Uma jornada de um muçulmano devoto até Cristo: Uma entrevista com Nabeel Qureshi

9 coisas que você precisa saber sobre “As Crônicas de Nárnia” | Joe Carter
28/abr/2014
Os evangelhos não-canônicos desafiam a historicidade do Novo Testamento? | J. Warner Wallace
06/maio/2014
9 coisas que você precisa saber sobre “As Crônicas de Nárnia” | Joe Carter
28/abr/2014
Os evangelhos não-canônicos desafiam a historicidade do Novo Testamento? | J. Warner Wallace
06/maio/2014

A entrevista de hoje é com Nabeel Qureshi, um ex-muçulmano devoto, que foi convencido da verdade do Evangelho através de argumentação histórica e de uma busca espiritual por Deus. Desde sua conversão ao Cristianismo, Qureshi se juntou à equipe de pregadores do Ravi Zacharias Ministries, e dedicou sua vida a proclamar o Evangelho por meio de ensino, pregações, publicações e debates. No primeiro livro de Qureshi, “Seeking Allah, Finding Jesus: A Devout Muslim’s Journey to Christ” (Publicado pela editora Cultura Cristã sob o título “Procurei Alá, encontrei Jesus”), ele detalha sua jornada emocional do Islã ao Cristianismo, além de estabelecer argumentos poderosos a favor do Cristianismo. Download do livro aqui.

1. Quais são os principais fatores que impedem os muçulmanos de se converterem ao Cristianismo?

O ambiente e a comunidade onde eles foram criados os impedem de se converterem. Para os muçulmanos, o Cristianismo é algo vergonhoso, portanto tornar-se um cristão seria uma desonra.

Além disso, para os muçulmanos, crer que Jesus é Deus é pecado. Na verdade, é o maior pecado de todos. Quando eu contei à minha mãe que havia me convertido, ela disse que preferia que eu tivesse me tornado ateísta ou homossexual. Essa visão os impede de sequer pensar no Cristianismo.

2. Você disse que a reputação dos cristãos também impede os muçulmanos de se converterem – que reputação os cristãos têm no mundo muçulmano?

Dentro da cultura muçulmana, principalmente em lugares onde não há muito cristãos, o Cristianismo é visto como uma religião de pessoas inferiores, de pessoas que precisam de muletas – que precisam de perdão, e de status. No Paquistão e na Indonésia, principalmente, o Cristianismo é visto como uma religião de pessoas de classe baixa. Além disso, o Corão vê a Trindade como politeísta, então se você é cristão, você é politeísta. Essa não é a visão que todos os muçulmanos têm, mas é em lugares onde há poucos cristãos – como o Paquistão, de onde vem a minha família.

3. Como os cristãos podem entender melhor e alcançar os muçulmanos?

Passando tempo com eles e sendo boas testemunhas. Todos pensam que as outras pessoas são como elas, então nós transpomos nosso caráter e nossos sentimentos nas outras pessoas. Mas nem todos pensam como alguém do Ocidente; é por isso que precisamos construir relacionamentos. E é por isso que Cristo investia tempo com prostitutas e coletores de impostos – para que Ele pudesse se relacionar pessoalmente com eles, e é o que os cristãos devem fazer.

Nós precisamos mostrar aos muçulmanos que os cristãos são amorosos, inteligentes, pensam sobre sua fé, e honram a Deus. Palavras não melhoram nossa reputação, mas testemunho sim. Para alcançar os muçulmanos, você deve construir relacionamentos e amizades, para que eles tenham uma ideia correta do que é o Evangelho.

4. O que levou você a começar a seguir o Cristianismo?

Eu vinha desafiando um amigo cristão, dizendo a ele que a Bíblia não era digna de confiança e que a Trindade era uma blasfêmia. Mas no decorrer do nosso debate, ele me mostrou fortes argumentos a favor do Cristianismo, e eu comecei a ver razão neles. Então ele me perguntou se alguma vez eu já havia aplicado o mesmo nível de ceticismo ao Islã, e eu nunca havia feito isso. Quando eu comecei a aplicar os mesmos critérios críticos à minha própria religião, eu fui percebendo que o caso do Cristianismo não era apenas forte – era o mais forte de todos. Foi aí que eu comecei a aceitar o Evangelho.

5. Em quais aspectos o Islã e o Cristianismo são parecidos?

O Cristianismo e o Islã possuem duas das visões mais parecidas que existem. Ambas as religiões creem em um único criador onipotente e onipresente; ambas creem que esse criador estabeleceu a moralidade e que a nossa vida eterna é baseada em nossos pecados, que nos mandam para o céu ou para o inferno; ambas acreditam em anjos e demônios, e ambas creem que existem sagradas escrituras que foram enviadas a nós. Além disso, vários personagens bíblicos também aparecem no Corão – Adão, Eva, Abraão, Jó, Noé e muitos mais.

Eles também creem no nascimento milagroso de Jesus, em Sua capacidade de operar milagres, e que Seu retorno à terra iniciará o fim dos tempos. Portanto, superficialmente, o Cristianismo e o Islã são bem parecidos.

6. Em que aspectos o Islã e o Cristianismo são mais diferentes?

Em seu entendimento de quem Deus é. No Cristianismo, Deus é um Pai que ama Seus filhos incondicionalmente. Ele é o ser mais humilde do universo, que é disposto a sofrer por nossa causa, e que cria um caminho para todos ate ó céu. Não é assim no Islã. Para os muçulmanos, Deus é bastante condicional; Ele não se rebaixa para entrar no nosso mundo, não há como conhecê-lo e, diferentemente de Jesus, ele não habita em nós. Isso significa que Ele é mais um Deus arbitrário, que escolhe a quem perdoar e a quem não perdoar. Ele pode mandar qualquer pessoa para o céu ou para o inferno.

Para os cristãos, nós somos filhos de Deus. Nós fazemos coisas por amor a Ele – não para ganhar o Seu favor, enquanto que, no Islã, muito do que é feito é para agradar a Deus ganhar o Seu favor para não ir para o inferno.

7. Em que os cristãos estão errando com relação aos muçulmanos?

Se a mensagem cristã é verdadeira, então o motivo pelo qual nós estamos na terra e não no céu é porque podemos proclamar esta verdade. Nós estamos aqui para conhecê-lo e fazê-lo conhecido. Não é só algo que podemos fazer – alcançar os muçulmanos – é o motivo pelo qual estamos aqui: amar ao nosso Deus de todo coração, e amar ao próximo como a nós mesmos.

Nós precisamos deixar o nosso conforto de lado e manter o foco na missão de Deus – proclamar Seu nome. E, francamente, nós enviamos apenas um missionário para cada milhão de muçulmanos, e isso é vergonhoso. Nós mesmos não estamos alcançando os muçulmanos, então o Senhor está mandando imigrantes aqui, então ame-os e compartilhe o Evangelho. Não ame as pessoas apenas para convertê-las. Não – Deus nos ama porque somos Seus filhos. Ame os muçulmanos porque é o que Deus quer que façamos – e é esse o propósito de estarmos aqui.

8. Como foi a experiência de ter sido criado como muçulmano nos Estados Unidos?

Nós tínhamos muito orgulho de sermos muçulmanos. Nós críamos que tínhamos a verdade, e que o Cristianismo era falso. Nós nos sentíamos como um grupo pequeno de pessoas que possuíam a verdade em meio a um mar de escuridão. E vendo toda a imoralidade na cultura e na TV – como promiscuidade, adultério e presunção – nós nos separamos daquilo. Fui educado a sempre dizer a verdade, a ser o melhor aluno e ser o melhor em tudo que fizesse, então nós tínhamos orgulho de sermos muçulmanos.

Obviamente, ser muçulmano nos Estados Unidos foi difícil algumas vezes – durante o atentado de 11 de Setembro e a Guerra do Golfo, principalmente. Depois do 11 de Setembro, algumas pessoas quebraram as janelas da nossa mesquita. Durante a Guerra do Golfo, minha tia foi atacada com um soco na barriga e negaram serviço ao meu avô em um posto de gasolina. Mas nós críamos que tudo isso estava acontecendo porque estávamos sofrendo pela verdade.

9. O que você espera alcançar com o seu livro?

Eu espero conquistar duas coisas – primeira: ajudar os muçulmanos a entenderem os evangelhos e por que eles são verdadeiros e a segunda: ajudar os cristãos a entenderem os muçulmanos e amá-los como seus próximos e como a si mesmos. Eu quero que meu livro sirva de ponte para começar a compartilhar o Evangelho.

Traduzido por Filipe Espósito.

Texto original aqui.

Nabeel Qureshi é conferencista do Ravi Zacharias International Ministries. É formado em Medicina pela Eastern Virginia Medical School, em Apologética Cristã pela Biola University e em Religião pela Duke University. Já falou a estudantes em mais de 100 universidades, incluindo Oxford, Columbia, Dartmouth, Cornell, Johns Hopkins, e a University of Hong Kong. Participou de 18 debates públicos na América do Norte, Europa e Ásia.

Deixe uma resposta