O Evangelho como história do mundo | John Ensor

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Deus criou o mundo para o propósito do evangelho do Filho de Deus. “… tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16). A história é como uma tela para Cristo. Os acontecimentos da história são as pinceladas, as camadas de cores e texturas através das quais a glória de Deus, na face de Cristo, aparece de forma gradual e é ampliada por todo o mundo (por mais lentamente que possa parecer acontecer em nossa perspectiva limitada).

Deus revelou a Abraão os contornos de seu plano de redenção em Cristo para o mundo:

E farei de ti uma grande nação, te abençoarei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei quem te amaldiçoar; e todas as famílias da terra serão abençoadas por meio de ti (Gn 12.2,3).

Enquanto a história se desenrola de inúmeras formas, sempre conectada por completo à promessa de Deus feita a Abraão, a Bíblia registra essa história no que ela se relaciona mais diretamente com essa promessa. Assim, aprendemos nas Escrituras como a nação de Israel foi estabelecida: o povo está escravizado no Egito, e depois de 400 anos de cativeiro Deus lhe envia um salvador, Moisés, que o livra de sua miséria e o leva à terra prometida, onde Deus habita em seu meio como líder soberano. O imperativo moral implícito na promessa de Deus aos israelitas se repete a cada geração: “Confie nele e tudo sairá bem”.

Essa história de Israel prepara a história maior que ainda está por acontecer em sua plenitude: a libertação, por um grande Salvador, da escravidão do pecado e da morte, um Salvador que levará seu povo à terra prometida, ao novo céu e à nova terra, onde ele próprio vive e reina entre seu povo, para alegria deles.

Muitos séculos depois que essa história de redenção começou a se desenrolar, Davi ora pedindo o favor de Deus sobre Israel, para que a nação possa vir a ser uma bênção de salvação para todos os povos.

Que Deus se compadeça de nós e nos abençoe; e faça resplandecer seu rosto sobre nós, para que se conheçam seu caminho na terra e sua salvação entre todas as nações. Louvem-te os povos, ó Deus, louvem-te todos os povos. Alegrem-se e regozijem- se as nações, pois julgas os povos com equidade e guias as nações sobre a terra. Louvem-te os povos, ó Deus, louvem-te todos os povos (Sl 67.1-5).

Mas Israel abandona a fé em Deus. Eles sofrem por seus pecados e experimentam os justos juízos do Senhor. No entanto, por causa de sua própria promessa, Deus não destrói Israel completamente. À medida que se aproxima o fim do Antigo Testamento, e o povo escolhido se vê quebrantado, Deus reafirma a promessa que fizera a Abraão: “Mas o meu nome é grande entre as nações, do oriente ao ocidente; e em todo lugar oferecem ao meu nome incenso e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 1.11).

Na plenitude dos tempos, Cristo nasceu. Sua encarnação, vida, morte e ressurreição inauguram o “fim dos tempos”, quando a bênção prometida da redenção se transforma em poder de conversão e transformação, primeiro para o judeu e, em seguida, espalhando-se rapidamente para todos os povos (At 2.17; 1Co 10.11). Assim, Cristo envia seus discípulos a receber o que comprou na cruz: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações […]” (Mt 28.19). No dia do Pentecostes, ele lhes dá seu Espírito e, através desse Espírito, concede uma experiência emblemática do que vai se desdobrar nas gerações posteriores: os discípulos de Cristo seguirão em frente e pessoas de muitas nações ouvirão o evangelho em sua própria língua e se alegrarão nele (At 2.1-11).

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Se o dia de Pentecostes aponta para o início do fim dos tempos (a consumação de todas as coisas), então o cumprimento da Grande Comissão vai marcar o término do fim dos tempos, assim como a promessa feita há muito tempo a Abraão se torna uma realidade viva. É sobre esse fato que o céu se regozija!

E cantavam um cântico novo, dizendo: Tu és digno de tomar o livro e de abrir seus selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação; e os constituíste reino e sacerdotes para nosso Deus; e assim reinarão sobre a terra (Ap 5.9,10).

Portanto, repito: Quando Deus completar a grande obra do evangelho, o que veremos? Veremos a promessa de Abraão cumprida.

Depois dessas coisas, vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e na presença do Cordeiro, todos vestidos com túnicas brancas e segurando palmas nas mãos; e clamavam em alta voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro (Ap 7.9,10).

Então virá o fim do mundo como o conhecemos. Deus aperfeiçoará o estabelecimento de seu reino e completará sua vitória nessa guerra de sangue, ao consumar seu juízo contra Satanás. Esse dia terrível de julgamento é justamente o que leva Satanás a tramar sofrimento sobre o mundo. Satanás está determinado a mirar e a destruir tudo o que torna esse dia mais próximo.

 


Trecho extraído da obra “Sangue inocente: qual o papel do cristão frente à opressão e a violência?”, de John Ensor, publicada por Vida Nova: São Paulo, 2013, p. 110-113. Traduzido por Marcia Pekkala Barrios Medeiros. Publicado no site Cruciforme com permissão.


John Ensor é um líder envolvido no movimento cristão de luta contra o aborto. Através de seu ministério procura oferecer ajuda a gestantes. Atualmente serve como diretor-executivo de iniciativas globais para Heatbeat International, uma organização que presta assistência a mulheres e casais que estão pensando em recorrer ao aborto, a fim de que desistam da ideia e sejam preparados para assumir a paternidade ou para encaminhar a criança à adoção. Ele tem levado esse ministério para a Ásia e outras áreas não alcançadas pelo evangelho.
O derramamento de sangue inocente, principalmente por meio do aborto, tem marcado esta geração. Contudo, o comando divino para defender o inocente continua valendo para hoje.

Nesta obra, o autor trata justamente desse tema tão polêmico e explora uma série de questões que revelam as ligações vitais entre o evangelho de Cristo e o chamado divino para defender o direito à vida de inocentes, mostrando que cabe aos cristãos desafiar corajosamente os poderes da morte com o evangelho da vida.

Publicado por Vida Nova.

 

 

 

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