9 perspectivas a respeito da relação do homem com Deus | Manuel Alexandre Júnior

Por que temos de interpretar a Bíblia? | Grant R. Osborne
12/set/2024
Michelangelo, Public domain, via Wikimedia Commons

Michelangelo, Public domain, via Wikimedia Commons

O homem é uma criatura de Deus  

Não é o resultado de qualquer acidente cósmico, como insinuaria Bertrand Russell. A Bíblia ensina que o homem é o produto do amor, da vontade e da sabedoria divinas. Criado por Deus, o homem é livre, mas não independente. Está sujeito à soberania de seu Criador e é responsável perante ele na condição de sua criatura. A sua liberdade torna-o responsável por seus atos. 

 

O homem é a imagem de Deus  

Depende de Deus para a sua existência; pois sendo Deus o ser necessário, todas as coisas criadas são contingentes e não necessárias. De toda a criação, o homem ocupa uma posição singular porque foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27). 

 

O homem tem a capacidade de responder a Deus em obediência, fé e amor  

Tem a sua própria medida de liberdade, de liberdade de escolha e de autodeterminação. Pensa, sente, quer, ama. É uma pessoa, tem um valor e uma dignidade que nenhuma outra criatura possui. Valor, sim, porque é imagem de Deus, dialoga com Deus. Tem muito mais valor que as flores (Mt 6.28), muito mais valor que as aves (Mt 10.30,31), infinitamente muito mais valor que uma ovelha (Mt 12.12). Qualquer ser humano tem um valor superior ao mundo inteiro (Mt 16.26). Constatado um incêndio em uma sala em que há uma estátua de alto valor e quadros que são preciosíssimas obras de arte e uma criança; Qual é o mais importante? Só a criança tem a capacidade de pensar, de criar, de responder, pois é imagem de Deus. Ela é o mais importante. 

 

O homem é a vergonha de Deus  

Quis fazer-se igual a Deus, tomar o lugar de Deus, não glorificar a Deus. Por isso se tornou a vergonha de Deus; vergonha que o entristece e magoa profunda e infinitamente; vergonha que, mesmo assim, provocou o gesto de amor mais inenarrável e inexcedível que se possa pensar, ao enviar ele o seu Filho unigênito ao mundo para, pelo vitupério, pelo escárnio, pela vergonha da cruz, a todos os homens oferecer de graça uma tão grande e eterna salvação. 

 

O homem é o problema de Deus  

Deus deveria condenar o homem pecador? Mas, como poderia perdoá-lo se é um Deus santo? Como não poderia perdoá-lo, se Deus é amor? Sim, como iria Deus resolver este gravíssimo problema? A resposta está em Romanos 3, especificamente no versículo 26. Deus deve ser justo e ao mesmo tempo justificador (justiça e amor) daquele que tem fé em Jesus. Por isso, resolveu este problema com a cruz, dando-se a si mesmo por nós. 

 

O homem pode ser filho de Deus  

É seu filho por natureza, porque é obra das suas mãos. Pode também ser seu filho pela graça: nascido de novo pela maravilhosa graça de Jesus (“Mas a todos que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de se tornarem filhos de Deus”, Jo 1.12) e adotado na família de Deus (“[recebestes] o Espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus”, Rm 8.15,16). 

 

O homem pode ser colaborador de Deus  

O homem pode colaborar com Deus (1Co 3.9) no testemunho, na fé, na evangelização, e também no aconselhamento: (1) seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Conselheiro maravilhoso (Is 9.6), o nosso defensor, advogado e Conselheiro (1Jo 2.1); (2) sendo instrumento nas mãos do Espírito Santo, que é o Conselheiro para sempre conosco (Jo 14.10), o Conselheiro que nos ensina todas as coisas (Jo 14.26), o Conselheiro que nos dá testemunho do Pai (Jo 15.26), o Conselheiro que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7,8), o Conselheiro que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13), o Conselheiro, enfim, que glorifica o Senhor Jesus e ao mundo o anuncia (Jo 16.14). 

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O homem pode tornar-se amigo de Deus  

Abraão foi amigo de Deus (2Cr 20.7). “E o Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com seu amigo” (Êx 33.11). “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi atribuído como justiça, e ele foi chamado amigo de Deus” (Tg 2.23). Disse o Senhor Jesus: “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que vos mando. Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que o seu senhor faz; mas eu vos chamo amigos, pois vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai” (Jo 15.14,15). 

 

O homem pode ser a glória de Deus  

Como pecador, o homem é a vergonha de Deus; mas, uma vez salvo, pode glorificá-lo para todo o sempre. “Tu o fizeste um pouco menor que os anjos e o coroaste de glória e honra” (Sl 8.5; Hb 2.7). 

Trecho extraído e adaptado da obra: Aconselhamento bíblico, do autor Manuel Alexandre Júnior publicado por Edições Vida Nova: São Paulo, 2016, p. 29-31 . Publicado no site Cruciforme com permissão.

Manuel Alexandre Júnior é doutor em Letras (Literatura Grega) pela Universidade de Lisboa e Mestre em Divindades pelo Seminário de Denver, Colorado, EUA, diretor emérito e professor de Novo Testamento no Seminário Teológico Baptista em Queluz e professor catedrático jubilado e pesquisador da Universidade de Lisboa. Foi professor associado extraordinário de Teologia Reformada na Faculdade de Teologia da North-West University, África do Sul, e de extensão de pós-graduação no Instituto Bíblico Português por vários anos. Ensinou teoria da literatura, línguas e literaturas clássicas; língua, hermenêutica, exegese e teologia bíblicas do Novo Testamento. Recebeu prêmios de mérito e excelência em cultura bíblica, educação teológica, tradução técnica e científica da Retórica de Aristóteles, e de livro na categoria de aconselhamento bíblico. Integrou a equipe de tradução/revisão de “A Bíblia para todos”.

Sua pesquisa centra-se hoje nos estudos bíblicos do Novo Testamento e na obra de Fílon de Alexandria como intérprete das Escrituras. É pastor emérito da Igreja Evangélica Baptista da Amadora e autor de Aconselhamento bíblico: para uma vida de plenitude e harmonia e Exegese do Novo Testamento, publicados por Vida Nova.
O modelo de aconselhamento bíblico proposto nessa obra tem por objetivo: encorajar a igreja local e seus membros, a começar pelos líderes espirituais, a assumir, como verdadeiros “médicos de almas”, a plenitude de sua missão como comunidade terapêutica; promover na igreja local o exercício dos dons espirituais para um serviço comunitário mais solidário e eficaz, tanto no cultivo de relacionamentos saudáveis quanto na administração saudável das emoções que acompanham os mais diversos quadros de enfermidades e disfunções mentais.

Aconselhamento Bíblico tem como propósito contribuir para uma vida de plenitude e harmonia, palavras que refletem bem a razão de ser dessa obra, pois sugerem percursos de sucesso espiritual, a despeito dos problemas e contradições da vida, e apontam para patamares crescentes de vitória interior, relacional e espiritual.

Publicado por Vida Nova.

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