Cinco romances que os cristãos devem ler | Leland Ryken

Cristãos na Babilônia: construindo a paz na cidade dos homens | Luiz Adriano Borges
18/set/2020
Como o discurso transgênero fortalece estereótipos | Nancy Pearcey
25/set/2020
Cristãos na Babilônia: construindo a paz na cidade dos homens | Luiz Adriano Borges
18/set/2020
Como o discurso transgênero fortalece estereótipos | Nancy Pearcey
25/set/2020

O que torna uma obra literária digna de recomendação aos leitores cristãos? Escrevendo 20 anos antes do nascimento de Cristo, o autor romano Horácio legou um duplo critério para determinar o valor de uma obra literária que resistiu ao teste do tempo. A posteridade costuma usar as palavras sabedoria e deleite para captar a ideia de Horácio sobre a função e as recompensas da literatura.

Eu escolho ler e reler obras da literatura com base nesses dois critérios. Às vezes, vou a uma obra de literatura em busca de edificação e fico entretido como um subproduto disso. Outros trabalhos me atraem porque sei que proporcionarão uma experiência de lazer informativa, tendo a edificação como subproduto.

Tendo os dois critérios de edificação e entretenimento (ou diversão) servindo de plataforma, apresento cinco romances que me sinto confortável em recomendar aos leitores cristãos.

1. “Grandes Esperanças”, de Charles Dickens

Grandes Esperanças é meu romance favorito. Leio-o para me divertir e sou edificado ao longo da leitura.

No nível narrativo, a obra contém todos os ingredientes que os seres humanos mais apreciam em uma história – ação, conflito, destreza na descrição de cenários e personagens, bem como suspense. Quando leio um romance, quero ser transportado; e esse romance entrega a mercadoria, transportando-me para a Inglaterra vitoriana. Não conheço melhor introdução à terra e ao povo da Inglaterra do que esse livro. O estilo cintila e o humor é continuamente delicioso.

A visão moral da história é cristã, elevando virtudes como sinceridade (em oposição à pretensão), compaixão, lealdade, contentamento e os prazeres da vida comum

2. “A Letra Escarlate”, de Nathaniel Hawthorne

A Letra Escarlate é um livro que faz parte da identidade da literatura americana. Também é um clássico cristão, mas dificilmente saberíamos, tendo em vista como o livro é mal representado em salas de aula seculares.

A chave para entender essa história de culpa e perdão é encontrada na maneira como Hawthorne coloca três visões de mundo em jogo. Inicialmente, parece que os dois oponentes são o comportamento puritano e a visão de mundo romântica que eleva o sentimento ao seu máximo valor. Nessa disputa, ficamos naturalmente do lado da heroína romântica Hester Prynne. Todavia, à medida que a história se desdobra, uma terceira perspectiva gradualmente se revela. Trata-se da verdadeira cosmovisão puritana ou cristã. A obtenção da salvação pelo reverendo Dimmesdale no penúltimo capítulo é um dos maiores clímax da literatura.

Hawthorne é um mestre do estilo, fazendo com que suas descrições, simbolismos e representações de personagem estejam no topo da lista.

3. “A Morte de Ivan Ilitch”, de Lev Tolstói

Para qualquer leitor que tenha receio de “leitura longa”, esta obra certamente agradará. Na verdade, é uma novela de aproximadamente 90 páginas. Esta é a obra literária que batizou minha imaginação no sentido de me mostrar como uma obra de ficção pode ser completamente cristã. O enredo é a vida e a morte do protagonista, uma figura do homem comum. A vida de Ivan, o narrador nos diz, foi “muito comum e, portanto, a mais terrível”. O retrato dos valores superficiais pelos quais a sociedade de Ivan vive (e pelos quais Ivan vive até que um acidente que muda sua vida o leva à morte) é um espelho da sociedade moderna.

Leia também  O ministério da palavra escrita | Arnoldo Canclini

A morte de Ivan Ilitch compartilha com a Bíblia a capacidade de penetrar no cerne das coisas, e a acusação da vida moderna é incomparável. No final, de maneira semelhante à cena de conversão em A Letra Escarlate, o protagonista consegue a salvação.

4. “The Hammer of God”, de Bo Giertz

The Hammer of God é o melhor romance cristão do qual você nunca ouviu falar. O autor foi um clérigo proeminente na igreja luterana sueca em meados do século XX. O livro é uma trilogia de novelas, mas, como traça a vida na mesma paróquia rural ao longo de três pastores sucessivos, parece um romance contínuo. Cada novela traça a conversão espiritual de um jovem pastor durante seus primeiros dois ou três anos no pastorado. Cada um desses homens chega ao local recém-formados do treinamento teológico e não são cristãos genuínos, mas nominais.

O livro como um todo conta duas histórias – as peregrinações espirituais da “maioridade” dos três jovens ministros e uma história ficcional episódica de uma paróquia rural sueca. De maneira paralela à obra A Morte de Ivan Ilitch, o conteúdo e a perspectiva são retratos evangélicos comoventes das realidades espirituais mais profundas.

5. “O Estrangeiro”, de Albert Camus

Em igualdade de circunstâncias, acredito que a literatura de Sião é mais gratificante do que a literatura da Babilônia. Ainda assim, existem boas razões para ler literatura não cristã, principalmente se pudermos apreciá-las como um hábil desempenho da imaginação.

O Estrangeiro inicialmente chamou minha atenção por aquilo que a obra é mais famosa: a história de alguém que foi condenado por assassinato, não porque atirou em um homem até a morte, mas porque não chorou no funeral de sua mãe. O estilo do livro é continuamente fascinante.

No nível de cosmovisão, este romance é um exemplo clássico de existencialismo, uma visão da vida que devemos compreender por causa de sua presença contínua em nossa cultura. O pano de fundo contra o qual leio este romance é o meu conhecimento de que o autor estava se encaminhando para a fé cristã quando teve uma morte prematura em um acidente de carro.

Deus nos dá lazer

Deus se importa com os romances que lemos? Sim, ele se importa. Ele espera que exerçamos uma boa administração de nosso tempo, o que inclui a compreensão de que o lazer é um chamado cristão no sentido de que Deus o ordena.

Tendo isso como premissa inicial, o que constitui um bom uso do nosso tempo de lazer? Crescimento. O lazer pode tanto nos edificar quanto nos renovar.

Traduzido por Jonathan Silveira.

Texto original: 5 Novels Christians Should Read. The Gospel Coalition.

Leland Ryken é professor emérito de inglês no Wheaton College, onde é professor há 51 anos. Publicou mais de 50 livros, incluindo “The Soul in Paraphrase: A Treasury of Classic Devotional Poems” e “40 Favorite Hymns on the Christian Life: A Closer Look at Their Spiritual and Poetic Meaning”.

2 Comments

  1. Cida disse:

    Excelentes apontamentos ! Meus parabéns e muita gratidão @ ,@?

  2. Pedro H. Lima disse:

    Muito bom!

Deixe uma resposta