Três razões por que pastores devem estudar história da Igreja | Matt Emerson

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Os cursos de história da igreja não são prioritários nas listas de matérias obrigatórias de muitos estudantes de programas de MDiv. Seguramente não eram no meu.

Mas o que eu descobri – através de minhas leituras e orientação do meu professor de história da Igreja e orientador de doutorado é que o estudo da história da Igreja pode desempenhar um papel importante no discipulado de um crente. Ele também é particularmente útil para treinar pastores.

Aqui estão três razões:

1. O ministério pastoral é um ministério antigo

Pastores existem desde o início da Igreja. Na verdade, o ministério pastoral remonta a Jesus – o Bom Pastor, e é antecipado no ministério de reis e profetas no Antigo Testamento.

Paulo, Tiago, Pedro e João eram pastores. Muitos dos principais escritores e pensadores dos períodos pós-apostólico, da igreja primitiva, medieval, da reforma e pós-reforma eram pastores.

A leitura das obras dessas figuras dá um vislumbre de como pastores têm feito seu trabalho há mais de 2000 anos. Os obstáculos que você enfrenta não são novos.

O pecado não é novo, a graça não é nova e o ministério do Espírito ao Seu povo através dos pastores não é novo.

As pessoas sempre escolheram pecar, sempre precisaram ouvir uma palavra de conforto e sempre precisaram de pastores (e congregações) para se alegrar quando eles se alegram e chorar quando eles choram.

2. O ministério pastoral é um ministério teológico

Quando leio os teólogos da igreja primitiva, os pensadores medievais ou os pastores da reforma, torna-se imediatamente óbvio que as questões teológicas difíceis que eles estavam tratando eram questões pastorais.

Por que Atanásio se esforça ao máximo para defender a plena divindade do Filho? Em última instância, porque essa doutrina está na Bíblia, sim. Mas, para Atanásio, esse ensino bíblico é, em primeiro lugar, pastoral.

Se Jesus não é plenamente Deus, então ele não pode trazer-nos à comunhão como o Pai. Se Jesus não é plenamente Deus, então ele não pode nos santificar.

Se Jesus não é plenamente Deus, então nosso batismo em seu nome é inválido. Se Jesus não é plenamente Deus, então adoramos um ídolo no domingo de manhã e experimentaremos tormento eterno.

O mesmo se aplica a Calvino, Lutero ou os outros reformadores no século XVI. A luta teológica com Roma a respeito da doutrina da justificação foi, em última análise, pastoral. Os reformadores estavam preocupados que a doutrina da justificação de Roma colocasse um fardo indevido sobre o povo de Deus.

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3. O ministério pastoral é um ministério litúrgico

Uma outra ênfase dos teólogos da igreja primitiva, medieval e da reforma é que o que acontece no domingo de manhã no culto corporativo é tão pastoral e teológico quanto o que acontece entre as manhãs de domingo.

O ministério pastoral pré-moderno incluía a reflexão profunda sobre os ritmos do culto corporativo, as práticas repetidas que nós participamos em conjunto e que são mencionadas por outras tradições como “liturgia”.

Ler sobre história da Igreja me inspira como pastor a pensar melhor sobre o que estamos fazendo juntos quando nos reunimos no domingo, visando a saúde espiritual do meu povo.

As práticas que repetimos toda semana estão edificando o corpo de Cristo? Essas práticas aprofundam nossa compreensão das Escrituras? Elas estão promovendo a união com Cristo e uns com os outros pelo Espírito?

O ministério pastoral tem uma longa tradição na comunhão dos santos. Sempre que leio a história da Igreja sou encorajado porque vejo que o que faço em minha igreja e minha vocação não é novo.

Deus tem trabalhado continuamente na vida de sua igreja, em parte, por meio dos pastores que ele chama. Podemos aprender com aqueles que nos precederam na vocação pastoral a respeito do cuidado pastoral, discipulado teológico e formação litúrgica.

Traduzido por Tiago Silva e revisado por Jonathan Silveira.

Texto original: 3 Reasons Why Pastors Should Study Church History. Facts & Trends.

Matt Emerson é marido, pai, professor auxiliar de religião e diretor do Master of Arts em Christian Studies and Intercultural Studies Programs da Hobbs College of Theology and Ministry of Oklahoma Baptist University.
Como se propôs a fazer uma síntese da história da igreja, o autor trata do assunto de forma simples e direta, em parágrafos curtos, preparados para dar uma visão sintética e precisa sobre a época ou o tema que analisam. Também é digno de nota o precioso valor didático desta obra, uma vez que não é apenas um roteiro seguro para o estudo do tema, mas também uma rica fonte de informações sobre livros em português e até mesmo filmes e documentários relacionados ao assunto estudado. O autor não só sugere os títulos dos filmes como os comenta e classifica. São muito úteis também os quadros e os mapas que inclui ao longo das páginas.

Publicado por Vida Nova.

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