Chore, sinta-se péssimo | Kenneth C. Haugk
31/jul/2023Por que a eclesiologia é tão importante | Michael Goheen
31/ago/2023É muito fácil afirmar que certas pessoas têm o dom da apologia, ao passo que outras, não. Embora verdadeira, essa observação é parcial e não vai ao cerne da questão. Alguns cristãos são efetivamente agraciados com esse dom e chamados por Deus para um ministério permanente e formal dedicado à apologética. Em certo sentido, porém, todos os cristãos são chamados a participar desse ministério. Em Filipenses, por exemplo, o apóstolo Paulo podia dizer que havia sido “posto aqui para a defesa do evangelho” (Fp 1.16) e que os cristãos filipenses suportaram e partilharam com ele “na defesa e na confirmação do evangelho” (1.7). O apóstolo Pedro instruiu a igreja toda espalhada pela região a estar “sempre […] preparados para responder” a todos os que pedirem uma razão para sua esperança em Cristo (1Pe 3.15).
Quando o cristão pensa na existência de diferentes dons, ele muitas vezes se detém nos dons explicitamente sobrenaturais que Paulo discutiu em 1Coríntios 12—14. Entretanto, esses capítulos são notáveis por sua natureza excepcional e pelo fato de que a preocupação de Paulo era a de corrigir e de atenuar a importância de tais dons. Embora Deus, sem dúvida alguma, opere de maneiras sobrenaturais entre os cristãos, conforme a vontade do Espírito Santo (1Co 12.11), o modo primordial e rotineiro pelo qual Deus concedeu dons a seu povo no passado, e os concede nos dias de hoje, não é explicitamente sobrenatural. Em vez disso, os principais dons ministeriais de Deus à igreja consistem no uso de habilidades naturais motivadas pelo Espírito e por ele alargadas as quais são santificadas e consagradas ao serviço divino através da fé. Os apóstolos são exemplos notáveis disso: Pedro já era um homem ousado e extrovertido antes de Pentecostes e, portanto, um líder natural. Paulo era um estudante da escola rabínica, conhecedor da Escritura e da cultura grega, e por isso acrescentou ao seu ministério de apóstolo dos gentios muitos dons naturais, prática e experiência.
Vejamos a lista de dons de Paulo dados por Deus aos membros do corpo de Cristo, a igreja, em Romanos 12: profecia, serviço, ensino, exortação (ou encorajamento), contribuição, liderança e demonstração de misericórdia (versículos 6-8). A maioria desses dons (possivelmente todos) não são habilidades que alguns indivíduos têm em abundância e outros não têm de modo algum. Eles são funções que todo cristão espera exercer de acordo com sua habilidade, reconhecendo que algumas pessoas são excepcionalmente bem agraciadas em umas e, outras pessoas, em funções diversas. (A profecia talvez seja uma exceção; deixaremos essa questão de lado aqui.) Certamente, os cristãos devem servir uns aos outros (Gl 5.13), encorajar uns aos outros (1Ts 5.11; Hb 3.13), contribuir uns com os outros (At 20.35) e ser misericordiosos uns com os outros (Mt 5.7; Tg 3.17). A maior parte dos adultos cristãos encontra-se em posições que os levam a liderar ou a ensinar, sejam crianças, jovens adultos, sejam em outros lugares de responsabilidade (cf. Ef 6.4; Tt 2.2,3). Contudo, alguns crentes terão dons especiais para cada uma dessas funções normais da vida cristã.
Assim como há dons diferentes, há tipos diferentes de apologetas. Os dois tipos mais básicos, em se tratando de ministérios regulares que necessitam de apoio da igreja, são os evangelistas e os mestres (cf. Ef 4.11). Alguns apologetas são evangelistas-apologetas cujo ministério está direcionado primordialmente para pessoas de fora da igreja, ao passo que outros são mestres-apologetas cujo ministério está direcionado primordialmente para pessoas de dentro da igreja. Os primeiros tendem de forma natural e esperada a usar argumentos convincentes para os incrédulos, ao passo que os últimos tendem naturalmente para argumentos baseados em pressupostos aceitos como naturais pelos cristãos que ensinam. É claro que todos os apologetas participam de algum tipo de evangelização e de ensino. Estamos falando de ênfases e de vocações especiais.
Com relação aos dons que são funções em Romanos 12, os cristãos têm diferentes pontos fortes aos quais podem recorrer para usar da melhor maneira possível sua apologética. Alguns são mais eficazes quando encorajam outros a usar seus insights apologéticos. Há os que são mais eficazes na comunicação de conceitos apologéticos a outros num cenário de instrução formal (isto é, no ensino). Há ainda os que têm o dom de organizar e de liderar outros na prática da apologética.
Há outras maneiras pelas quais o cristão que pratica a apologética difere dos demais. Contudo, essas diferenças podem ser também encontradas entre os não cristãos.
Trecho extraído e adaptado da obra “Manual de apologética: abordagens integrativas para a defesa da fé cristã”, publicada por Vida Nova: São Paulo, 2023, p 641-643. Traduzido por A. G. Mendes. Publicado no site Cruciforme com permissão.
Kenneth Boa (ThM, Dallas Theological Seminary, PhD, New York University e DPhil, University of Oxford) é presidente do Reflections Ministries e autor de vários livros, entre eles Conformed to his image, Face to face e Augustine to Freud. Também é colaborador especial da The Open Bible e The Leadership Bible. |
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Robert Bowman (M.A., Fuller Theological Seminary, e PhD, South African Theological Seminary) é diretor de pesquisa do Institute for Religious Research e autor de Jehovah’s witnesses, The word-faith controversy e coautor de Putting Jesus in his place: the case for the deity of Christ. |
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Desde que o apóstolo Paulo se dirigiu aos filósofos estoicos e epicuristas em Atenas, a relação da cosmovisão cristã com o mundo não cristão tornou-se um desafio. E apesar da instrução de Pedro para que estejamos sempre preparados para responder a todo que nos pedir a razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15), a maior parte dos cristãos relegou a apologética aos “profissionais” da igreja. Mesmo depois de vinte séculos de experiência acumulada, muitos ainda se sentem despreparados para oferecer uma defesa coerente da fé aos que a questionam, a atacam ou simplesmente querem saber mais a seu respeito. Não precisa ser assim! Kenneth Boa e Robert Bowman reuniram um tesouro de informações acerca do que creem os cristãos e de como apresentar a fé ao mundo incrédulo. Publicado por Vida Nova. |
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