Uma Estratégia para a Todos Governar | Nancy Pearcey

Cristo, Cultura e Carson | David T. Koyzis
23/mar/2016
O Pastor como Teólogo Público | Kevin Vanhoozer
29/mar/2016
Cristo, Cultura e Carson | David T. Koyzis
23/mar/2016
O Pastor como Teólogo Público | Kevin Vanhoozer
29/mar/2016

Como Responder a Céticos a partir de Romanos 1

No colégio, Dylan era um líder natural, eleito o jogador mais valioso do seu time de futebol. Todos esperavam o seu sucesso. Mas quando foi para a faculdade, as convicções cristãs de Dylan foram atacadas por dúvidas em praticamente todas as aulas.

Em suas aulas de ciência, o naturalismo darwiniano era um pressuposto inquestionável. Na aula de inglês, as atitudes pós-modernas eram todas tratadas como reivindicações de verdade, como jogos de poder disfarçados. Em psicologia, as teorias dominantes – da psicanálise de Freud ao behaviorismo de Skinner – tratavam o cristianismo como um sintoma de patologia mental.

A igreja de Dylan havia ensinado a mensagem básica do Evangelho, mas ele não havia sido equipado para enfrentar os desafios da sala de aula na universidade. Abalado, abandonou a faculdade e começou a repensar se o cristianismo era mesmo verdadeiro. Dylan eventualmente descobriu o L’Abri, ministério de Francis Schaeffer na Suíça. Lá, finalmente conheceu cristãos que podiam ensiná-lo a “destruir os conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus” (2Coríntios 10.5).

Como a igreja pode ser mais eficaz em equipar jovens para manterem a fé quando saírem de casa?

Por que jovens adultos rejeitam a fé

Pesquisas mostram que Dylan não está sozinho. Quando estudos perguntaram a jovens por que eles deixaram a religião na qual foram criados, a razão mais frequentemente dada foi devido a perguntas e dúvidas sem resposta. Os pesquisadores ficaram surpresos – eles esperavam ouvir histórias de ferimento emocional e relacionamentos rompidos. Mas a resposta mais comum dos jovens adultos foi que eles não conseguiam respostas para suas perguntas.

Mas, aprender a responder cada cosmovisão contrária levaria uma vida inteira de estudo. Temos de memorizar um argumento diferente para cada “ismo”? A resposta empolgante é que a própria Bíblia oferece uma estratégia única e universal que podemos aplicar a todos os sistemas de pensamento. A passagem chave é Romanos 1. Poderíamos chamá-la de manual de treinamento apologético de Paulo.

Neste capítulo, Paulo desenvolve o drama da interação divino-humana, que é a fonte de todos os sistemas de crença. O grande enredo da história é o cabo de guerra entre Deus e a humanidade. Por um lado, Deus se aproxima da humanidade para se fazer conhecido. Por outro, os seres humanos procuram desesperadamente suprimir esse conhecimento por meio da criação de deuses substitutos.

A narrativa de Romanos 1 fornece a fundamentação teológica para todas as apologéticas. Todos os argumentos se enquadram em duas categorias básicas:

1. Testamos uma filosofia externamente para ver se ela corresponde ao mundo real.

2. Nós a testamos internamente para verificar sua consistência lógica.

O que torna Romanos 1 singular é que ele explica por que esses testes funcionam – e fornece uma estratégia de como aplicá-los.

O teste do mundo real

Romanos 1 ensina que aqueles que rejeitam o Criador transcendente “trocarão a glória de Deus” (Romanos 1.23-25) por algo na criação. Eles criam ídolos. Um ídolo pode ser definido como qualquer coisa que se coloca no lugar de Deus como sendo a realidade definitiva.

A filosofia predominante no mundo acadêmico hoje é o materialismo, que coloca a matéria no papel de Deus. A matéria é considerada a fonte autoexistente, eterna e não criada, de todo o resto – um substituto de Deus. Os pensadores seculares (Darwin, Freud, Foucault) que Dylan estudava em sala de aula foram todos materialistas.

Para ser consistente, o materialismo deve negar a realidade de algo não material. Os seres humanos são reduzidos a máquinas bioquímicas complexas, robôs sem nenhuma vontade, mente, alma ou espírito. Richard Dawkins diz que os seres humanos são “máquinas de sobrevivência – robôs programados cegamente” por seus genes.

Mas essa visão simplista, unidimensional, não se alinha com o que sabemos sobre a natureza humana. Ninguém vive como um robô. Fazemos escolhas a partir do momento em que acordamos de manhã. Certo filósofo brinca que se as pessoas negam essa livre escolha, devem dizer o seguinte quando vão fazer o pedido em um restaurante: “Apenas me traga o que quer que as leis da natureza determinem que eu vá receber.”

Você não precisa ser cristão para reconhecer que o materialismo não se encaixa no que sabemos sobre a natureza humana. Qualquer filosofia que troca a glória de Deus por algo na criação também irá trocar a imagem de Deus por algo na criação. Uma vez que ela tem início com algo menor do que Deus, ela sempre leva à uma visão inferior da humanidade.

Isso é chamado de reducionismo, o que significa que reduz os seres humanos a algo menor do que a sua humanidade plena. O materialismo falha no primeiro teste porque não corresponde à natureza humana como a experimentamos.

O teste da lógica

Também podemos estar confiantes de que toda cosmovisão não-bíblica irá falhar no segundo teste. Por quê? Porque uma visão reducionista da humanidade deve incluir a mente ou faculdades cognitivas. Ela reduz a razão para algo menor do que a razão. No entanto, como ela sustenta a si mesma? Ela deve usar a razão – argumentos lógicos. Assim, quando descredibiliza a razão, ela enfraquece a si mesma, se autorrefuta.

O materialismo reduz o pensamento a disparos neuronais no cérebro. Para o materialista, os seres humanos não acreditam em algo por estarem racionalmente convencidos da sua verdade, mas por causa de padrões neuronais em nossa massa cinzenta.

Mas, o que isso implica para os pontos de vista dos próprios materialistas? Para ser consistente, eles devem aplicar o mesmo raciocínio para si: seu próprio materialismo não é um produto do pensamento racional, mas de disparos neuronais em seus cérebros. Nesse caso, por que o restante de nós deveria dar qualquer credibilidade a isso? Como o apologista Greg Koukl coloca, é como uma cosmovisão “suicida”. Quando a própria definição de verdade dessa cosmovisão é aplicada a si mesma, ela se descredibiliza.

Isso é chamado de absurdo autorreferencial e a abordagem de Romanos 1 diz a você por que ela funciona e como aplicá-la a qualquer cosmovisão. Encontre o reducionismo: É nesse ponto onde ele cometerá suicídio.

A narrativa de Romanos 1 fornece o fundamento teológico para todos os argumentos apologéticos. A boa notícia para os jovens como Dylan é que a estratégia bíblica pode ser aplicada universalmente. Chega de memorizar diferentes argumentos para cada teoria. Podemos estar confiantes de que Romanos 1 aplica-se a todas elas.

Nancy Pearcey descreve princípios bíblicos adicionais de Romanos 1 em “Finding Truth: 5 Principles for Unmasking Atheism, Secularism & Other God Substitutes.”

Traduzido por Breno Perdigão e revisado por Maria Gabriela Pileggi.

Texto original aqui.

Nancy Pearcey é professora visitante no Torrey Honors Institute, na Biola University. Seu currículo inclui um mestrado em Ciências Humanas (M. A.) pelo Covenant Theological Seminary, e outros trabalhos de pós-graduação em filosofia no Institute for Christian Studies, em Toronto, no Canadá. Escreveu "Saving Leonardo" (B&H Books), "Verdade Absoluta" (CPAD), e é co-autora de outros livros vertidos para o português, como por exemplo: "A Alma da Ciência" (Cultura Cristã), "O Cristão na Cultura de Hoje" e "E Agora, Como Viveremos?" (CPAD).

Deixe uma resposta