Genebra, um asilo para protestantes de todos os países | Philip Schaff

Introdução – Uma abordagem reformada sobre a relação entre Ciência e Escrituras | Keith Mathison
11/ago/2016
Oikos: Uma defesa do reavivamento da economia doméstica | Arthur W. Hunt III
16/ago/2016
Introdução – Uma abordagem reformada sobre a relação entre Ciência e Escrituras | Keith Mathison
11/ago/2016
Oikos: Uma defesa do reavivamento da economia doméstica | Arthur W. Hunt III
16/ago/2016

Genebra no século 16

Calvino deu a Genebra um caráter cosmopolita que ela mantém até hoje. Ela tornou-se, através dele, a capital das Igrejas Reformadas, e foi chamada de Roma Protestante. Felipe II da Espanha escreveu ao rei da França: “Genebra é a fonte de toda desventura para a França, o refúgio de todos os hereges, o mais terrível inimigo de Roma. Estou disposto, com todo o poder do meu reino e a qualquer hora, a ajudar em sua destruição”. De fato, essa cidade foi, no século 16, o que a América do Norte tornou-se, em uma escala muito maior, desde o século 17[1].

Zurique, Basel e Estrasburgo eram os únicos lugares daquela época que podiam se comparar a Genebra em hospitalidade ampla para estrangeiros.

No início do século 16, a cidade de Genebra contava doze mil habitantes, não mais do que treze mil em 1543; mas nos sete anos de 1543 a 1550, esse número aumentou para vinte mil — uma taxa de mil habitantes por ano. Este aumento deveu-se principalmente ao fluxo contínuo de protestantes perseguidos da França, Itália e Inglaterra. Alguns também vieram da Espanha e da Holanda[2]. Maior parte deles era de homens instruídos, e não poucos distinguiam-se por seu saber e posição, como Mathurin Cordier, Nicolas Colladon, Robert Estienne, Clément Marot, Bernardino Ochino, Galeazzo Caracciolo, John Knox, William Whittingham. Eles haviam feito sacrifícios por amor à religião, e, com isso, conquistaram a honra de confessores com o espírito dos mártires. Havia congregações específicas para italianos e ingleses, que eram proporcionadas pela cidade como locais adequados de culto. Calvino tratou os refugiados com grande hospitalidade. Ele assegurou-lhes, na medida do possível, os direitos de cidadania. Alguns deles foram inclusive eleitos para o Conselho. Insultar um refugiado de perseguição religiosa era tão passível de punição quanto insultar um ministro do evangelho. O favor e privilégios concedidos a esses estrangeiros despertaram a inveja e o ciúme dos genebrinos nativos, que se opuseram à admissão dos estrangeiros à cidadania e ao seu direito de portar armas. Este nativismo restrito rendeu muitos problemas a Calvino.

Leia também  Protestantes e católicos têm em comum o cristianismo Niceno? | Leonardo De Chirico

A pequena República de Genebra estava continuamente exposta ao perigo de absorção por Savóia, França e Espanha, que a odiava como o bastião da heresia. Foi, em grande medida, devido à sabedoria e firmeza de Calvino que Genebra preservou, naqueles tempos críticos, sua liberdade e independência. Ele também resistiu às repetidas tentativas de Berna em interferir na doutrina e disciplina da Igreja.

Genebra apresenta um aspecto maravilhoso na história moderna.

“Abarcando a elite de três nações, fundidas num todo pelo espírito de um homem, ela continua no meio de adversários poderosos e cruéis, sem qualquer apoio externo, simplesmente por meio de sua força moral. Não possui nenhum território, exército, tesouros ou recursos materiais e temporais. Aí está ela, uma cidade de coragem, construída de estoicismo cristão sobre a rocha da predestinação” (Jules Michelet)

__________________________

[1] Jules Michelet (Histoire de France, vol. X. 414) chama a Genebra calvinista de “cidade de coragem, construída de estoicismo cristão sobre a rocha da predestinação” e “a fábrica de santos e mártires, a fornalha escura onde são forjados os eleitos para a morte”.

[2] Em oito anos, 1.400 famílias se estabeleceram em Genebra, durante o reinado de Henrique II. Gaberel, Histoire de l’Église de Genève, I. 346; Michelet, X. 414.

Fonte: SCHAFF, Philip. History of Christian Church, Volume VIII: Modern Christianity. The Swiss Reformation (Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library), p. 679–680.

Traduzido por Leonardo Bruno Galdino e revisado por Jonathan Silveira.

Philip SchaffPhilip Schaff (1819-1893), foi um teólogo protestante e historiador da igreja cristã.

1 Comments

  1. Marcos disse:

    O conhecimento liberta

Deixe uma resposta