O que Deus tem a ver com a matemática? | Vern Poythress

Metanoia – Espalhe esperança | Silas Chosen
19/maio/2015
Cristãos de esquerda | Guilherme de Carvalho
03/jun/2015
Metanoia – Espalhe esperança | Silas Chosen
19/maio/2015
Cristãos de esquerda | Guilherme de Carvalho
03/jun/2015

Este é um post de Vern Poythress, professor de interpretação do Novo Testamento no Seminário Teológico de Westminster. Ele é o autor de Redeeming Mathematics: A God-Centered Approach.

O que Deus tem a ver com a matemática? Muitas pessoas diriam: “Nada. Deus e matemática são disciplinas separadas – não há nenhuma relação”.

Eu também cresci pensando dessa forma. Mas eu mudei de ideia. Os dois assuntos têm tudo a ver um com o outro.

Minha História

Posso ilustrar contando a minha história. Quando criança, eu coloquei a minha fé em Cristo, e aos nove anos de idade confessei publicamente a minha fé.

Também tive um amor precoce pela matemática. Esse amor cresceu quando cheguei ao Ensino Médio. Estava preocupado se o meu amor pela matemática era maior do que o meu amor por Deus.

Eu sabia a partir da Bíblia que Deus tinha que estar em primeiro lugar: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda tua mente” (Mateus 22.37). Mas eu era desta maneira? Ou a matemática era meu primeiro amor?

Até anos depois, eu não tinha ninguém para me dizer que os meus dois amores não precisavam competir. O que estimulou o meu amor pela matemática era a beleza e a verdade que refletiam a beleza e a verdade de Deus.

Deus como Criador

Como assim? Temos que começar com o que a Bíblia diz sobre a criação. Deus fez o mundo e tudo que nele há. Ele falou e trouxe o mundo à existência:

“E Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz.” (Gn. 1.3)

“Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e pelo sopro de sua boca todo o seu exército.” (Sl. 33.6)

Ao falar, Deus especificou a natureza de cada coisa criada. Por implicação, ele também forneceu todos os padrões regulares que pertencem ao mundo – padrões em animais, padrões na física, padrões na matemática. O mundo tem um lado quantitativo porque Deus o fez assim. A matemática vem dEle. Ela reflete o Seu discurso. E Seu discurso reflete Seu caráter.

Então, de volta ao colégio, eu deveria ter entendido que eu poderia amar a Deus pelo próprio processo de amar a matemática. Eu só tinha que entender que eu estava desfrutando de sua glória e sabedoria. Isso tem implicações na forma como a matemática deve ser ensinada, não é mesmo?

Podemos tomar novas medidas para compreender formas particulares nas quais Deus reflete sua glória na matemática.

Três Reinos em Harmonia por causa de Deus

Em primeiro lugar, Deus reflete Sua glória na harmonia de três reinos principais envolvidos na matemática. Os três reinos são: (a) o mundo que nos rodeia, (b) nossas próprias mentes e (c) as verdades da matemática como verdades gerais. Para a matemática fazer sentido e ser confiável, temos que ter uma relação harmoniosa entre os três reinos. Sem o mundo, não há nenhuma aplicação. Sem nossas mentes, não há ninguém para pensar na matemática (bem, ninguém, exceto Deus). Sem as verdades, não há nada para pensar ou para aplicar.

Mas por que estão esses três reinos em harmonia? Os ateus têm dificuldade para dizer. Muitas vezes eles tentam começar com apenas um dos três, fingindo que este é o reino final, e “construir” os outros dois a partir do terceiro. Mas isso realmente não funciona. O mundo tem que estar presente, nossas mentes têm que estar presentes e as verdades têm que estar presentes, mesmo antes de começarmos.

Os três reinos da matemática estão em harmonia porque Deus especificou todos os três. Ele especificou o mundo, falando e trazendo-o à existência. Ele especificou nossas mentes, fazendo-nos à imagem de Deus, para que nós como criaturas, possamos imitar Sua própria mente. Ele especifica as verdades da matemática, porque Ele próprio é a verdade. Os três estão em harmonia, porque todos eles vêm de Deus. E todos dependem dEle o tempo todo.

Unidade e pluralidade graças a Deus

Em segundo lugar, vamos considerar de onde a unidade e a pluralidade vêm. Há um só Deus verdadeiro. Sua unidade é a base para a unidade e harmonia no mundo que Ele fez. É um universo com profunda coerência nas regularidades de matemática, física e outras ciências.

Mas Deus é também três pessoas. A segunda pessoa da Trindade é chamada de “a Palavra” em João 1.1, o que indica que a fala de Deus criando o mundo tem o seu fundamento mais profundo no próprio Deus. Deus pode falar e criar uma pluralidade de criaturas porque pluralidade pertence ao próprio Deus, na pluralidade das pessoas na Trindade.

A matemática só é possível porque há tanto unidade e pluralidade. A matemática é possível porque Deus é Deus, Ele é um em três.

Traduzido por Breno Perdigão e revisado por Maria Gabriela Pileggi.

Este texto foi postado originalmente no blog da Crossway em 17 de fevereiro de 2015. Usado com permissão.

Vern Poythress é professor de Interpretação do Novo Testamento no Westminster Theological Seminary. É também editor do Westminster Theological Journal. Seus amplos interesses permitem-lhe escrever com profundidade teológica em diversas áreas como linguística, matemática, ciência e sociologia. Poythress juntou-se à Westminster faculty em 1976 e também serviu como instrutor no Summer Institute of Linguistics.
teologia-sinfonicaA verdade de Deus é rica e tem muitas facetas

A Bíblia apresenta a revelação em um conjunto coeso e coerente, mas ela chegou até nós por uma variedade de autores inspirados, com diferentes metáforas e temas que ressaltam as diversas facetas da verdade de Deus. Do mesmo modo, nossas formulações teológicas captam várias ênfases — diferentes “perspectivas” do todo — que nos capacitam, de forma coletiva, a alcançar um entendimento pleno da verdade.

Ao defender a validade de múltiplas perspectivas, Vern Poythress apresenta a seguinte explicação: “Usamos o que descobrimos em uma perspectiva para reforçar, corrigir ou melhorar o que entendemos por meio de outra. Chamo esse procedimento teologia sinfônica, porque é análogo à combinação de vários instrumentos musicais para expressar as variações de um tema sinfônico”. Essa abordagem tem profundas implicações para a teologia e a práxis.

Publicado por Editora Vida Nova.

 

2 Comments

  1. Jaqueline disse:

    Ótimo

  2. felipe disse:

    já ouviu falar do teorema da incompletude de godel?
    Seu texto me trouxe fatos curiosos a mente e acredito que irão instiga-lo também.
    Como o fato do hidrogênio. Matéria abundante e central para formação de estrelas 
    que, por sua vez são causa de toda a complexidade da vida na terra. Esse mesmo e o elemento menos denso do universo e vem em 3 “versões”. Com um elétron e um próton ou um elétron, um próton e um nêutron ou um eletron um proton e dois neutros. Depois descobrimos que o próton e o neutron e formado por 3 quarks cada.  Mais uma instância da trindade divina? 
    Sera deus um fractal matemático multidimensional?rs

Deixe uma resposta