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Há um detalhe fácil de ignorar, um detalhe cuja importância pode ser perdida em nossas muitas leituras e releituras da história. Mas é um detalhe cheio de significado e encorajamento, se apenas o notarmos e meditarmos sobre ele.

No primeiro capítulo do evangelho de João, ele fala de dois homens, dois irmãos, que se tornaram seguidores de Jesus. André foi o primeiro a encontrá-lo, a ouvir suas palavras e a acreditar que ele era aquele que há muito havia sido prometido. Em sua empolgação, ele foi ao encontro de seu irmão e lhe disse: “Encontramos o Messias!” André levou Simão a Jesus para que ele também pudesse encontrar esse homem e ouvir suas palavras. E foi neste momento que algo inesperado aconteceu: “Jesus olhou para ele e disse: ‘Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas’ (que significa Pedro)”.

Jesus olhou para este homem e imediatamente deu-lhe um novo nome. Ele não deveria mais usar o nome que seus pais lhe haviam dado, mas aquele que este Mestre havia designado. Ele não era mais Simão, mas Cefas (em aramaico) ou Pedro (em grego).

O significado dessa mudança pode ter se perdido no mundo ocidental moderno, pois damos pouca importância ao significado dos nomes, a menos que gostemos de como soam ou se conhecemos alguém com o mesmo nome. O significado também pode ter se perdido na língua inglesa, pois nem “Peter” (Pedro) ou “Cefas” significam qualquer outra coisa em nossa língua. Mas quando Jesus olhou para Pedro e disse: “Tu serás chamado Cefas”, todos sabiam o que ele estava dizendo: “Seu nome será Rocha”.

Jesus olhou para este jovem, este comerciante, este pescador, e disse: “Você será chamado de Rocha”. As rochas, como hoje, simbolizavam força e estabilidade. As rochas constituíam fundações que podiam resistir às tempestades mais ferozes e paredes que podiam suportar os bombardeios mais fulminantes. Não há razão para acreditar que Pedro tivesse uma história que fez Jesus dizer: “Você tem sido uma rocha”. Não há razão para acreditar que Pedro estava vivendo uma vida que fez Jesus entender: “Você é uma rocha”. Não, Jesus contemplou os corredores do tempo e, pensando no futuro, disse: “Rocha”.

Jesus viu algo em Pedro que ninguém mais viu. Ele viu algo que passou despercebido até mesmo por seus amigos mais queridos e familiares mais próximos. Jesus viu o que estava latente neste homem, ele viu o que estava além de sua impulsividade, o que existia além de sua fraqueza, o que era possível do outro lado de sua vacilação. Ele deixou de lado tudo o que era ruim para se concentrar no que era absolutamente melhor, tudo o que era indigno para se concentrar no que era nobre, amável e bom.

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Jesus viu quem seria Pedro. Ou talvez melhor, Jesus viu quem ele faria de Pedro. Ele viu que enquanto Pedro passasse tempo com ele, seus pontos fortes se tornariam mais fortes e suas fraquezas se tornariam mais fracas. Ele viu que enquanto Pedro andasse com ele, seus vícios seriam diminuídos e seus dons ampliados. Ele sabia que, à medida que Pedro o seguisse, seus desejos seriam transformados e seu caráter refinado. Ele sabia quem e o que Pedro se tornaria. Ele sabia que este era o homem a quem logo diria: “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”.

E assim é com você e comigo. Jesus olha para nós em nossa fraqueza, olha para nós em nossa queda, olha para nós no meio de toda a bagunça que fizemos e diz: “siga-me”. Ele vê além de nossos hábitos e padrões pecaminosos, ele vê além de nossa imaturidade de caráter e falta de realização, ele vê além de nossa autoimportância e autoengrandecimento. Ele vê em nós o que ninguém mais vê e ninguém mais pode ver, pois ele olha além de quem somos em direção ao que seremos. Ele vê quem ele fará de nós ao passarmos tempo com ele, ao andarmos com ele, ao seguirmos seus passos.

Texto original: What Jesus Sees (Even When Others Do Not). Tim Challies.

Tim Challies é pastor da igreja Grace Fellowship, em Toronto, no Canadá, editor do site de resenhas Discerning Reader e cofundador da Cruciform Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é blogueiro, web designer e autor de várias obras.
O discernimento espiritual serve para muito mais do que tomar grandes decisões de acordo com a vontade de Deus. É uma atividade essencial do dia a dia, pois permite que cristãos comprometidos separem a verdade de Deus do erro e distingam o certo do errado em todas as situações. É também um tipo de habilidade, algo que qualquer pessoa pode desenvolver e aprimorar, especialmente com a orientação deste livro.

Publicado por Vida Nova.

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