Sola Scriptura e o papel da tradição cristã | Kevin Vanhoozer
02/ago/2016Criatividade e arte | Michael W. Goheen e Craig G. Bartholomew
03/ago/2016No Credo Niceno, confessamos que a Igreja é “una, santa, católica e apostólica”. Dessas quatro marcas, a terceira (a catolicidade da igreja) é, provavelmente, a mais suscetível a mal-entendidos entre os protestantes evangélicos.
A catolicidade da igreja, de acordo com a confissão protestante usual, diz respeito à “universalidade” da igreja. Sob a autoridade e bênção de seu Messias ressurreto, ela é comissionada a fazer discípulos de “todas as nações” através da Palavra e dos sacramentos (Mt 28.18-20) de forma tal que um coro composto de toda tribo, língua e nação possa, a uma só voz, render louvor a Deus e ao Cordeiro (Ap 5.9-10).
Mas a catolicidade da igreja envolve muito mais do que apenas a natureza multinacional da sua membresia. Ela também se refere à “totalidade” de sua doutrina e virtude. De acordo com Cirilo de Jerusalém, a igreja
é chamada “católica” […] porque estende-se por todo o mundo, de uma extremidade à outra da terra, e porque ensina, universal e inteiramente, todas as doutrinas que convêm chegar ao conhecimento dos homens, no tocante às coisas visíveis e invisíveis, celestiais e terrenas; e porque ela sujeita toda a raça humana, governadores e governados, doutos e ignorantes, à piedade; e porque trata e cura universalmente todas as classes de pecados, que são cometidos por alma ou corpo, e possui, em si mesma, toda forma de virtude que é atribuída, tanto em atos e palavras, e em todos os tipos de dons espirituais.
A igreja “ensina, universal e inteiramente, todas as doutrinas que convêm chegar ao conhecimento dos homens”. Ela “trata e cura universalmente todas as classes de pecados”. E “possui, em si mesma, toda forma de virtude que é atribuída […] e todos os tipos de dons espirituais”. Em outras palavras, a igreja ensina “todo o conselho de Deus” (At 20.27) a fim de que, através de seu ensino, Jesus Cristo possa redimir e renovar toda a pessoa humana conforme à imagem de Deus. Ao fazer isso, a igreja satisfaz a sua identidade católica.
A igreja é chamada à catolicidade em membresia e maturidade. Ambos os aspectos da catolicidade honram o Senhorio supremo e universal de Jesus Cristo. Ambos são essenciais ao bem-estar da igreja (ver Ef 2.11-22; 4.11-16).
Nos últimos dias, temos nos tornado cada vez mais alertas ao fracasso da igreja em buscar e compreender a natureza universal de sua membresia. Para tentar evitar esse fracasso, busquemos tentar evitar também o nosso fracasso em buscar e perceber a plenitude do ensino doutrinário e moral cristão em nossos ministérios. Afinal de contas, esses dois fracassos muitas vezes estão relacionados. Quer se trate de “igrejas atrativas” ou de “igrejas da graça radical”, ambas são particularmente compatíveis com as sensibilidades das pessoas influentes.
“Tem uma coisa que eu odeio mais do que mentir, e essa coisa é o leite desnatado, que é a água mentindo sobre ser leite”. A atitude de Ron Swanson para com o leite desnatado deveria ser a nossa atitude para com o cristianismo leite desnatado. Confessamos a unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade da igreja. Não nos contentemos com nossos fracassos em não perceber nem a universalidade nem a totalidade da identidade da igreja. E oremos para que o Senhor da igreja nos conceda graça, debaixo de sua Palavra e pelo seu Espírito, para compreendermos a promessa da identidade da igreja como “una, santa, católica e apostólica”.
Traduzido por Leonardo Bruno Galdino e revisado por Tiago Alexandre da Silva.
Texto original: Cyril of Jerusalem, Ron Swanson, and the catholicity of the church. Reformation 21.
Scott R. Swain é professor-assistente de Teologia Sistemática no Reformed Theological Seminary, em Orlando. |
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Embora existam recentes estudos de excelente qualidade sobre aspectos da doutrina de Deus no Evangelho de João, é surpreendente que nenhum deles sintetize o que João tem a dizer sobre Deus como Pai, Filho e Espírito Santo. A fim de preencher essa lacuna, Köstenberger e Swain oferecem um novo exame da visão da Trindade em João. A primeira parte desta obra situa o ensino de João sobre a Trindade no contexto do monoteísmo judaico do Segundo Templo. A segunda parte examina a narrativa do Evangelho, a fim de traçar a caracterização de Deus como Pai, Filho e Espírito, que é seguida por uma breve síntese. A terceira parte trata com mais profundidade de grandes temas relativos à Trindade no quarto Evangelho, incluindo seu relato sobre Jesus Cristo, o Espírito Santo e a missão. O último capítulo discute a importância do Evangelho de João para a doutrina da Trindade e faz uma breve conclusão que resume algumas implicações práticas. Publicado por Vida Nova. |
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