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10/set/2014Expedição em busca da verdade – Parte 10
Esta é uma série intitulada “Expedição em busca da Verdade”, que tem por objetivo fornecer uma perspectiva racional e filosófica a respeito da existência de Deus e da veracidade do Cristianismo. Clique aqui para conferir todos os textos da série.
Discuti anteriormente a questão da verdade absoluta. Em minha expedição, descobri algumas objeções que exigiam uma explicação: se verdades são absolutas (referindo-se à existência de Deus neste caso específico), por que existem tantas religiões no mundo, por que tanta violência em nome da religião e por que tantas visões contrárias? Não seria mais razoável esperar uma melhor convergência dessas religiões a uma suposta verdade absoluta? A princípio parecia um bom argumento e merecia uma análise mais profunda.
Analisei esse argumento e a minha primeira reação foi de questionar se o argumento era válido. Antes mesmo de ver se há objeções, seria válido afirmar que, se existem verdades absolutas, então NÃO deveria haver tantas religiões? É racional presumir que, se verdades são absolutas, deveríamos ter um número menor de religiões? Além do mais, se isso fosse verdade, o que deveríamos esperar então? Que houvesse somente uma religião? Dez? Vinte? Quais parâmetros eu usaria para determinar quantas religiões eu esperaria que existissem antes de concluir que, por serem muitas, não existe verdade absoluta?
Essa análise objetiva obviamente não pode ser resolvida. Afinal de contas, o que eu espero? Chegar a um número exato de religiões para fazer essa determinação? É algo impossível de ser feito. Não faz sentido. A outra alternativa então seria analisar se seria logicamente impossível haver várias religiões com verdades absolutas. Note que a verdade é exclusivista por definição. Se eu digo que um carro é vermelho, está implícito que não é amarelo, rosa, branco ou qualquer outra cor que quisermos imaginar. Por definição, há sempre mais elementos falsos do que verdadeiros a respeito de algo. No caso do carro, uma cor é verdadeira e milhares de cores são falsas. Desta forma, se uma dessas religiões estivesse certa, não seria irracional acreditar que muitas seriam falsas. É a natureza da verdade.
A segunda questão é: por que existem tantas atrocidades em nome da religião, inclusive briga entre elas? Eu creio que a maneira de analisar esta questão é determinar se a violência praticada por essas religiões é parte da doutrina da religião ou se se trata de um desvio por parte de praticantes zelosos ou mal intencionados para fazer algo além do que a religião prega. Muitos praticantes fazem coisas em nome da religião, no entanto, a pergunta que devemos fazer não é se foram feitas em nome da religião, mas sim se foram feitas CONSISTENTEMENTE com a doutrina da religião. Praticantes radicais de qualquer religião que não agirem DE ACORDO com a doutrina da religião devem ser desconsiderados na análise.
Uma das críticas que ouvi sobre o cristianismo dizia respeito às atrocidades causadas pela Inquisição e as Cruzadas. Pessoas forçadas a se converterem ao cristianismo, mortes por heresia, etc. são exemplos usados para mostrar os problemas morais com o cristianismo. Se não fosse pelo Novo Testamento, creio que poderia existir uma doutrina de violência e controle. O Antigo Testamento realmente contém uma doutrina em que o povo de Israel guerreava com os inimigos. No entanto, mesmo havendo violência, vejo esse controle mais relacionado com a conquista da Terra Prometida e não com um domínio mundial. O Antigo Testamento não prega um domínio e submissão mundial, mas sim uma busca do povo de Israel para sair da escravidão de outro povo e encontrar a Terra Prometida. Mesmo com a violência, ela estava limitada a um objetivo específico.
Partindo para o Novo Testamento, a coisa fica mais branda ainda. O Novo Testamento não prega guerra e violência e também afirma que a lei nos conduziu a Cristo (Gálatas 3.24-25). Desta forma, eu não vejo estar implícito na doutrina cristã um apoio ao que aconteceu na Inquisição ou nas Cruzadas. Assim, usar esses eventos como base não teria fundamento lógico. O mesmo seria verdade em relação aos muçulmanos e a outras religiões. A doutrina dessas religiões prega a violência ou são somente os radicais que adotam essas posições e criam uma imagem ruim, quando, na verdade, essas posições não representam essas religiões de maneira verdadeira? Mais adiante em minha expedição, irei analisar as várias afirmações religiosas de forma mais detalhada para verificar a diferença entre as suas doutrinas e as atitudes de seus representantes.
Em conclusão, a existência de várias religiões em nada desafia a existência de verdades absolutas. O fato de haver falsidades implica que existe uma verdade. E, por último, a análise correta a ser feita é se a doutrina da religião apoia a violência e não olhar, portanto, para a prática dos proponentes da religião. Embora irei tratar das afirmações de várias religiões em artigos futuros, cheguei à conclusão de que a doutrina do cristianismo em nada apoiava o que aconteceu na Inquisição e nas Cruzadas. Esses eventos não representaram o cristianismo no que diz respeito à sua doutrina.
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Fábio Mendes mora na Califórnia, EUA. É bacharel em Ciências da Computação pela Universidade Bethel, em Minnesota, e MBA em gerenciamento de tecnologia pela University of Phoenix. Atualmente, exerce a função de Arquiteto Sênior de Sistemas para uma seguradora internacional. Membro da igreja Christ Fellowship, em Miami, dedica-se ao pensamento e à filosofia cristã com ênfase para jovens. |