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Não, não é sobre aquela banda de rock. Também não é sobre corrente alternada e corrente contínua. Na verdade, é sobre algo muito mais poderoso do que power chords – músicos, expliquem – e muito mais eletrizante do que volts. É sobre Jesus, o Cristo, que dividiu a história da humanidade em duas.

E o engraçado é que, por mais que alguém tente, o feito desse tal de Jesus Nazareno é tão impressionante, mas tão impressionante, que acaba sendo inexplicável. Mas vamos lá, explicar o inexplicável.

Nazareno

Jesus nasceu em uma cidade chamada Belém – e isso todo mundo sabe. O que talvez não se saiba é que essa cidade era famosa por ser a cidade natal do grande rei Davi. Mas, embora tenha nascido nessa cidade hype – chique, em vocabulário esnobe chique –, ele foi criado em Nazaré, uma cidadezinha pobre e desprezada. Tanto é que “nazareno” era praticamente um xingamento (v. Jo 1.46). Talvez “corinthiano” seja o correspondente atual de “nazareno” (brincadeira!).

Não bastasse isso, sua família não era lá muito rica. Seu pai, José, era marceneiro, e ensinou Jesus a trabalhar com madeira. E Jesus, até os 30 e poucos anos, foi – adivinhe! – marceneiro. Nada de glamour. Nada de palácio. Nada de batalhas. Só pregos, serrotes e tábuas.

Liga da Justiça

Foi então que Jesus, um belo dia, saiu de Nazaré e começou a chamar discípulos. Sem mais nem menos, ele abordava pessoas na rua e dizia: siga-me. É, simples assim. Ele chegava, via alguém passando – ou trabalhando, ou comendo, ou vivendo – e dizia: siga-me. E, desse jeito, ele montou um super-time, com 12 das pessoas mais qualificadas que haviam: um bando de pescadores, um coletor de impostos e uns outros cujas profissões sequer são mencionadas.

Fantástico, não?! Alguns tinham um pouco de dinheiro; a maioria era pobre. Uns sabiam ler e escrever; outros falavam um grego meio precário. Havia irmãos de sangue; havia desconhecidos. A única coisa que realmente unia os 12 era Jesus. Sem ele, cada um seguiria sua própria vida, sem nunca se encontrarem. E através desse grupo, assimétrico e esquisito, o mundo seria impactado. Havia alguns outros que também acompanhavam (algumas mulheres e uns outros discípulos), mas os principais eram esses 12. E não se esqueçam de que havia um traidor no meio deles!

12 homens, um Mestre e uma missão: transformar a história.

Anos Incríveis

Quantos anos você acha que são necessários para curar doenças incuráveis? Quantos anos para dizer tudo que deve ser dito? Quantos anos para que se esteja pronto para morrer? Uns 10? Mais? Ok, uns 30 está bom. Não?! Uma vida inteira?! Que tal 3 anos?

Pois bem, 3 anos foi o que Jesus precisou. Em 3 anos ele curou, ensinou, falou e irritou quem tinha poder de condená-lo à morte. O trabalho foi frenético: ou Jesus ensinava, ou fazia um milagre ou andava de um lugar para outro. Isso quando não ensinava andando, curava ensinando ou curava enquanto andava e ensinava. Sem contar que, quando estava sozinho, ele orava (claro, tiveram vezes em que ele curou ensinando enquanto andava orando). Ele sabia que o tempo era curto, então queria aproveitá-lo ao máximo.

(Anti)Clímax

Clímax é o momento mais legal ou impressionante de alguma coisa. Pode ser a cena mais legal do filme, a hora em que o mocinho pega o bandido ou a frase mais engraçada da piada. É aquilo que faz a espera valer a pena.

Mas, na história de Jesus Cristo, esse momento pareceu estar perdido. Quando os 12 discípulos começaram a perceber que a multidão que os acompanhava diminuía, não se abalaram. Quando Jesus foi preso, até tentaram impedir. Porém, quando o sol sumiu e a terra tremeu às 3 da tarde daquela sexta-feira macabra, perderam as esperanças. Era o Anticlímax – o clímax ao contrário.

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No entanto, o domingo reservava surpresas, e a ressurreição de Jesus deixou-os muito animados! Isso e os 40 dias que passaram com ele depois da ressurreição encheram seus corações de fé e vontade de proclamar as boas novas de Cristo. Finalmente chegou o clímax.

De Nazaré para o Mundo (ou nem tanto)

Algumas pessoas acham que Jesus saiu por aí, postando mensagens no Twitter, atualizando o status no Facebook e publicando vídeos de seus milagres no YouTube. Assim seria fácil impactar o mundo inteiro. Ok, todo mundo sabe que, naquela época, não tinha internet. Mas se esquecem de que, naquela época, as pessoas faziam tudo a pé. Ou montados em animais. Em qualquer dos casos, não era rápido como descer pra praia no final de semana, comer um frango com farofa e voltar pra casa com areia na cueca. As viagens podiam demorar dias. Então, para infelicidade geral, Jesus não teve tempo de vir até o Brasil para falar umas palavras aos índios tupiniquins.

Antes de subir aos céus (At 1.9), na maioria das vezes era Jesus quem saía ensinando e realizando milagres. Em outras ocasiões, mandou que aqueles que o seguiam transmitissem a mensagem. Essa missão ficou para os discípulos depois que o Cristo subiu aos céus. Isso fica especialmente claro no que os teólogos chamam de “A Grande Comissão”, registrada em Mateus 28.19-20 e em Atos 1.8. E, se você prestou atenção no texto até aqui, os discípulos não eram lá grande coisa.

Ainda bem que Deus é grande coisa. Sabendo que os trabalhadores não eram nada sem ele, tratou de enviar o Espírito Santo pra dar uma mãozinha e capacitar aqueles que se dispõem a serem usados por Deus. Na verdade, é o Espírito que faz todo o trabalho. Nós somos apenas os instrumentos.

Jesus não veio até o Brasil, mas o Espírito veio até nós e nos levou até Cristo. E fez isso para que nós continuássemos o ciclo e levássemos outras pessoas, através do Espírito Santo, até a cruz do calvário. Nós somos os seus discípulos!

Ei, você fugiu do tema!

Sim, é verdade. Eu fugi do tema. Em uma redação para o vestibular, eu tiraria zero. Mas já passei no vestibular, então não preciso me preocupar com isso! A questão é que, conforme eu já tinha falado lá no começo, é impossível explicar o inexplicável.

É impossível explicar como os ensinamentos de um pobre marceneiro trintão, nascido há mais de 2000 anos atrás, criado em uma cidade desprezada, acompanhado por pessoas comuns e incapazes, cujo ministério de ensino durou 3 anos e que, passado esse tempo, morreu (mas ressuscitou!), pôde dividir a história da humanidade em antes e depois dele. E fez isso ajudado por um bando de desqualificados: os discípulos. Ou seja, eu e você.

Grandes cientistas, filósofos e artistas não conseguiram. Coube ao carpinteiro de Nazaré dividir o tempo em dois: aC/dC; antes do Carpinteiro e depois do Carpinteiro.

Pai e marido, Lucas Vasconcellos Freitas é Mestre em Estudos Teológicos com ênfase em Estudos Interdisciplinares pelo Regent College (Vancouver, Canadá) e em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É parte da equipe do Claraboia Brasileira e escreve ficção nas horas vagas.

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