Uma expedição em busca da verdade – Parte 1 | Fábio Mendes
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26/maio/2014Expedição em busca da verdade – Parte 2
Esta é uma série intitulada “Expedição em busca da Verdade”, que tem por objetivo fornecer uma perspectiva racional e filosófica a respeito da existência de Deus e da veracidade do Cristianismo. Clique aqui para conferir todos os textos da série.
A primeira parte de minha jornada em busca da verdade envolvia duas perguntas fundamentais que me dariam a direção e até mesmo a motivação para enfrentar essa aventura: 1) Vale a pena descobrir essa verdade? 2) Essa verdade é objetiva? Isto é, se aplica a todos da mesma forma?
A primeira pergunta precisa ser respondida, pois a resposta te dá ou não a motivação de buscar essa verdade mesmo que envolva bastante esforço. Eu gostava de assistir o show “American Idol” onde que pessoas competiam para ver quem sabe cantar melhor. Eu gostava de assistir principalmente o começo do processo de seleção. Embora fosse óbvio que alguns estavam lá somente porque haviam perdido algum tipo de aposta – alguns pareciam que realmente pensavam que sabiam cantar. Eu me lembro de um comentário de uma pessoa que estava completamente surpresa pelo comentário do juiz, “mas minha família e amigos sempre me falaram que eu cantava bem”, falava o cantor frustrado. Eles não acreditavam que estavam ouvindo a verdade pela primeira vez. Ao contrário, eles estavam pensando que estavam escutando uma MENTIRA pela primeira vez. O que pode ser mais triste do que pensar que você está escutando uma MENTIRA pela primeira vez, quando você está na realidade escutando pela primeira vez a VERDADE?
Mas esse incidente me fez pensar. E se, com a ajuda de um monte de pessoas, todos concordassem que essa pessoa podia cantar, mesmo que ela não pudesse? Vamos chamar essa pessoa de Ana. Suponha que Ana fosse completamente desafinada. Ela cresceu gostando de cantar. Ela cantava nas festas, no banheiro e em qualquer outro lugar onde cantar fosse permitido. Amigos próximos e parentes achavam muito engraçado que o fato de ela ser desafinada. Mas, comentários como “Muito bom”, “Bom trabalho!”, “Você cantou muito bem”, faziam parte de sua infância. Ela crescia mais e mais confiante.
Quando ela chegou ao período de sua adolescência, ela continuava apaixonada em cantar. Um pequeno problema permanecia: Ela não sabia cantar! No entanto, parentes e amigos haviam mantido essa mentira por tanto tempo que ninguém tinha coragem de contar-lhe a verdade. Então decidiram que era melhor que ela continuasse a pensar que sabia cantar – afinal de contas, ela era uma garota feliz e se sentia bem cantando. Quem estava sendo prejudicado? Ela era feliz.
À medida que o tempo passou, ela foi para a faculdade. Seus pais decidiram enviá-la para a faculdade onde seu pai tinha muita influência. Ele usou sua influência para garantir que sua filha nunca fosse exposta à verdade. Ela estava contente assim. Por que estragar? E Ana continuava por décadas cantando sem saber que ela realmente não sabia cantar. Ela morreu uma garota feliz, mas nunca sabendo a verdade.
Será que era realmente importante para Ana saber a verdade? Ela havia morrido feliz no final, não? A verdade teria feito com que ela se sentisse pior, não? Sabendo que não sabia cantar? Imagine saber isso, e ainda por cima saber que as outras pessoas sabiam que ela não cantava? Quem iria dizer que saber a verdade nesse caso seria melhor? Seria pior!
A princípio, esta história parecia interessante para mim. Verdade ou felicidade? É melhor viver feliz em uma mentira, ou triste com a verdade? O que pesa mais? Verdade ou felicidade? Se eu tivesse que escolher, o que escolheria? Esse pensamento ficou em minha cabeça por um tempo. Imagine – para ser honesto – felicidade parece ser melhor neste caso. Ana estava feliz toda a sua vida. Ela morreu em paz. Que problema havia a não ser uma mentira vitalícia que Ana nunca soube?
Infelizmente, essa analogia não era suficiente para que eu abandonasse minha crença de que a verdade é importante. Embora a princípio muito convincente – algumas coisas me deixavam incomodado. Primeiro, a história não continha nenhuma consequência séria em relação ao fato de Ana não saber a verdade, a não ser o incômodo da família assistindo Ana se fazer de “boba” de vez em quando. Mas essa história era um bom exemplo da vida real? Eu cri que não. Eu creio que, na maioria das vezes no “mundo real”, não saber a verdade pode acarretar sérias consequências.
Eu suponho que um pensamento melhor seria se Ana tivesse uma doença séria, mas tratável. Seus pais, querendo evitar falar-lhe a verdade, lhe diriam que tudo estava bem, que ela não tinha nada. Essa mentira se espalharia pela família e amigos – a ponto de que ninguém estaria confortável em falar a verdade para ela. À medida que o tempo passava, Ana se sentia pior e pior. Nenhum tratamento foi fornecido – afinal, ela estava “bem”. Quando Ana se sentia doente, seus pais falavam que era uma virose que todo mundo estava pegando. Ana se acostumou com isso e presumia que era normal. “As outras meninas devem sentir o mesmo. É normal”, ela pensava consigo mesma. Ana não conhecia a verdade e vivia a vida sem tratamento para sua doença. Se ela soubesse a verdade, tudo o que teria que fazer seria buscar o tratamento correto e ser curada, mas ela nunca fez isso. Ela nunca soube a verdade. Ela morreu.
O segundo problema que eu tinha com a primeira analogia apresentada era uma pressuposição implícita nela de que tudo termina com a morte, de forma que as ações não requerem qualquer consequência após a morte. A única forma de aceitar isso seria tomar um passo de “fé” em não crer que existe vida após morte. Eu não cria nisso. Se tudo terminasse com a morte, então seria lógico presumir que nossas ações neste mundo só afetam aqueles que continuam vivendo. Se não existe julgamento final, ou um Juiz Supremo, então nossas ações e consequências terminam na sepultura. Eu não acreditava nessa ideia. Além do mais, uma expedição HONESTA em busca da verdade teria que determinar isso como RESULTADO e não como PREMISSA INICIAL. Desta forma, o conhecimento da verdade poderia ser mais do que vida ou morte – poderia ser uma questão de vida eterna ou morte eterna. No mínimo, seria lógico deixar esta opção “na mesa de discussão”. Agora, e se eu estivesse errado? Estar certo ou errado nesta questão não é a mesma coisa como no caso de Ana não saber cantar. Neste caso, parece ser mais semelhante ao fato de Ana não ser comunicada de que tem uma doença grave que tem tratamento e, devido à sua ignorância, sofreria sérias consequências por não saber a verdade.
Se o Cristianismo é verdadeiro, então não crer que Deus existe, não confiar que Jesus é nosso Salvador, nos coloca em uma eternidade longe Daquele que nos criou. Uma eternidade desconectada da fonte da vida. Uma eternidade no inferno. Jesus disse que era o único caminho para Deus. O Cristianismo exclui outras possibilidades de estar na presença de Deus. O Cristianismo afirma que nossa vida eterna está em jogo. Ele afirma que a aposta é grande. Ele afirma que esta vida importa muito, pois há uma vida eterna chegando.
O Islamismo também diz que é verdadeiro. Os muçulmanos creem em um Deus (Alá), assim como o Cristianismo crê em um Deus. Porém, não creem que Jesus é o Salvador, uma vez que nem creem que Jesus morreu na cruz para começo de história. Deus (Alá) é misericordioso e ganhamos sua misericórdia fazendo obras e dependendo da misericórdia de Deus para entrar ou não no paraíso. Aqueles que Alá julgar não apropriados para o céu baseado em sua boas obras, serão enviados para o inferno eternamente. Ou você é um muçulmano com uma chance de ir para paraíso ou um infiel num inferno eterno. O Islamismo também crê que a vida importa bastante, e que há uma vida eterna vindo logo após.
Algumas ramificações do Hinduísmo, por outro lado, creem que existem vários deuses, enquanto outras creem que existem várias formas de se ver Deus representado. Alguns hindus aceitam algumas coisas sobre o Cristianismo, mas não aceitam as propostas cristãs de que há somente um caminho para Deus. Para muitos, podemos crer em vários deuses e nossas ações más passam por vários ciclos de vida onde o carma nos transforma em pessoas melhores. Parece que as consequências do Hinduísmo são menores que as do Cristianismo e do Islamismo. Esta vida conta, mas não tanto, pois há várias formas de se consertar as coisas.
O ateísmo também acarreta consequências. A falta de existência de um ou mais seres supremos ou forças, torna nossa existência um acidente cósmico que poderia não ter acontecido. Isso significa que, dentro do ateísmo, não tem como haver propósito, design ou objetivo em nossa existência. Nenhuma força ou Ser Supremo está direcionando nada. Somos apenas o resultado de leis naturais aleatoriamente criadas através de um processo acidental e não direcionado. O significado na vida não pode ser intrinsecamente encontrado. Neste caso, o significado tem que ser literalmente inventado. Cada um pode inventar seu próprio significado baseado em seus critérios subjetivos. Dentro do pensamento ateísta, eu teria que criar meu próprio conto de fadas para que pudesse encarar o absurdo de uma vida sem um propósito intrínseco.
O agnosticismo, por outro lado, me parece uma fuga intelectual que realmente não resolve o problema, mas simplesmente evita-o. O fato de alguém afirmar que não se pode saber a verdade, não muda em nada as consequências de não se saber a verdade. Se eu fosse cego e surdo e andasse numa rua congestionada e fosse atropelado por um carro, o fato de eu não ter como saber o que está acontecendo em nada muda a verdade sobre o perigo de andar numa rua congestionada. Simplesmente evitar lidar com a questão e não querer buscar a verdade não me fez sentir melhor. O agnosticismo poderia ser uma possibilidade, mas eu só podia aceitá-lo logicamente se eu chegasse a uma “rua sem saída”. Para mim, é como brincar de esconde-esconde em um parque. Eu nunca poderia afirmar que não se pode encontrar alguém no parque, a não ser que eu procurasse pelo parque inteiro e chegasse a esta conclusão, ou tivesse a ideia razoável de que eu não tinha condições de procurar no parque inteiro. O agnosticismo teria que ser uma conclusão lógica de uma busca fracassada e não a premissa inicial.
Saber qual é a verdade não é uma questão trivial. Se o ateísmo fosse verdadeiro, eu teria que inventar um significado de vida que acabaria quando eu morresse. Se o Cristianismo fosse verdadeiro, uma vida eterna estaria em jogo. Se o Islamismo fosse verdadeiro, os cristãos estariam em sérios problemas eternamente. Se o Hinduísmo fosse verdadeiro, teríamos que “tentar a vida” algumas vezes para eventualmente ficarmos bem. Se o agnosticismo fosse verdadeiro, nada importaria, pois não haveria como saber.
Ficou claro para mim que o conhecimento da verdade poderia acarretar sérias consequências. A aposta é grande o suficiente para que eu procurasse racionalmente a verdade. O agnosticismo deveria ser o último recurso – quando todas as opções fossem excluídas. O ateísmo acarretaria a consequência de se viver uma vida de conto de fadas, sem um propósito intrínseco. Desta forma, fazia sentido que eu analisasse as afirmações do Cristianismo, do Islamismo e de outras religiões antes de cair num agnosticismo como forma de fuga. Eu listei todas as grandes religiões que pude e cheguei a mais de cinquenta. Essas cinquenta religiões não podiam ser todas verdadeiras ao mesmo tempo, pois se contradizem entre si. Será que todas estavam erradas?
Como eu havia concluído que a busca da verdade é importante e pode acarretar sérias consequências, eu havia chegado à conclusão de que valeria a pena continuar minha expedição em busca da verdade.
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Fábio Mendes mora na Califórnia, EUA. É bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Bethel, em Minnesota, e MBA em gerenciamento de tecnologia pela University of Phoenix. Atualmente, exerce a função de Arquiteto Sênior de Sistemas para uma seguradora internacional. Membro da igreja Christ Fellowship, em Miami, dedica-se ao pensamento e à filosofia cristã com ênfase para jovens. |
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