Familiarizar-se com as línguas originais da Bíblia pode trazer-lhe grandes benefícios — e talvez seja mais fácil do que você imagina.
Em décadas recentes, o Reino Unido experimentou uma mudança radical no rótulo das embalagens de alimentos. O foco agora está em oferecer informações detalhadas sobre o que estamos consumindo. Atualmente, quase todas as embalagens de alimentos possuem as informações cientificas que lhe são inerentes, o que demanda, portanto, do consumidor um certo nível de conhecimento a respeito de assuntos como: calorias, teor de açúcar, sal e outros componentes.
A quantidade de carboidrato ou de cafeína são elementos que fazem parte das discussões, e, o afastamento desses assuntos não é mais uma opção, até porque, em particular, nenhum pai que preze por sua saúde evitaria ler as informações dos rótulos. Diante desse cenário, também pode-se acrescentar àquelas pessoas que, com suas compreensões limitadas sobre nutrição, buscam convencer os seus ouvintes a seguirem uma dieta maluca, isto é, sem fundamentação cientifica. Porém, geralmente essas pessoas fracassam porque a maioria da população, atualmente, já possui um certo nível de conhecimento da matéria, e também existem diversos especialistas de confiança para consultar. Com isso, no panorama geral, ter mais informações — mesmo que seja de cunho mais acadêmico — elevou a compreensão social sobre o assunto.
Com isso em mente, o que aconteceria se aplicássemos essa experiência, dos rótulos, ao nosso aprendizado dos idiomas originais da Bíblia? Em nossos dias já existem diversos aplicativos, sites e cursos que visam ensinar o grego koiné e o hebraico do Antigo Testamento. No entanto, pensando em um público mais amplo de cristãos, o estudo tende a ficar escondido, exceto daqueles que procuram, com muita determinação, por eles. O que aconteceria se o conhecimento do grego bíblico fosse algo difícil — como acontece, por exemplo, com os elementos da nutrição — de se evitar? Ou seja, se em vez de o alfabeto hebraico ser algo pelo qual devêssemos procurar em algum livro especial, ele estivesse impresso em algum lugar das nossas Bíblias? E se os autores cristãos, mais influentes, começassem a imprimir o texto grego nos milhões de livros cristãos que são vendidos atualmente? E se o hebraico e o grego estivessem disponíveis nas Bíblias dos bancos da igreja? E, por que não, nas Bíblias infantis?
O ponto central é iniciar com o desejo. Isto é, será que os cristãos das igrejas realmente querem se envolver com os detalhes da Bíblia? A escassez do ensino das línguas originais nas igrejas parece sugerir que não há demanda de irmãos e irmãs interessados em aprender. Porém, diante deste resultado é importante responder a seguinte pergunta: os cristãos não estão dispostos porque nunca lhes foi dado a oportunidade, ou, é porque eles sentem que esse tipo de aprendizado está num nível acima das suas capacidades? O fato é que, assim como as informações dos rótulos encontram-se acessíveis ao consumidor comum, talvez, se as línguas originais estivessem à disposição dos cristãos, ou, se eles tivessem mais oportunidades para aprendê-las, a igreja perceberia o quão enriquecedor é ter esse conhecimento e o quão útil ele seria para a sua fé.
Se os cristãos são apaixonados pela Palavra de Deus, então eles deveriam se preocupar com a qualidade da informação que recebem sobre ela. Eles deveriam também desejar por um encontro cada vez mais próximo com ela. Isso significa que, se pudessem, eles desejariam extrair do idioma original o seu significado.
Com isso, talvez seja a hora de pensarmos sobre o que não se fala no dia a dia. Isto é, de que as línguas originais compõem aquilo que a igreja cristã herdou e a familiaridade com elas deveriam ser algo normal dentro da igreja
Portanto, se isso não for o suficiente para motivá-lo a aprender, veja, a seguir, alguns benefícios que você deveria aproveitar, a fim de conhecer as línguas bíblicas em seus diversos níveis.
Várias objeções podem ser feitas contra o aprendizado dos idiomas originais da Bíblia. Aqui estão algumas respostas a elas:
Peter J. Williams (PhD, University of Cambridge) é diretor geral e CEO da Tyndale House, Cambridge, um dos principais institutos de pesquisa bíblica do mundo. Foi professor sênior de Novo Testamento na University of Aberdeen, Escócia. É presidente do International Greek New Testament Project e membro do Comitê de Supervisão de Tradução da versão inglesa da Bíblia English Standard Version (ESV). |
Texto original: A little Greek goes a long way Tyndale House Cambridge. Traduzido por Gedimar Junior e publicado no site Cruciforme com permissão. |