos de um homem de profunda fé. Ao longo de toda a sua vida, ele serviu ao Senhor com diligência e realizou grandes obras em favor da causa de Deus. Assim como outros servos antes e depois dele, tomou a decisão de não solicitar apoio financeiro às pessoas para sustentar seu ministério. Preferiu, em vez disso, confiar plenamente em oração, aguardando que o próprio Deus suprisse suas necessidades. Diante disso, ele passou a ser amplamente reconhecido por sua liberdade em relação ao amor ao dinheiro — um apego que, lamentavelmente, tem arruinado a vida de muitos e comprometido inúmeros ministérios.
No entanto, ao examinar seus escritos, algo me chamou a atenção: ele falava frequentemente sobre dinheiro. Suas cartas e atualizações talvez nunca contivessem um pedido direto por doações, mas, por vezes, deixavam entrever essa expectativa de forma sutil. Embora jamais solicitasse recursos de maneira explícita, havia insinuações que não passavam despercebidas. Na verdade, o tema financeiro parecia ocupar lugar recorrente em seus pensamentos e conversas. Não digo isso para desmerecê-lo ou questionar sua integridade, tampouco para insinuar qualquer falha moral. Ainda assim, essa observação me ensinou algo valioso: estar livre do amor ao dinheiro não significa, necessariamente, estar livre de uma fixação por ele. O dinheiro pode dominar nossa mente e nosso coração, mesmo quando não o transformamos em ídolo.
Naquele dia, compreendi que há duas formas distintas pelas quais podemos desonrar a Deus em nossa relação com o dinheiro — e, curiosamente, essas formas são quase diametralmente opostas.
A primeira forma de desonrar a Deus é tratar o dinheiro com descuido. Isso ocorre quando não o levamos a sério, quando falhamos em administrá-lo com responsabilidade ou deixamos de exercer generosidade. Em essência, é quando esquecemos que o dinheiro que possuímos, na verdade, pertence a Deus, e que fomos chamados a ser mordomos, não proprietários. Para sermos mordomos fiéis, precisamos compreender tanto a origem quanto o destino de nossos recursos. Devemos direcioná-los a propósitos nobres em vez de fúteis — e, sempre que possível, aos melhores propósitos, não apenas aos bons. Nossa relação com o dinheiro deve refletir a consciência de que, um dia, prestaremos contas de sua administração ao Senhor. Podemos, sim, desonrar a Deus quando lidamos com nossos recursos de maneira leviana ou negligente.
A segunda maneira de desonrar a Deus em nossa relação com o dinheiro é permitir que ele ocupe um lugar desproporcional em nossos pensamentos — tornando-nos obcecados por cada real e cada centavo. É tratar o dinheiro como se ele fosse o principal critério para demonstrar nossa fidelidade e amor a Deus, ou como se a provisão divina dependesse exclusivamente da nossa capacidade de economizar ou manter o controle. Assim como o homem que mencionei anteriormente, podemos não amar o dinheiro em si, mas ainda assim nutrir uma relação distorcida com ele — da mesma forma que alguém pode não ser dominado pela gula, mas ainda viver escravizado pela contagem obsessiva de calorias. Como tantas outras áreas da vida cristã, o verdadeiro perigo muitas vezes reside nos extremos.
Podemos nos deixar dominar pelo dinheiro tanto ao gastá-lo em excesso quanto ao nos privarmos demais; tanto ao pensar nele obsessivamente quanto ao negligenciá-lo por completo.
Entre esses dois extremos encontra-se o equilíbrio saudável — uma relação sábia e ponderada com o dinheiro. Reconhecemos sua importância e a responsabilidade de prestar contas a Deus pelo modo como o utilizamos — ou deixamos de utilizar. Ao mesmo tempo, entendemos que ele é, afinal, apenas dinheiro: um servo eficiente, porém um senhor implacável quando lhe damos autoridade demais. A realidade, por vezes dura, é que o domínio pelo dinheiro pode se manifestar tanto na ostentação quanto na avareza, tanto na preocupação excessiva quanto na indiferença total. Por fim, o dinheiro pertence a Deus e, por isso, é de suma relevância, mas não podemos perder de vista que ele é apenas uma ferramenta passageira, que atravessa nossas mãos tão rapidamente quanto chega.
Texto original: Two Ways to Dishonor God With Your Money Traduzido e publicado no site Cruciforme com permissão.
![]() | Tim Challies é pastor da igreja Grace Fellowship, em Toronto, no Canadá, editor do site de resenhas Discerning Reader e cofundador da Cruciform Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é blogueiro, web designer e autor de várias obras. |
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