10 livros de Edições Vida Nova que todo cristão deve ler | Jonathan Silveira

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18/mar/2019
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Fundada na década de 1950, Edições Vida Nova é conhecida pela excelência de suas obras e por seu zelo teológico. Com mais de 400 publicações, seu catálogo é variado e bastante amplo, sendo rico em obras acadêmicas (teologias sistemáticas, panoramas do Antigo e Novo Testamentos, dicionários, léxicos etc.) bem como em obras de vida cristã e para a igreja em geral.

Diante de tanta literatura cristã de qualidade, selecionar os melhores livros publicados por Vida Nova é certamente uma tarefa bastante difícil. Ainda assim, gostaria de compartilhar quais foram os livros mais especiais que contribuíram de maneira significativa para minha vida cristã (uma exceção ao último livro que ainda não li). Na minha opinião, todos os cristãos deveriam ler esses livros.

1. Em busca de Deus – John Piper

Publicado por Shedd Publicações (Edições Vida Nova distribui), Em busca de Deus, de John Piper, sem dúvida, é seu livro mais importante – não é à toa que o ministério do pastor John Piper carrega o mesmo nome do título original do livro: Desiring God.

Nessa obra clássica da literatura cristã, Piper consagra sua famosa ideia de hedonismo cristão, utilizando Jonathan Edwards e C. S. Lewis como base de seu pensamento. E declara: “Deus é mais glorificado quando estamos mais satisfeitos nele”.

“Pense nisso: considerando o infinito poder, sabedoria e beleza de Deus, o que seu amor ao ser humano envolveria? Ou, em outras palavras: o que Deus poderia dar para o nosso prazer que provaria que é extremamente amoroso? Há apenas uma resposta possível: ele mesmo! Se ele nos priva da contemplação dele e da sua comunhão, não importa o que mais ele nos dê, não estará amando.” (Em busca de Deus, p. 35)

2. Você é Aquilo que Ama – James K. A. Smith

Somos aquilo que amamos, mas pode ser que não amemos o que pensamos que amamos. Por quê? Porque, segundo James K. A. Smith em Você é Aquilo que Ama, nossas crenças intelectuais, por si só, não revelam nossos amores, mas sim os nossos hábitos – que podem ou não corresponder àquilo que dizemos crer.

Somos criaturas eminentemente litúrgicas que estão em busca do eterno. Nosso coração é como uma bússola que está frequentemente direcionada para o lugar errado, buscando destinos que não levam à plena satisfação. Esses destinos, sim, revelam nossos amores.

“Como nosso coração foi criado para encontrar seu fim em Deus, experimentaremos uma ansiedade aflitiva e um desassossego quando tentarmos amar algo que não seja Deus. Ser humano é ter um coração. É impossível não amar. Logo, a questão não é se você amará algo acima de tudo, mas o que você amará acima de tudo. E você é aquilo que ama.” (Você é aquilo que ama, p. 30)

3. Em Guarda – William Lane Craig

William Lane Craig, sem dúvida, é um dos maiores apologistas de nosso tempo. Com sua argumentação precisa e arguta, Craig nos brinda com um livro clássico de apologética, tratando dos principais temas sobre o assunto, tais como argumentos para a existência de Deus, o problema do mal, a divindade de Cristo, a confiabilidade história do Novo Testamento e evidências da ressurreição de Jesus. Em Guarda é um manual simplesmente indispensável de apologética.

“Se Deus não existir, tanto o homem quanto o universo estão inevitavelmente fadados à morte. O homem, como todos os demais organismos biológicos, deve morrer um dia. Sem a esperança da imortalidade, a vida humana caminha apenas para a cova. A vida humana não passa de uma faísca na escuridão infinita, uma faísca que aparece, emite uma trêmula chama e se extingue para sempre.” (Em guarda, p. 33).

4. Ciência, Religião e Naturalismo: Onde Está o Conflito? – Alvin Plantinga

Laureado com o prêmio Templeton em 2017, Alvin Plantinga é, sem dúvida, um dos maiores filósofos cristãos da atualidade. Em Ciência, Religião e Naturalismo, Plantinga desenvolve um argumento elegante e sofisticado contra o suposto conflito existente entre ciência e religião. Ao contrário do que é propagado pelo neoateísmo e pela mídia mainstream, o verdadeiro conflito não se concentra entre ciência e religião, mas sim entre ciência e naturalismo (que não é ciência, mas sim um ponto de vista filosófico). De modo bastante irônico, Plantinga se vale do argumento evolucionário como sua matéria-prima para colocar em xeque o próprio naturalismo. Um livraço que precisa ser estudado sem moderação.

“A mais influente fonte de conflito é a que diz respeito à doutrina cristã da Criação e, em particular, com a tese de que Deus criou os seres humanos à sua imagem. Para tanto, é preciso que Deus tenha tido a intenção de criar seres de determinado tipo – seres racionais, dotados de um sentido moral e da capacidade de conhecê-lo e amá-lo – e depois tenha agido para efetivar essa intenção. Está claro que essa tese é compatível com a evolução (Terra antiga, a tese do progresso, descendência com modificação, ancestralidade comum), como têm assinalado os teólogos cristãos conservadores desde 1871. Foi assim que Charles Hodge, por exemplo, renomado teólogo de Princeton, falou sobre o design ou plano de desígnio das plantas e dos animais: ‘Se Deus os fez, no que se refere à questão do design, pouco importa como os tenha feito – de uma vez ou mediante um processo de evolução’. […] O que não é compatível com a crença cristã, no entanto, é a tese de que esse processo de evolução não é dirigido – de que nenhum agente pessoal, nem mesmo Deus, dirigiu, guiou, orquestrou ou moldou esse processo.” (Ciência, religião e naturalismo: onde está o conflito?, p. 25-26).

5. Autoridade Bíblica Pós-Reforma – Kevin Vanhoozer

A Reforma Protestante teria sido a responsável pelos males modernos, como o secularismo, o ceticismo e o cisma? Ler e interpretar a Bíblia por conta própria não seria algo perigoso? Será que o Protestantismo desencadeou um pluralismo interpretativo generalizado? E o que dizer das divisões e das inúmeras denominações protestantes? Em Autoridade Bíblica Pós-Reforma, Vanhoozer nos apresenta uma incrível apologética protestante, destacando que a Reforma fez um esforço para resgatar o evangelho, bem como os ensinamentos dos pais da igreja sobre as Escrituras. Vanhoozer propõe uma teologia de resgate protestante recorrendo aos solas protestantes para lidar com o pluralismo interpretativo e revitalizar o presente.

“Há um só evangelho (Gl 1.6,7), mas quatro Evangelhos, assim como há um só entendimento cristão protestante puro e simples da história do evangelho, mas várias interpretações denominacionais do seu sentido preciso. Até mesmo os autores do Novo Testamento contam a história de Jesus Cristo de maneiras diferentes e, no entanto, todos contam a história de Jesus. Esse é o sine qua non da teologia cristã.” (Autoridade bíblica pós-reforma, p. 95).

6. Inteligência Humilhada – Jonas Madureira

Como devemos compreender nossa relação com a teologia? Em seu livro Inteligência Humilhada, Jonas Madureira destaca que essa relação não deve ser compreendida a partir do racionalismo ou do fideísmo, mas sim a partir de uma razão que ora e uma fé que pensa. Afinal, como diz Jonas, “a razão não precisa morrer, só precisa dobrar os joelhos”. Submeter nossa inteligência aos pés da cruz de Cristo é a maneira saudável e santa de se buscar o conhecimento adequado de Deus e de louvá-lo mesmo quando não pudermos escrutinar verdades que estão além da competência humana.

“Se você acha que é um conhecedor de Deus apenas porque sabe o que Agostinho pensava sobre Deus, o que Dionísio, o Aeropagita, pensava sobre Deus, o que Guilherme de Occam pensava sobre Deus etc., então o que você sabe é apenas o que os outros pensam sobre Deus. Mas e você? O que você pensa sobre Deus a partir de sua experiência com ele e as Escrituras?” (Inteligência humilhada, p. 53).

7. A Cruz do Rei – Timothy Keller

Primeiro livro de Tim Keller publicado por Vida Nova, A Cruz do Rei é uma imersão apaixonante no Evangelho de Marcos. Keller percorre Marcos tratando de duas questões fundamentais da cristologia: a identidade de Jesus e o propósito de Jesus. A obra, escrita em um estilo lewisiano e bastante evangelística, é repleta de grandes insights e certamente fará com que você desenvolva um olhar bastante enriquecedor sobre o Evangelho de Marcos. A Cruz do Rei é Keller em seu melhor.

“Imagine que você esteja caindo de um precipício e percebe que existe um galho que brota na encosta desse precipício. Ele é forte o suficiente para sustentá-lo, mas você não sabe o quão forte ele é. Enquanto está caindo, você só tem tempo para agarrá-lo. Quanta fé você precisa ter nesse galho para que ele salve você? Precisa estar cem por cento certo de que ele pode salvar você? Não, é claro que não. Só precisa ter fé suficiente para agarrá-lo. Isso acontece porque não é a qualidade de sua fé que salva você, mas sim o objeto de sua fé. Não importa como você se sente a respeito do galho; tudo que importa é o galho em si. Jesus é como esse galho.” (A cruz do rei, p. 74).

8. Recomendações aos Jovens Teólogos e Pastores – Helmut Thielicke

Recomendações aos Jovens Téologos e Pastores é um alerta precioso àqueles que estão começando (ou pretendem começar) sua carreira teológica, seja ensinando, escrevendo, pregando, aconselhando. O processo de maturidade teológica e subjugação do orgulho intelectual perpassa a todos aqueles que se dedicam ao estudo formal das Escrituras. Por isso, é necessário paciência, humildade e sabedoria para que a atividade teológica glorifique a Deus. Helmut Thielicke nos desafia e nos confronta em um livro pequeno em tamanho, mas gigante em profundidade.

“Figurativamente falando, o estudo de Teologia muitas vezes produz crianças crescidas cujos órgãos internos ainda não acompanharam o crescimento externo. Isso é característico da adolescência. Existe realmente uma espécie de puberdade teológica. Todo professor sabe que esse é apenas um sinal do crescimento natural, o qual não deve ser motivo de preocupação. As igrejas também precisam entender isso e precisam de que alguém lhes explique essa situação de todas as maneiras possíveis. É um erro colocar à frente da igreja para ensinar alguém que acaba de entrar nesse estágio. Ele já passou da fase de inocência que, como todo jovem, deve ter vivido. Mas ainda não atingiu aquela maturidade em que será capaz de absorver em sua própria vida e reproduzir com a vitalidade de uma fé pessoal as coisas que compreende intelectualmente e que lhe são acessíveis pela reflexão. Precisamos ter paciência e esperar. Por essas razões, não permito sermões de jovens teólogos do primeiro semestre, embrulhados em suas togas como em fraldas. É preciso saber ficar calado. No período em que a voz está mudando não se canta, e nesse período formativo na vida do estudante de Teologia ele também não prega.” (Recomendações aos jovens téologos e pastores, p. 26-27).

9. A Atração por Pessoas do Mesmo Sexo e a Igreja – Ed Shaw

A igreja, de modo geral, tem falhado em questões envolvendo a homossexualidade. Ainda nos falta maior sensibilidade, amor e sabedoria sobre esse assunto. Em A Atração por Pessoas do Mesmo Sexo e a Igreja, Ed Shaw compartilha conosco sua experiência de ser um cristão que sente atração por pessoas do mesmo sexo, apresentando o celibato como uma opção plausível àqueles que se encontram na mesma situação que ele.

“Sei que muitos hoje em dia acreditam ser uma grande tragédia morrer virgem. Eu, porém, espero ter esse fim. Porque sei que não terei perdido nada assaz importante. Porque a Bíblia me ensina que eu terei perdido apenas a breve antecipação que o sexo deve­ria ser da realidade eterna da união perfeita entre Cristo e sua igreja, a qual um dia passarei a experimentar para todo o sempre (Ap 21.1-5). Então, qualquer prazer fugaz de que tiver aberto mão nesse meio-tempo terá mais que valido a pena. Portanto, o celibato é, sim, um modo de vida plausível. Precisamos nos arrepender de ocultar esse fato. E precisamos de mais e mais vidas que demonstrem sua plausibilidade hoje em dia; não apenas para o benefício de cristãos que sentem atração pelo mesmo sexo, como eu, mas também para o benefício de toda a igreja.” (A atração por pessoas do mesmo sexo e a igreja, p. 128-129)

10. Afeições Religiosas – Jonathan Edwards

Confesso ainda não ter lido o grande clássico Afeições Religiosas, de Jonathan Edwards, mas está em minha lista de leituras. O calibre e a importância teológica da obra não podem passar despercebidos por qualquer pessoa que se interessa por teologia. Jonathan Edwards investiga quais são os sinais da verdadeira religião e chega à conclusão de que ela consiste em “afeições santas”. Esse pensamento tem influenciado grandemente diversos teólogos como, por exemplo, John Piper e Gerald McDermott.

“Alguns têm muitas percepções e ideias, a que chamam de ‘revelações divinas’. Essas tais revelações afetam essas pessoas, mas não as convencem. Apesar de, por um breve período, elas se perceberem mais persuadidas da verdade das coisas da religião do que eram antes e talvez manifestarem anuência, como faziam muitos dos ouvintes de Cristo, que creram durante algum tempo, essas pessoas não têm a convicção plena e eficaz, tampouco sofrem mudança substancial e permanente a esse respeito. Não ocorre a transformação que as faz perceber, ao contrário de antes, as coisas grandiosas do evangelho e enxergar e contemplar essas coisas com olhos novos, convictos e certos de sua realidade. Muita gente já se exaltou sobre­maneira com afeições religiosas e acredita ter-se convertido, mas tais pessoas não estão mais convictas da verdade do evangelho do que antes. Pelo menos, essas pessoas não demonstram nenhuma alteração marcante; não vivem sob a influên­cia e o poder da convicção consciente das coisas infinitas e eternas reveladas pelo evangelho. Se tivessem essa consciência, seria impossível viverem como vivem. Uma vez que as afeições desses indivíduos não são acompanhadas da profunda convicção da mente, não se pode confiar nelas nem um pouco, por maior que seja o barulho e o espalhafato que façam. Essas afeições se assemelham ao fogo de palha ou ao crepitar do espinheiro. São como a planta que brota rapidamente em solo pedregoso, mas não tem raízes nem profundidade de terra que lhe sustentem a vida e por isso fenece tão rápido como brotou.” (Afeições religiosas, p. 210)

E para você, quais são os livros publicados por Vida Nova que mais impactaram sua vida? Não deixe de comentar.

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Jonathan Silveira é graduado em Direito pela Universidade São Francisco e mestre em Teologia pelo programa Master of Divinity da Escola de Pastores da Primeira Igreja Batista de Atibaia. É casado com Carrie e pai da Emily.

2 Comments

  1. Ramon Sousa Santos disse:

    O mundo, a carne e o diabo – Russel Shedd
    Louvor e Adoração – Bob Kauflin
    1, 2 e 3 João – John Stott
    As Doutrinas da Graça – James Boice e Philip Ryken
    Encontros com Jesus – Timothy Keller

  2. Vanderlei Rocha disse:

    A Cruz do Rei – Timothy Keller
    Ego transformado – Timothy Keller
    Oração – Tim Keller
    Fé na era do ceticismo – Timothy Keller
    Comentário Bíblico Vida Nova – D.A. Carson
    Seis sermões contra a preguiça – Tiago Cavaco

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