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25/out/2016A transparência fará todos nós seres morais. Em breve teremos os meios técnicos necessários para tornar rastreáveis todos os atos importantes de nossas vidas. Nosso poder de detectar e lidar com trapaças e ilegalidades de todos os tipos está expandindo constantemente. Assim, a nossa atenção se volta para as questões éticas. Dada a nossa crescente percepção de que tudo o que fazemos está sendo gravado e disponível ao escrutínio, estaríamos nós prontos para abraçar uma grande nova era na qual a corrupção, o vício e a imoralidade sejam progressivamente relegados às regiões ocultas e cada vez menores das sociedades modernas?
Este é o foco do novo romance de Dave Eggers, O Círculo. Nele, o autor imagina o acoplamento imanente dos vários sistemas de coleta de dados utilizados hoje, ao lado da ordem social que tem surgido para tornar esse conhecimento útil e financeiramente rentável em um mundo saturado de internet.
Já é possível usarmos dispositivos computadorizados para acompanhar nosso ritmo cardíaco ou ingestão calórica, e muitos exames médicos poderiam ser adaptados para fornecer, de forma mais contínua, dados em tempo real. Nós não só podemos acompanhar alterações em nossa própria saúde, mas, com uma implementação mais ampla, também poderíamos usar esta massa de dados para avaliar e melhorar toda a saúde pública. Digamos que um trabalhador chega ao trabalho infectado com gripe (conforme indicado pela sua temperatura corporal elevada). Mande-o para casa antes que a infecção se espalhe. Da mesma forma, as redes sociais e os serviços de pesquisa de produtos permitem que as empresas rastreiem a real (e não imaginária) demanda dos consumidores, permitindo que os fabricantes respondam em tempo real.
Embora falando com diferentes tons de voz, Mark Zuckerberg, do Facebook e Julian Assange, do Wikileaks, pregam, incessantemente, esse novo evangelho. Os novos métodos de coleta de dados, combinados com a transparência auxiliada por computador, prometem erradicar as negociatas políticas secretas e os acordos conspiratórios. Assim como o uso da pornografia e de jogos de aposta online durante o trabalho, todos esses comportamentos evaporam quando as pessoas sabem que estão sendo observadas. Categorias inteiras de crime, tal como a pornografia infantil, poderiam ser simplesmente eliminadas com uma maior transparência. Se realizadas eletronicamente, as votações poderiam ser mais economicamente eficientes e o número de pessoas participando seria maior; monitoradas, novamente, por um processo rigorosamente transparente.
Escrevendo no coração da indústria de tecnologia da Califórnia (perto de San Francisco), Eggers pergunta: que tipo de mundo estamos entrando à medida que nossas aspirações morais reconhecem (ou talvez se restrinjam a) a transparência como a cura para a imoralidade e os males sociais – especialmente à medida que o aparato técnico através do qual ela se expressa se desenvolve? Como será a vida quando “fecharmos o círculo” e nossas vidas se tornarem “transparentes” – visíveis e rastreáveis instantaneamente e até o passado mais remoto?
Esse ideal moral é familiar. Nós escondemos o que nos causa vergonha – uma lição presente na história bíblica, quando o primeiro casal, logo após a Queda, imediatamente se esconde de Deus, a quem desobedeceram. Quando fazemos algo ilegal ou antiético, nós escondemos isso dos outros, porque sabemos que é errado. Mas talvez também sejamos egoístas ao esconder as coisas belas que experimentamos, tais como um luminoso passeio de caiaque ao luar, na baía de San Francisco, terminando com uma chuva de estrelas cadentes. Em um espasmo de consciência que só poderia acontecer a um membro da geração do Google Glass, a principal personagem de Egger, Mae, percebe que, além de nossa necessidade de esconder atos vergonhosos, nosso impulso para esconder os maravilhosos é
“… egoísta, e nada mais. Da mesma forma que uma criança não quer compartilhar seu brinquedo favorito. Eu entendo que o sigilo faz parte de, bem, um sistema de comportamento aberrante. Ele vem de um lugar ruim, não de um lugar de luz e generosidade. E quando você priva os seus amigos, ou alguém como o seu filho Gunnar [um tetraplégico], de experiências como as que tive, você está basicamente roubando deles. Você está privando-os de algo que eles têm direito. O conhecimento é um direito humano básico. Igualdade de acesso a todas as experiências humanas possíveis é um direito humano básico.”(301).
Mae expressa o crescente senso comum da geração conectada: aquilo que costumávamos chamar de privacidade está morto, e apenas os perigosos egoístas se oporiam a isso.
O que é particularmente notável no tipo de análise cultural de Eggers é a maneira como ele conecta essa observação sobre a evolução de nosso panorama moral com uma percepção aguçada das recentes inovações em mídias sociais e mineração de dados. Elas têm como objetivo principal, conforme Eggers mostra, moldar o comportamento do consumidor. Nossos medos e desejos estão sendo coletados para nos fazer “querer” fazer (e comprar) as coisas que querem aqueles que pagam as contas para manter esses serviços no ar. A mídia social é o próximo passo na evolução do marketing corporativo.
A visão de Eggers sobre a dinâmica da ordem social crescente na mídia social contemporânea, juntamente com os mecanismos de feedback de informação, desenvolve uma linha de pensamento popularizado por Michel Foucault. Sua noção de “infra-lei” denomina os desenvolvimentos nas técnicas ocidentais de governo que buscam facilitar que os mesmos orientem, sutilmente, o comportamento dos cidadãos em direções que pareçam socialmente benéficas. Desde tempos remotos, Foucault observa, os governos só poderiam manter na linha os membros indisciplinados das populações se exibissem regularmente seu poder punitivo através de espetáculos públicos. Aqueles que se envolvessem em comportamentos proscritos pelos soberanos corriam risco de sofrer uma visível, e muitas vezes horripilante, humilhação (colocados no tronco), mutilação (marca) ou execução (decapitação, e assim por diante).
Mas essa forma ineficiente de controle social estava condenada quando os meios de produção mudaram, na transição da era feudal para a era industrial. A ascensão de técnicas modernas de produção exigiram técnicas penais mais flexíveis e menos destrutivas. Um grande número de fábricas precisava de empregados, trabalhadores precisavam ser treinados, e pequenos furtos tinham que ser diminuídos, de forma que os espetáculos públicos de punição se tornaram inadequados para treinar a população nessas novas e mais mundanas habilidades. Os métodos foram desenvolvidos inicialmente no exército e, em seguida, nos hospitais, escolas e fábricas.
Primeiramente, veio o desenvolvimento de técnicas para controlar e supervisionar o movimento dentro e fora dos espaços. O que acontecia nesses espaços podia, então, ser tabulado e organizado em rotinas, permitindo a introdução de um sistema mais refinado de recompensas e deméritos. Os “bônus de desempenho” e os “descontos de salário” foram algumas das muitas formas de procedimentos de ranking, concebidas para distinguir os bons e os maus desempenhos. Alunos poderiam ser recompensados ou repreendidos por meio de notas, trabalhadores, por meio de cotas de produção, trabalhadores de colarinho branco, por meio de medidas de desempenho. Dessas inovações bastante básicas surgiu o mundo em que vivemos, no qual relativamente poucas pessoas precisam ser punidas pelo Estado por violações reais da lei, uma vez que a maioria delas já sabe, hoje, o que o governo enxerga como comportamento “útil” e “produtivo”. Infra-lei é, portanto, o acessório regular utilizado para supervisionar o comportamento de todos os cidadãos, em público e em privado.
A normalização destas inovações no método político significa que, hoje, a grande maioria dos ocidentais sabe o que se espera deles. Uma vez que uma leve presença de câmeras de vigilância e segurança é capaz de infligir as sanções correspondentes à maioria das infrações de nível médio (desde bilhetes de estacionamento até pequenos furtos), precisa-se de uma presença ainda menor de agentes estatais capazes de lidar com as infrações mais agressivas, cada vez menos frequentes. Isso coloca as punições extremas em uma nova região oculta, dentro dos muros da prisão. Esses são os processos pelos quais é inculcado nos cidadãos o medo do julgamento pela autoridade legal, de forma a “moralizá-los”.
A essa descrição Eggers adiciona uma nova observação: no admirável mundo novo das mídias sociais, o medo primário que motiva o comportamento é o de ser deixado de fora e se sentindo “careta”; ao passo que o motivador primário é o desejo de ser “curtido” e assistido. Tais medos e desejos podem ser utilizados por empresas e governos para moldar o comportamento de formas muito mais eficazes que até mesmo o velho sistema de penalização-recompensa da infra-lei. Hoje em dia, um jovem pode se esforçar muito para obter as melhores notas na escola, na esperança de agradar seus pais. Mas, ao mesmo tempo, ele vai se esforçar ainda mais para estar com as roupas certas e ser visto nos lugares certos, de forma a projetar a imagem que ele deseja aos seus cyber-colegas.
Os especialistas de marketing rapidamente perceberam que dois pares de olhos são melhores do que um na tarefa de direcionar o comportamento. Enquanto técnicas antigas de infra-lei funcionavam para treinar bons trabalhadores, as novas são melhores em educar e promover a disposição dos consumidores. A centralidade da mídia social na formação do consumo é notada pelo fato institucional de que essa nova camada de infra-lei encontra sua forma (e financiamento) sob a orientação de empresas, cujos interesses últimos são, enfim, o lucro. As tensões são claramente possíveis com o antigo árbitro da lei, o Estado, e seu interesse não em ganhar dinheiro, mas em manter a paz. No entanto, cada vez mais esses dois objetivos parecem convergir, na busca da perfeita docilidade das democracias formadas por consumidores que trabalham duro.
O que é especialmente impressionante em Eggers é sua clara intuição de que tais tendências exigem uma resposta teológica. À medida que o imaginário contemporâneo se convence cada vez mais que o caminho para uma cidadania moralizada passa pela avenida da transparência, um fantasma surge e torna-se difícil de ignorar. Nossa cultura está reinventando uma versão não-transcendental de uma antiga ideia dos adeptos da fé bíblica: de que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria.
Na fé bíblica, o temor de Deus não é uma emoção, mas descreve um modo de vida caracterizado pela seriedade na busca de uma vida santa. O temor servil é o oposto do temor respeitoso a Deus, que é o princípio da sabedoria (Provérbios 1:7). Moisés contrasta explicitamente essas duas formas de temor após dar os Dez Mandamentos aos israelitas: “Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis” (Ex. 20.20 RA). A aprovação de Deus à obediência de Abraão ao se preparar para sacrificar Isaque é colocada em termos similares: “… agora eu sei que temes a Deus, visto que não me negaste o teu único filho” (Gn 22:12 RA). Nem este ponto de vista é alterado substancialmente no Novo Testamento: “Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação,” (1 Pedro 1:17 RA). Na Bíblia, portanto, o “temor do Senhor” denomina o assentimento da vontade às reivindicações de Deus sobre a vida humana, um assentimento que supera os temores de louvor e acusação de homens, pelos quais as autoridades governantes sempre moldaram o comportamento humano – um papel agora assumido pela empresa e sua ênfase em agradar o olhar de nossos semelhantes.
Para os cristãos do passado, era muito mais fácil detectar os mecanismos nos quais o “temor de homens” operava. As coisas eram bem claras para Daniel, quando a demanda do rei era curvar-se e adorar a sua imagem, ou quando os primeiros cristãos eram requeridos a provar sua lealdade para com os deuses de Roma blasfemando contra Jesus Cristo. Os primeiros mártires sabiam o que significava temer a Deus e não aos homens, uma tradição ainda viva e clara na teologia da Reforma. Conforme Lutero colocou, “eu não devo temer o juiz ou amar o juiz; mas o meu medo e minha confiança devem estar em outra pessoa além do juiz, ou seja, em Deus, que é o meu verdadeiro juiz. Eu devo respeitar e honrar o juiz civil, que é a máscara de Deus, por amor de Deus. Mas minha consciência não se atreve a depositar sua confiança na sua justiça; nem se atreve ela a ser intimidada por sua tirania.”
Nós, no entanto, estamos experimentando o nascimento de uma nova era, na qual os antigos mecanismos para incutir medos e desejos de aprovação estão se tornando intencionalmente mais sutis. As técnicas de política moderna não são mais tanto sobre imposição de força para moldar o comportamento, e muito mais sobre nos informar sobre o que é importante para reunir um grande número de “sorrisos” ou “curtidas”, evitando a ignomínia dos poucos “compartilhamentos”. Isso está rapidamente se tornando a nova moeda das sociedades ocidentais conectadas, a moeda moldando nossa visão de uma vida boa e significativa.
Se o “temor do Senhor” caracteriza a vida que os cristãos aprendem a viver, na certeza de que Deus é juiz, precisamos perguntar o que acontece quando a sociedade de consumo conectada reinventa essa ideia. O que significa fazer da comunidade online o nosso juiz, aquele que trabalha ativamente para nos dizer o que conta como um bom comportamento, e reforçando-o, ao garantir que saibamos que cada clique, compra, comunicação (escrita ou falada) é visível e gravado?
Um sinal do senso de Eggers de que essas são perguntas adequadas à teologia aparece quando uma de suas preocupações fundamentais sobre essas tendências é colocada na boca de um ex-sacerdote não-inteiramente-coerente:
“Você e os seus no Círculo” – e aqui ele desenhou um círculo no ar, na horizontal, e Mae pensou que fosse um halo – “você salvará todas as almas”. Você terá todos em um só lugar, você irá ensinar-lhes as mesmas coisas. Só pode haver uma moral, um conjunto de regras. Imagine!” E aqui ele bateu com a palma da mão aberta sobre a mesa de ferro, fazendo seu copo tilintar. “Agora todos os seres humanos terão os olhos de Deus. Você conhece esta passagem? ‘Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos de Deus.’ Algo parecido com isso. Você conhece sua Bíblia?” Ao ver os olhares brandos nos rostos de Mae e Francis, ele zombou e tomou um longo gole de sua bebida. “Agora somos todos Deus. Cada um de nós em breve será capaz de ver, e lançar julgamento sobre todos os outros. Veremos aquilo que Ele vê. Vamos articular o Seu julgamento. Vamos canalizar Sua ira e entregar o Seu perdão. Em um nível constante e global. Toda a religião esteve esperando por isso, quando cada ser humano seja um mensageiro direto e imediato da vontade de Deus”. (395)
A aspiração de moralizar toda a vida humana através da transparência parece muito semelhante aos olhos do juiz eterno. No entanto, por que isso é um problema? A redução da moralidade à transparência diante dos homens torna a graça e o perdão extremamente improváveis, Eggers ressalta. No arquivo de dados universal, nós não somos nada mais do que nossas ações, boas e más, nenhuma das quais podem ser apagadas (porque isso violaria as leis de transparência). O temor de homens que nos mantém morais, portanto, nos condena a juízo eterno pelas massas, das quais um número significativo nunca será capaz de nos ver sem as manchas morais que contraímos.
Um dos personagens principais do romance se voluntaria como primeiro participante do programa PastPerfect. (Eggers tem talento ao criar nomes Orwellianos para produtos de software em breve reais, parecendo-se muito com o que esperaríamos dos atuais gigantes da tecnologia). PastPerfect é como o Google Street View para dados históricos, um vasto projeto de digitalização e sincronização de informações de arquivos históricos, fotos, cinejornais e vídeos amadores, de forma que as linhagens familiares e histórias possam ser rastreadas na história com o clique de um mouse. A realidade implacável de uma tecnologia como essa, no entanto, é mostrada quando uma das personagens centrais do romance é progressivamente perturbada pelo horror pessoal e desaprovação pública que surge ao seu redor. Tendo acreditado orgulhosamente ser uma sangue-azul patrícia, ela é derrotada por ondas de revelações sobre antepassados escravistas, pais promíscuos e uma infinidade de casos anteriormente ocultos de torpeza moral.
Em um “flash blasfemo” (blasfemo em relação ao mantra do bem da transparência), Mae, o protagonista do romance, percebe que o sonho da transparência, moralizadora da humanidade, pode não só ser impraticável, mas também demoníaco, ao supor que uma criatura finita possa imitar o juiz final: “O flash se abriu em algo maior, uma noção ainda mais blasfema que seu cérebro continha demais. Que o volume de informações, de dados, de decisões judiciais, de medições, era demais, e havia muitas pessoas, e muitos desejos de muitas pessoas, e muitas opiniões de muitas pessoas, e muita dor de muitas pessoas, e ter tudo isso constantemente reunido, recolhido, adicionado e agregado, e apresentado a ela como se tudo isso ficasse mais organizado e gerenciável – era demais.” (410)
Nossa transparência diante de Deus será sempre mais completa do que nossa transparência diante dos outros, e o julgamento de Deus sempre mais ameaçador do que o mero opróbrio das massas. E, ainda assim, o olhar de Deus é caracterizado por uma vontade de nos resgatar de nosso pecado, cobrindo-nos, ao invés de nos expor. Aprendemos com as narrativas da criação que, desde o princípio, Deus tem graciosamente coberto seres humanos pecadores, encolhidos, fugitivos e auto-justificadores, escondendo esses seres humanos indignos e envergonhados com uma roupa de peles. Essa cobertura, conforme teólogos cristãos têm notado, é uma das muitas maneiras nas quais “Cristo, nosso Libertador… colocou-se entre Deus e o homem como um Mediador.” Essa transparência diante de Deus é completa, mas também perdoadora, porque vem acompanhada pela promessa de um verdadeiro esquecimento de nossas máculas. Como os sábios de Israel nos ensinam, temer ao Senhor que vê e julga a todos é o princípio do encontro de uma forma de vida que se caracteriza por não temer a aprovação ou desaprovação terrena. Tal liberdade só pode ser encontrada pois os cristãos temem apenas ao Senhor, que veio a nós em Jesus Cristo, que está entre nós e é o Juiz santo de Israel que não tolera a injustiça.
Traduzido por Fernando Pasquini Santos e revisado por Jonathan Silveira.
Texto original: The Seduction of Transparency. Second Nature.
Brian Brock é professor de Teologia Moral e Prática na University of Aberdeen, Escócia. Obteve seu MA e seu Ph.D. no King’s College, Londres. Concentra-se na área de teologia ética e possui interesse em crítica cultural e em ética cristã construtiva. |
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