Resenha: A Liderança pastoral | Aaron Menikoff

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Cada vez mais, os pastores estão percebendo que serão responsabilizados pelos cristãos de suas igrejas. Timothy Z. Witmer é um entre outros que nos ajudam a redescobrir esse fato bíblico. Witmer é professor de teologia prática no Westminster Theological Seminary e atua como pastor na Crossroads Community Church (PCA) em Upper Darby, Pensilvânia.

Em A Liderança pastoral, Witmer exorta os pastores a trabalharem em favor das suas ovelhas de forma vigorosa e pessoal. A pregação, por si só, não é o suficiente. Em diversos momentos, ele segue os passos de Richard Baxter, que ao escrever The Reformed Pastor [O pastor aprovado] destacou que os pastores não deveriam limitar o seu ministério apenas à pregação e ao ensino. Baxter escreveu:

Se não pudermos fazer tudo, façamos o que pudermos; pois, se negligenciarmos isso, ai de nós e das almas confiadas aos nossos cuidados! Se ao ignorar as demais obrigações e focar apenas na pregação de um sermão convincente nós pensarmos que estamos sendo fiéis, enganando a Deus e ao nosso próximo por meio de uma aparência superficial, nossa recompensa se mostrará tão artificial quanto o nosso trabalho (p. 126-127).

Witmer concorda com Baxter ao dizer:

É o nosso relacionamento restaurado e amoroso com o Senhor que se traduz na transformação de nossos relacionamentos com outras pessoas, especialmente com as que também integram seu rebanho. Para o líder, como subpastor do rebanho, essa dinâmica relacional é crucial para o cuidado efetivo das ovelhas. A descrição geral das responsabilidades dos pastores deve começar, portanto, com a dinâmica de conhecer as ovelhas. (p. 120).

A obra é dividida em três partes. A primeira trata da fundamentação bíblica e teológica que mostra que o contato do pastor com as ovelhas é central para o seu ministério. Isto é, ao cuidarem pessoalmente das ovelhas, os pastores deveriam refletir o cuidado que Deus sempre demonstrou ao seu povo. Por exemplo, ao ler o Novo Testamento, percebe-se que as funções dos presbíteros não eram apenas de tomar decisões, mas sim de atuarem com as tarefas que envolviam o contato direto com os irmãos da igreja (p. 41). Por fim, em uma breve análise da história da igreja, Witmer argumenta sobre a importância dos pastores considerarem como essencial o contato pessoal com as suas ovelhas.

A segunda parte é a essência da obra. Witmer apresenta o que ele chamou de “matriz abrangente para o ministério”. Ou seja, os pastores devem conhecer, alimentar, liderar e proteger as suas ovelhas. Conhecer as ovelhas, segundo ele, significa ser capaz de identificá-los na membresia e de se relacionar com eles de forma mais pessoal. O alimento das ovelhas esta ligado ao trabalho robusto do púlpito e do encorajamento do pastor a respeito do discipulado pessoal. Já liderar as ovelhas significa direcionar as ovelhas por meio de uma visão clara e convincente, como por exemplo, levá-los ao senso da busca pela santidade. Por fim, proteger as ovelhas significa defender a sã doutrina e praticar a disciplina privada e pública da igreja.

Na última parte, Witmer se concentra nos detalhes da vida da igreja. Ele compartilha com os leitores sete exortações: (1) permaneçam fiéis à Palavra, (2) implemente um plano sistémico de pastoreio, (3) certifique-se de que todos os membros estão sendo acompanhados por um presbítero, (4) seja uma pessoa relacional, (5) mantenham sempre a “matriz abrangente” em mente, (6) deixe claro aos pastores que eles devem priorizar o contato com as ovelhas e, (7) esteja sempre em oração por todas as tarefas anteriores.

 

Três razões para ler a obra

A primeira razão é para que a visão bíblica a respeito da liderança plural de presbíteros seja restaurada. Witmer afirma, corretamente, que é impraticável que um único pastor dedique-se ao ministério da palavra ao mesmo tempo em que também deve exercer o contato direto com o rebanho:

Observamos a infinidade de relatos que surgem ano após ano sobre o esgotamento pastoral e o número alarmante de clérigos que deixam completamente a igreja ou o ministério. Não seria um dos fatores a falta de receber a ajuda necessária ao pastoreio do rebanho prescrita pelas Escrituras? (p. 55-56)

A Segunda é para que a visão bíblica a respeito do cuidado da membresia da igreja seja restaurada. Muitas igrejas, atualmente, possuem uma lista tão longa e desatualizada de membros que os pastores não sabem por onde começar o trabalho do cuidado das almas que lhes foram confiados:

A evidência do Novo Testamento indica com clareza que há ovelhas específicas pelas quais pastores específicos são responsáveis. […] os pastores exercem sua autoridade de pastoreio dada por Deus sobre determinados cristãos em um determinado lugar. Esse é o elemento fundamental para conhecer a ovelha em um sentido macro. O pastoreio começa pelo conhecimento de quem integra seu rebanho e o conhecimento das pessoas pelas quais se é responsável. (p. 121).

Por fim, a última é para que a visão bíblica a respeito do cuidado pastoral seja restaurada. A pluralidade de presbíteros não é o suficiente. Saber quem são os membros e onde eles se encontram não é o suficiente. Esses dois primeiros são os meios para o fim que envolve o cuidado pastoral:

Se você tiver alguma dúvida sobre os benefícios de investir tempo em ministrar pessoalmente as Escrituras ao rebanho, considere a seguinte pergunta: “Quando você, cristão, experimentou o maior crescimento?”. Para muitos de nós, isso traz de volta a lembrança dos que investiram a vida em relacionamentos de discipulado conosco. (p. 163).

 

Duas coisas que precisamos ter em mente

Primeiro, ao falar dos presbíteros, Witmer assume a distinção presbiteriana de presbíteros regentes e docentes. Em alguns momentos, seu público inclui aqueles que questionam se o presbitério de governo deve dividir a responsabilidade do pastoreio com a congregação. É evidente que uma congregação batista que é composta por uma pluralidade de presbíteros pode sofrer com um problema semelhante – que é ter presbíteros leigos que deixam as suas responsabilidades para pastores que são assalariados. Portanto, os leitores que não são presbiterianos deverão estar cientes de que, às vezes o autor estará se referindo ao modelo presbiteriano.

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Segundo, Witmer não aborda o significado de uma congregação ser “sacerdócio santo” (1Pedro 2.5). Ou seja, até que ponto os membros individuais da congregação são responsáveis uns pelos outros? Deus sem dúvida ordenou ofícios únicos para a igreja local. Os presbíteros são inquestionavelmente chamados para pastorear o rebanho. No entanto, se somos um “sacerdócio santo”, há também uma indicação clara de que devemos pastorear uns aos outros. Talvez isso seja simplesmente uma diferença de ênfase. Mas também pode enfatizar tanto a responsabilidade da congregação de cuidar de si mesma quanto dos presbíteros em cuidar do rebanho.

A forma em que você enfatizar a ideia do “sacerdócio santo”, impactará a sua compreensão da responsabilidade do pastor. Por exemplo, se a ênfase for dada na necessidade de os presbíteros cuidarem das ovelhas (visão de Witmer), provavelmente há de se esperar que os presbíteros cuidem pessoalmente de todas as suas ovelhas. Se, no entanto, a ênfase estiver na necessidade de cada membro cuidar uns dos outros, provavelmente há de se esperar que os presbíteros garantam que cada membro seja pastoreado. Embora eu tenha a última visão, ainda aprecio a exortação de Witmer de que todo presbítero deve ser ver como um pastor.

 

Conclusão

Por fim, A Liderança pastoral é um guia excelente e prático para pastores e presbíteros ansiosos por levar sua supervisão espiritual a sério. Embora eu gostaria de ter visto uma discussão maior sobre o papel da congregação no pastoreio, isso não diminui o ponto importante de que um presbítero que falha em levar a sério sua responsabilidade de pastorear não é verdadeiramente um presbítero.

 

Texto original: The Shepherd Leader. Traduzido  e publicado no site Cruciforme com permissão.

 

Menikoff (PhD, Seminário Teológico Batista do Sul) é pastor sênior da Igreja Batista Mt. Vernon em Atlanta, Geórgia, e autor de Character Matters: Shepherding in the Fruit of the Spirit (Moody, 2020) e Politics and Piety (Pickwick, 2014).
Os líderes da igreja são chamados a pastorear e não apenas a serem membros de um conselho administrativo. Esse chamado exige um envolvimento profundo e pessoal no ministério pastoral entre o povo. Em A liderança pastoral, Witmer esclarece os quatro principais ministérios dos pastores: conhecer, alimentar, liderar e proteger — tanto no nível macro (abrangendo toda a igreja) quanto no nível micro (pessoal).

No coração do livro, estão os sete elementos essenciais de um ministério pastoral eficiente. Os elementos são apresentados como um conjunto interdependente, que deve ser implementado integralmente para que o plano pastoral seja eficaz. Além de discutir a importância de cada um desses elementos, os capítulos finais exploram as implicações do compromisso de pastorear o rebanho e sugerem meios práticos para a implementação do ministério pastoral. Com este livro, o autor espera ajudar os líderes da igreja a aplicarem os princípios pastorais em seus contextos ministeriais, promovendo um pastoreio mais bíblico e significativo.

 

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