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25/jul/2024O principal relacionamento na vida de qualquer cristão é o relacionamento com Deus. Ele é o autor de todas as coisas, o sustentador e o provedor — é ele quem mais ama, melhor orienta e fornece esperança real e duradoura. E isso vale para os crentes que lutam contra doenças mentais também.
Algumas pessoas que estão com esse tipo de problema têm grandes perguntas sobre Deus. São perguntas típicas que perturbam as pessoas, e você deve ter uma noção de como pode respondê-las.
- Por que ele permite esse sofrimento?
- Ele é realmente bom?
- Há esperança de cura nesta vida?
- Por que ele não leva esse sofrimento embora?
Alguns vão querer correr para Deus, vendo o céu como um lugar tão atraente, que querem acelerar sua chegada lá por meio de tentativas diretas de suicídio ou vivendo de modo imprudente. Outros terão uma fé profunda, agarrando-se a Deus com absoluta segurança nos momentos mais difíceis. Alguns terão delírios: uma profunda convicção de que são Deus ou um de seus mensageiros, com novas revelações que ninguém mais tem a capacidade de saber. Todos terão características próprias e únicas, e conhecer como o indivíduo à nossa frente está experimentando a fé é de vital importância; caso contrário, podemos fazer suposições sobre seu relacionamento com Deus que estão longe de ser verdadeiras.
Mas uma das tarefas da igreja é encorajar todos aqueles que estão achando a vida muito difícil (e os que procuram ajudá-los) a se voltarem para o Senhor em meio ao sofrimento. E isso significa encorajar todos a se relacionarem com Deus em todo o espectro de maneiras que a Bíblia estabelece, incluindo:
- Louvor: Podemos perguntar à pessoa pelo que ela gostaria de agradecer a Deus. Alguns gostam de ter um diário de gratidão. Outros preferem escrever uma coisa boa todos os dias em um pedaço de papel e colocar em um pote. No almoço de domingo, antes que as pessoas comecem a comer, um bom hábito é dar oportunidade para que cada um agradeça a Deus por algo de bom que aconteceu naquela semana. Talvez criar uma playlist de canções e hinos de louvor possa servir para iniciar momentos de adoração. Encontre uma forma prática de ajudar as pessoas a erguer os olhos e lembrar a generosidade de Deus.
- Lamento: A vida é difícil, e há coisas — passadas e presentes — dignas de lamentação. Incentive as pessoas a ler Salmos ou a escrever seus próprios lamentos e derramar o coração diante de Deus. Não há problema em dizer a Deus que a vida está difícil de suportar. Não precisamos fingir que está tudo bem. Sempre que possível, conseguir dizer a ele: “Seja como for, eu confio em ti” é um resultado muito positivo.
- Intercessão por si mesmo: Podemos incentivar as pessoas a explorar as riquezas da oração. Alguns podem achar difícil orar por si mesmos. Outros se concentrarão em orações por cura. Isso não é errado, porém há muitas outras possibilidades: juntos, podemos orar por perseverança, semelhança com Cristo, esperança, fé e amor, para citar apenas algumas.
- Intercessão por outros: A dor pessoal pode parecer esmagadora, mas ajudar as pessoas a orar pelos outros também é maravilhoso. Podem não ser orações longas e detalhadas, mas talvez apenas alguns pedacinhos de papel com pequenas orações escritas. Pedir a Deus que abençoe os perseguidos pela fé ou uma senhora que agora não consegue mais sair de casa pode ser uma maneira maravilhosa de servir aos outros.
- Leitura da Bíblia: Ouvir a Palavra de Deus junto com outras pessoas é maravilhoso. Alguns serão capazes de continuar a frequentar um grupo de estudo bíblico ou reuniões com um líder mesmo nos dias mais sombrios, porém outros terão dificuldade para se concentrar durante todo o tempo que uma reunião formal pode exigir. Fazer uma visita, escolher dois ou três versículos das Escrituras, lê-los em voz alta e perguntar simplesmente o que esses versículos nos dizem sobre Deus e nós mesmos pode ser mais do que suficiente para alguém que está enfrentando dificuldades na vida.
- Louvor congregacional: As reuniões de domingo são importantes, mas nem todos conseguem se envolver bem com elas. Podemos receber as pessoas por alguns instantes e deixá-las sair. Podemos dizer que não há problema em sentar-se na última fileira e apenas ouvir — não há necessidade de ficar de pé. Podemos lembrar ao restante da congregação de que, se alguém quiser ficar caminhando no fundo da igreja, tudo bem — não há problema nenhum. Ter uma atitude de: “É ótimo ter você aqui, do jeito que você conseguir ficar” dirá muito a um coração ferido.
Quando adotamos estratégias como essas, a confiança para buscar o Senhor vai aumentando progressivamente, e essa é sempre uma boa estrutura para capacitar as pessoas a perseverarem.
Trecho extraído e adaptado da obra “Saúde mental e sua igreja“, dos autores Helen Thorne & Steve Midgley, publicado por Vida Nova: São Paulo, 2024, p. 100-103. Publicado no site Cruciforme com permissão.
Helen Thorne é conselheira, autora e formadora com ampla experiência no apoio a pessoas que sofrem de problemas de saúde mental nas igrejas. Diretora de Treinamento e Recursos da Biblical Counseling, UK. Thorne escreveu outros livros, Hope in an anxious world, Purity is possible, Walking with domestic abuse suffers e 5 things to pray for your city. Ela frequenta a Igreja Dundonald em Raynes Park, Londres. |
Steve Midgley trabalhou como psiquiatra no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido antes de ser ordenado pastor. É diretor executivo de Aconselhamento Bíblico no Reino Unido e pastor sênior da Christ Church, Cambridge. Também é palestrante, membro do conselho da Christian Counseling & Educational Foundation e membro do conselho da Biblical Counseling Coalition. Ele e sua esposa Beth têm três filhos. |