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Foto de Tom Dahm em Unsplash

Esperei minha vida inteira para ler O Senhor dos Anéis aos meus filhos. Ontem à noite, chegamos à minha cena favorita em que a escudeira Éowyn confronta o Rei-bruxo de Angmar: um agente do mal aterrorizante diante do qual todos fogem, exceto ela.

Quando Éowyn desafia este Rei morto-vivo, ele zomba dela com as palavras de uma profecia: “Tu és tolo! Nenhum homem mortal pode me impedir!” Mas Éowyn, que foi para a batalha disfarçada, ri da fala. Ela tira o capacete, seu cabelo se solta, e diz: “Mas não sou um homem mortal”. E mata seu inimigo. O que parecia uma promessa de vitória para o inimigo apenas profetizou a derrota.

Depois de ter trabalhado por nove anos com professores cristãos nas principais universidades seculares, acredito que estamos à beira de uma revelação semelhante. Se olharmos além do Ocidente secularizado, que profetiza o fim do cristianismo, e vermos o cenário global, descobriremos que o cristianismo está prosperando e crescendo, enquanto o número de pessoas sem afiliação religiosa está diminuindo. Se olharmos mais de perto cada aparente obstáculo para a fé (como os três exemplos abaixo), veremos que eles acabam sendo indicadores para Cristo.

1. Diversidade

O cristianismo é uma fé exclusivista. Afirmamos que Jesus é o Senhor, independentemente de raça, lugar ou cultura. Mas, em vez de lutar contra a diversidade, como muitos presumem, o cristianismo é o maior movimento pela diversidade em toda a história. Jesus rompeu as barreiras raciais e culturais de sua época (Jo 4.5–29) e ordenou a seus seguidores que “fizessem discípulos de todas as nações” (Mt 28.19). Dois mil anos depois, o cristianismo não apenas é a maior cosmovisão global (e espera-se que continue sendo), mas também a cosmovisão mais mista em termos raciais e culturais.

Certamente, os cristãos pecaram repetidas vezes a esse respeito e transformaram o amor que perpassa as diferenças (ao qual Cristo nos chama) em ódio, racismo e xenofobia. Contudo, os textos do Novo Testamento e a igreja global são os dois maiores pontos de encontro para a diversidade em toda a história. Na verdade, longe de eliminar a diversidade, o cristianismo insiste nela.

2. Ciência

O cristianismo proclama um Deus Criador todo-poderoso. Mas, longe de nos opor à ciência, essa crença nos alinha com as próprias origens do método científico moderno.

Os primeiros cientistas empíricos acreditavam que o Deus que criou o universo é racional, e então estabeleceram a hipótese de que ele construiu o universo de acordo com leis racionais. Mas eles também acreditavam que Deus é livre. Assim, a única maneira de descobrir quais são essas leis é observando. Essas duas crenças estabeleceram o fundamento para a ciência empírica, o projeto (nas palavras do antigo astrônomo Johannes Kepler) de “pensar os pensamentos de Deus depois dele”.

Certamente, a ciência pode suscitar questões teológicas complexas, mas os cristãos estiveram na vanguarda da ciência desde o início e, hoje, existem cristãos na vanguarda de todos os campos científicos que se pensa terem desacreditado do cristianismo. Em vez de ceder a ciência ao ateísmo, devemos ficar maravilhados em descobrir mais coisas sobre o mundo de Deus — não porque não acreditamos em um Criador, mas precisamente porque acreditamos (Ap 4.11).

3. Sexualidade

Acreditar que o sexo pertence apenas ao casamento entre um homem e uma mulher nos coloca em conflito com amigos descrentes. Na verdade, podemos ser acusados ​​de discurso de ódio e fanatismo. Em vez de ser uma minúscula vela no vento da moralidade progressista, entretanto, a ética sexual bíblica é bem apoiada pelos dados acerca do florescimento humano.

Para as mulheres em particular, o aumento do número de parceiros sexuais se correlaciona com mais tristeza, depressão e ideação suicida; para ambos os sexos, o casamento estável é mensuravelmente bom para a saúde mental e física. Pessoas casadas fazem mais e melhor sexo do que seus pares solteiros, e o número de parceiros sexuais que maximizou a felicidade no ano passado acaba sendo um!

Quando se trata de sexualidade do mesmo sexo, estamos totalmente em desacordo com nossa cultura imediata. Contudo, nessa área o cristianismo também possui mais recursos do que muitos pensam. Alguns dos primeiros cristãos sentiam atração pelo mesmo sexo e vieram a Cristo com histórias homossexuais (1Co 6.9-11). O mesmo é verdade para a igreja hoje, à medida que um número crescente de cristãos que sentem atração pelo mesmo sexo está defendendo a ética sexual bíblica em uma plataforma custosa de sacrifício pessoal.

A Bíblia nos chama a estabelecer limites firmes em torno do sexo. Mas não se trata de barreiras odiosas projetadas para manter as pessoas afastadas dele. Em vez disso, são marcas no campo de jogo da vida humana projetadas para criar espaço para diferentes tipos de amor, cada um refletindo um aspecto diferente do amor de Deus. À luz disso, a Bíblia nos chama a um modelo particular de casamento, a uma visão elevada da condição de solteiro e a uma profunda intimidade nas amizades, onde somos irmãos e irmãs (Mt 12.50), um corpo (Rm 12.5), “unidos em amor” (Cl 2.2) e companheiros de lutas (Fp 2.25). Na verdade, Paulo chama seu amigo Onésimo de seu “próprio coração” (Fm 12) e diz aos tessalonicenses que ele estava entre eles “como uma mãe que cuida de seus próprios filhos” (1Ts 2.7).

Na verdadeira comunidade cristã, ninguém é deixado de lado. Portanto, nossa resposta ao mantra secular “Amor é amor” não precisa ser hostilidade ou defesa. Em vez disso, pode ser a afirmação radical de nosso único Salvador: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida pelos seus amigos” (Jo 15.13).

A resposta definitiva

Na área da sexualidade, como em todas as outras áreas da apologética, Jesus está no centro da resposta. Acreditamos que o casamento é entre um homem e uma mulher para a vida toda porque é um modelo do amor de Cristo por sua igreja (Ef 5.22-33). Acreditamos que o método científico funciona porque o universo é sustentado pela palavra todo-poderosa de Deus (Hb 1.3). Acreditamos no amor que perpassa a diferença racial e cultural porque um dia pessoas de todas as tribos, línguas e nações adorarão a Jesus em comunhão (Ap 7.9–10).

Assim como a revelação de Éowyn sobre seu sexo significou a morte do Rei-bruxo de Angmar, sempre que olhamos mais de perto os supostos obstáculos para a fé, eles nos apontam para Cristo. Portanto, não vamos soar a trombeta de recuada. Em vez disso, vamos nos armar com amor, oração e humildade — e com os melhores insights que podemos obter do mundo de Deus por meio de um estudo cuidadoso — e vamos encontrar nossos amigos descrentes na condição em que se encontram.

O amor de Cristo nos obriga a acolher as perguntas mais difíceis, sabendo que sua verdade certamente vencerá.

Traduzido e revisado por Jonathan Silveira.

Texto original: “A New Dawn for Apologetics”. Rebecca McLaughlin.

Rebecca McLaughlin é PhD pela Cambridge University e graduada pelo Oak Hill Seminary em Londres. É articulista no The Gospel Coalition e é autora do livro "Confronting Christianity". Visite seu site: rebeccamclaughlin.org

1 Comments

  1. Dai disse:

    Excelente!

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