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01/abr/2024Jesus não deixa dúvida quanto ao que veio fazer: ele veio para morrer. E diz isso repetidamente a seus discípulos. Na verdade, até o tempo em que ocorreu o episódio descrito a seguir, que se encontra registrado no Evangelho de Marcos, Jesus já havia previsto sua morte por duas vezes: a primeira delas no capítulo 8 do Evangelho de Marcos, depois de Pedro ter dito “Tu és o Cristo” (v. 29).
E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos líderes religiosos, principais sacerdotes e escribas, fosse morto e depois de três dias ressuscitasse. E ele dizia isso abertamente… (Mc 8.31-32).
E novamente no capítulo 9:
Eles partiram dali e passaram pela Galileia. Mas Jesus não queria que ninguém soubesse disso, pois ensinava a seus discípulos, dizendo-lhes: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e depois de três dias ressuscitará (Mc 9.30-31)
No entanto, caso os discípulos (ou nós mesmos) não tivessem entendido, Jesus repete sua previsão novamente no capítulo 10:
Eles estavam a caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante deles. E, espantados, seguiam-no com medo. De novo, Jesus tomou consigo os Doze e começou a falar-lhes das coisas que deveriam lhe acontecer. Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios; irão zombar dele e cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo. Depois de três dias, ele ressuscitará (Mc 10.32-34)
Desta vez, Jesus nos fornece mais detalhes acerca de sua morte do que anteriormente. Pela primeira vez ele diz que morrerá em Jerusalém e que será rejeitado tanto por judeus quanto por gentios. O capítulo 8 menciona somente os líderes religiosos judeus e o capítulo 9 menciona de forma mais genérica que ele “será entregue nas mãos dos homens”. No capítulo 8, ele havia dito que seria “rejeitado pelos líderes religiosos, principais sacerdotes e escribas”, mas agora revela que eles “o condenarão à morte”. Esse termo jurídico indica que ele seria julgado e executado dentro do sistema de justiça penal. A forma como retrata seus últimos dias também se torna mais gráfica e violenta: “irão zombar dele e cuspir nele, açoitá-lo…”.
Jesus prediz sua morte três vezes em um espaço de apenas três capítulos — ele sabia que sua morte não era secundária, periférica à sua missão. Pelo contrário, era absolutamente central tanto para sua identidade quanto para seu propósito neste mundo. Contudo, o avanço mais importante no capítulo 10 do Evangelho de Marcos é que, pela primeira vez, Jesus conta não apenas que irá morrer, mas por que razão o fará:
Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos (Mc 10.45)
Jesus não veio para ser servido, mas para dar sua vida. Isso o diferencia dos fundadores de quaisquer outras religiões, pois o propósito destes foi viver e ser exemplo, enquanto o propósito de Jesus foi morrer e ser sacrifício.
O fato de Jesus ter usado o verbo veio é um forte indício de que ele já existia antes de nascer: ele veio ao mundo. Ao dizer que “não veio para ser servido”, ele assume que tinha todo o direito de esperar ser honrado e servido quando veio, embora não exercesse esse privilégio.
A última parte da sentença — “para dar a vida em resgate de muitos” — sintetiza a razão pela qual ele tinha que morrer. Jesus veio para ser um sacrifício substitutivo. Algumas versões, como a NVI, trazem a seguinte construção: “para dar a vida em resgate por muitos”. Considere essa pequena preposição, por. Ela é a tradução de um termo grego, anti, que significa “em vez de”, “em lugar de”, “em substituição a”. E o que dizer sobre o termo resgate? Hoje em dia nem mesmo usamos muito essa palavra, exceto no contexto de um sequestro. Mas nessa passagem ela é a tradução de outro termo grego, lutron, que significa “comprar a liberdade de um escravo ou de um prisioneiro”. O resgatador faria um enorme sacrifício em pagamento, algo que estivesse à altura do valor ou que pagasse a dívida do escravo ou do prisioneiro, a fim de obter sua liberdade.
Jesus veio para pagar esse tipo de resgate. Todavia, uma vez que a escravidão com a qual ele lida é de natureza cósmica — ou seja, o mal cósmico —, ela exigia um pagamento cósmico. “Pagarei o resgate que seria impossível para vocês pagarem, e conquistarei sua liberdade”. O pagamento foi a morte de Cristo na cruz.
Timothy Keller nasceu e cresceu na Pensilvânia, com formação acadêmica na Bucknell University, no Gordon-Conwell Theological Seminary e no Westminster Theological Seminary. Ele é pastor da Redeemer Presbyterian Church, em Manhattan. Já esteve na lista de best-sellers do New York Times e escreveu vários livros, entre eles A fé na era do ceticismo, Igreja centrada, A cruz do Rei, Encontros com Jesus, Ego transformado, Justiça generosa, entre outros, todos publicados por Vida Nova. |
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Keller, que alguns já chamaram de “o C. S. Lewis do século 21,” demonstra que Jesus veio a este mundo como rei, mas um rei que teve de carregar um fardo que ninguém jamais suportou. A Cruz do Rei traz um relato da vida de Cristo no Evangelho de Marcos, mas apresentado sob a ótica de Keller. Por meio desse relato, descobrimos o significado cósmico, histórico e pessoal da vida de Jesus, e somos desafiados a reexaminar nosso relacionamento com Deus. A Cruz do Rei é uma obra que pode ser lida tanto por céticos quanto por cristãos — ou seja, ela fala a todos que buscam uma ligação mais estreita com Jesus e o cristianismo. Keller faz uma apresentação inesquecível de Jesus Cristo, que deixará impressões marcantes na vida de cada leitor. |
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