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Epitáfio é a palavra final a respeito da vida de alguém. Escrito em uma lápide ou em outro monumento, o significado da existência de alguém é captado em uma frase curta ou em algumas linhas de versos poéticos.

Alguns epitáfios nos lembram de nossa própria mortalidade, tal como a famosa inscrição latina que diz Hodie mihi, cras tibi (“Hoje para mim, amanhã para ti”). Outros epitáfios nos lembram da dívida que temos com os soldados que morreram lutando pela nossa liberdade, tal como a inscrição de John Maxwell Edmonds que aparece no Monumento Kohima, da Segunda Guerra Mundial: “Quando você for para casa, conte a eles sobre nós e diga: Pelo amanhã de vocês estes deram o seu hoje”.

E existem todos aqueles epitáfios que dão testemunho da graça salvadora e santificadora de Jesus Cristo. David Livingstone foi um missionário pioneiro no interior da África. Seu túmulo na Abadia de Westminster, em Londres, tem a seguinte inscrição: “Durante trinta anos sua vida foi gasta em um esforço incansável de evangelizar”. O epitáfio de Ruth Bell Graham, que foi esposa do evangelista Billy Graham, diz menos sobre seu trabalho e mais sobre a ajuda do Espírito Santo. Ela o tomou emprestado de uma placa de sinalização em uma estrada: “Fim das obras: obrigada por sua paciência”.

Um dia a morte virá para cada um de nós, assim como vem para todos. Se a morte não vier hoje, virá em algum amanhã. Quando ela vier para você, o que as pessoas escreverão na sua lápide? O que elas dirão quando o seu tempo na terra tiver acabado? O relato da vida de Salomão termina com estas palavras: “Ora, acaso o restante dos atos de Salomão, tudo o que fez e sua sabedoria, não estão escritos no Livro dos Atos de Salomão? O tempo que Salomão reinou em Jerusalém sobre todo o Israel foi quarenta anos. Salomão dormiu com seus pais e foi sepultado na cidade de Davi, seu pai. E seu filho Roboão reinou em seu lugar” (1Rs 11.41-43).

Ao contrário dos escritos dos epitáfios, essas palavras não são muito notáveis. Ao concluir o registro sobre a vida de Salomão, esse resumo menciona outros documentos oficiais que há muito desapareceram. O registro bíblico simplesmente nos lembra do longo reinado do rei. Salomão governou durante quarenta anos — uma geração inteira —, o mesmo que seu pai, Davi. Quando seu trabalho na terra acabou, sua alma voltou para Deus, enquanto seu corpo foi sepultado em Jerusalém, onde dormiu com seus pais. A linhagem real continuou, com Roboão, o filho de Salomão, governando em seu lugar. Mas os dias de glória tinham acabado, como Israel logo descobriria.

Ao chegarmos ao final da vida de Salomão, que epitáfio devemos escrever em seu túmulo? Existem muitas frases boas para escolher entre os escritos do próprio Salomão. Se considerarmos a maneira que ele começou, pedindo a Deus sabedoria para governar Israel, poderíamos escolher Provérbios 1.7: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Se examinarmos a maneira que o rei viveu, especialmente mais tarde na vida, podemos, em vez disso, escolher este versículo: “Comer e beber e encontrar prazer […] debaixo do sol” (Ec 5.18). Mas Salomão aprendeu como é vazio viver sem Deus, de modo que talvez devêssemos colocar um lamento em seu túmulo: “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade” (Ec 1.2). Ou podemos examinar a maneira que o rei morreu e citar suas famosas palavras de Eclesiastes 3.20: “Tudo procede do pó, e ao pó tudo voltará”. Todavia, se temos esperança quanto à salvação de Salomão, como creio que devemos ter, podemos extrair o epitáfio do cântico de amor que ele escreveu para seu Salvador: “Ele me levou à casa de banquetes, e seu estandarte sobre mim era o amor” (Ct 2.4).

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Independentemente do epitáfio que escrevamos para Salomão, o fato de que ele precisa de um epitáfio é um lembrete das limitações desse rei. No final ele morreu e, com isso, perdeu todos os seus poderes terrenos.

Louvado seja Deus porque conhecemos o Salomão maior de um reino maior, um Salomão que tem graça para nós. Conhecemos Jesus Cristo, o Rei, sem epitáfio. Ninguém registrou uma inscrição para o túmulo de nosso Salvador. As pessoas nem sequer tiveram tempo de preparar seu corpo para o sepultamento, quanto mais de gravar seu nome em pedra. Além disso, que epitáfio você escreveria para um homem que voltaria à vida no terceiro dia? “Volto logo”? “Vejo você no domingo”? Talvez bastassem as palavras dos anjos: “Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24.6).

Louvado seja Deus por Jesus Cristo, o Rei ressuscitado, o Salomão verdadeiro e justo da nossa salvação! Pelo poder de sua ressurreição, seremos capazes de servir a Deus até o fim de nossos dias. E depois ressuscitaremos com Salomão e todos os filhos de Deus, para oferecer a nosso Salvador uma eternidade de louvor.


Trecho extraído da obra “Rei Salomão: as tentações do dinheiro, sexo e poder“, publicada por Vida Nova: São Paulo, 2018, p. 277-279. Traduzido por Marcio Loureiro Redondo. Publicado no site Cruciforme com permissão.

Philip Ryken é doutor em teologia histórica pela Universidade de Oxford e presidente do Wheaton College Seminary. Foi pastor da igreja Tenth Presbyterian Church, na Filadélfia, e escreveu mais de cinquenta livros, como "As doutrinas da graça", "Rei Salomão: as tentações do dinheiro, sexo e poder" e "Amar como Jesus ama", publicados por Vida Nova.

O rei Salomão tinha toda a fama e fortuna que qualquer homem desejaria. Era o rei mais sábio e rico do mundo. No entanto, tragicamente trocou tudo isso por amor ao dinheiro, pelos prazeres do sexo e pelos poderes de um reino terrestre.

Ao estudar a vida de Salomão, vemos tanto a verdadeira grandeza quanto o trágico fracasso de nossa própria humanidade — desde a devoção piedosa até os excessos do egoísmo. Mesmo em nossas melhores intenções, todos somos propensos a sucumbir às mesmas tentações provocadas por dinheiro, sexo e poder. Mas, se nem mesmo a incrível sabedoria de Salomão pôde impedi-lo de erros tão trágicos, como podemos triunfar sobre esses mesmos impulsos pecaminosos?

Neste estudo rico e centrado em Cristo sobre a vida de Salomão, Philip Ryken mostra como a graça de Deus nos ajuda a resistir e a buscar a glória de Deus em meio às tentações.

Com guia de estudo ao final de cada capítulo.

Publicado por Vida Nova.

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