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BRADFORD, Kevin. Introdução a MissõesCurso Vida Nova de Teologia Básica, vol. 14. São Paulo: Vida Nova, 2022, 256 páginas.

Uma obra para ser inovadora não precisa ser inédita. Kevin Bradford é conhecido no meio acadêmico brasileiro, doutor pela Trinity International University, cofundador do movimento Perspectivas para Mobilização Missionária e, durante dez anos, líder do Departamento de Missões do Seminário Bíblico Palavra da Vida.

…é importante informar a congregação sobre as bases bíblicas para missões…” (BRADFORD, p. 232). Todo o livro pode se reunir nesta verdade. A igreja que proclama a mensagem das boas-novas deve estar engajada na missão de tornar Cristo conhecido em todas as nações.

“Em todas as gerações, parece que as pessoas estão mais inclinadas a prestar atenção, recordar e obedecer quando estão envolvidas em uma história” (BRADFORD, p. 232).

Há uma ordem a ser cumprida, “ide por todo o mundo…” (Mt 16.15), e Bradford sabe o quanto é importante tornar essa declaração conhecida por todos. Alguém pode se perguntar: “Por que mais um livro introdutório sobre missões se já existem tantos circulando no mercado?” A resposta parece óbvia, mas ainda existe uma carência de material que trate do assunto com objetividade.

Este é o volume 14 que chega para integrar a série de assuntos teológicos do “Curso Vida Nova de Teologia Básica”. Apesar de seu escopo global, a obra se destina a:

“…pastores, professores de EBD e outros líderes; escrita para pais, discipuladores e outros mentores; também para aqueles que estão dando os primeiros passos em direção ao serviço no campo missionário…”

Ela está bem dividida. Os capítulos iniciais (1-3) apresentam toda fundamentação bíblica e introdutória a missão; os capítulos (4-6) narram a história da expansão da igreja até chegar ao Brasil; a partir dos capítulos (7-14), o autor trabalha comunicação e progressão da experiência missionária; os capítulos 12 e 13 voltam-se para o papel da igreja local, finalizando o capítulo 14 com um olhar para o futuro.

Bradford é autor de outras obras sobre o tema de missões, todas publicadas por Edições Vida Nova[1]. A obra está didaticamente bem distribuída, cada tema desenvolvido vem acompanhado por uma indicação de leitura da obra “Perspectivas no movimento cristão”.

Vamos para uma análise mais detalhada.

Da introdução ao capítulo 3 – é uma somatória de conteúdos. Bradford abre a introdução com o tema a “missão de Deus”, que segue para um diagrama falando sobre a “Missio Dei”, “Missão” e “Missões”. Os capítulos 1 e 2, “Fundamentos do Antigo Testamento” e “Mandato do Novo Testamento” são ricos em cosmovisão bíblica sobre como os dois Testamentos descrevem a ação de Deus na história humana. No Novo Testamento, todo o destaque recai sobre o principal personagem, Jesus. “A missão teológica” está no capítulo 3, o alvo está em quem e no que cremos. Jesus, somente Jesus. Não são esquecidos aqui os temas “pecado, perdição, salvação, redenção e Cristo”.

Desenvolvimento histórico (capítulos 4-6) – Bradford percorre o caminho feito na “expansão da igreja”. Nessa descrição, temos a contribuição das sinagogas; o enfrentamento das religiões pagãs; a pax romana, língua comum e tradução da Bíblia; chega em Constantinopla até a batalha de Thors; a expansão do Oriente, os cristãos Celtas; as missões católicas, os bárbaros e o surgimento do Islã. O capítulo 5 narra o crescimento das “Missões Protestantes”. Aqui, Bradford dá total atenção aos “Precursores das Missões Modernas”, este importante capítulo oferece informações sobre os “puritanos”, o “pietismo”, os “morávios” e a pontual contribuição de John Wesley, com o surgimento do “metodismo”. O capítulo 6 encerra essa linha histórica chegando ao Brasil e aos povos a partir dele. Passa-se a apresentar as principais igrejas e suas contribuições com a criação de grupos e suas estratégias para alcançar os povos.

Comunicação e progresso da experiência do missionário (capítulos 7-11) – Os conjuntos de assuntos abordados aqui são de extrema importância. Primeiro porque uma boa comunicação transcultural não será a solução de todo o problema vivenciado no campo, mas ajudará na solução de outros conflitos. Segundo, Bradford apresenta os mitos que envolvem o assunto do “chamado missionário”. Muitas são as perguntas sobre, como acontece, quando se dá, e o que é chamado. Terceiro, após a confirmação do chamado, nos deparamos com a importância da “qualificação missionária”, e nessa pauta o autor escreve sobre a integridade pessoal, a responsabilidade interpessoal e habilidade ministerial, que são alguns tópicos apresentados. Quarto, “O preparo do missionário”, é rico em seu conjunto de objetividade, pois Bradford fala sobre “seleção de campo”, “Seleção de agência missionária”, “Treinamento”, “Viagens missionárias de curto prazo” e o ponto central deste capítulo, “Levantar sustento”. Quinto, “Vida missionária e trabalho”.

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A igreja local está nos capítulos 12, 13 – Bradford nestes dois capítulos narra quais devem ser a participação da igreja local na evolução e na expansão do evangelho para cumprir a grande comissão. A estratégia é fundamental; as parcerias são essenciais e o cuidado com o missionário é primordial. Ele é o protagonista. Ele está no campo. Na segunda parte do tema “Igreja enviadora”, vemos Bradford reforçar a necessidade da igreja se mobilizar através do “orar, ofertar e sustentar”, entendendo que é papel da liderança educar o corpo, “adultos, jovens e crianças”, por meio de ações efetivas e formativas sobre o imperativo de ser missão. O Conselho de Missões pode ser um desses canais de formação e informação, porém, nunca se esqueça que a “oração por missões” é a chave do avanço missionário. Veja o que Bradford diz: “O missionário não ousa confiar em sua estratégia ou técnica de comunicação” (p. 238).

O futuro das missões no capítulo 14 – Aqui o autor muda a forma de apresentar suas teses. São três pontos: “crescimento populacional”, “hostilidade religiosa” e “apatia materialista”, com dois subpontos: “desafio e resposta”.

Em resumo, a obra é excelente! No formato, a encadernação é prática, de leitura agradável, e com espaço nas bordas que facilita o rascunho por parte do aluno. Por ser um livro didático, cada capítulo termina com “perguntas de recapitulação” e um espaço de “anotações”.

Altamente recomendável para estudos em grupo. Uma sugestão, dada a importância da obra, é a utilização dos capítulos para estudos ou sermões em série. O título de capa pode assustar (“Curso Vida Nova de Teologia Básica”), mas todo o escopo narrativo não fere em nada cosmovisões denominacionais, pelo contrário, qualquer denominação cristã se servirá de tudo o que ali está escrito, pois segue os padrões bíblicos sobre a necessidade de se envolver com o grande projeto de Deus.

A Igreja de Cristo que está sob os seus cuidados, te agradecerá e Deus será glorificado por intermédio de sua vida. Eu recomendo!


[1] BRADFORD, Kevin. Perspectivas no movimento cristão mundial. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 792. Guia para missões de curto prazo. São Paulo: Vida Nova, 2013, 176p. Pregue missões: um manual para o Novo Testamento. Obra no formato eBook Kindle. <https://www.amazon.com.br/Pregue-Missões-manual-exposição-Testamento-ebook/dp/B0929J69CB/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=ÅMÅŽÕÑ&keywords=kevin+bradford&qid=1656019287&sr=8-1>. Livro lido no Kindle.

Ricardo Reis é casado com Ester Reis e pai de 2 filhos: Sthefany Reis e Isaac Reis. Pastor Batista Independente e Secretário do STBIPAR; Bacharel em Teologia pela (FBB, BA); Bacharel em Direito pela ISCA Faculdades, SP; Licenciado em História pela UNIASSELVI, SC. Licenciado em Filosofia pela (FBB, BA); Pós-graduado em Linguística e Literatura pela Universidade Cândido Mendes, RJ; Pós-graduado em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, UNIASSELVI, SC; Pós-Graduado em Metodologia de Ensino de História, UNIASSELVI, SC; Pós-Graduado em Direito Constitucional Aplicado, pela Faculdade LEGALE, SP. Mestre em Teologia com ênfase em Exposição Bíblica do Novo Testamento, pelo SBPV, SP; Mestrando em Teologia Profissional ênfase Bíblia, FABAPAR, PR.
Este volume, "Introdução a missões", fornece respostas a perguntas como estas:

• Por que cristãos ignoram ou até mesmo desprezam o seu compromisso com as missões mundiais?

• O termo “missões” não é encontrado nas Escrituras. Isso desencoraja o compromisso de uma igreja com as missões mundiais?

• Quais são as características de uma igreja local comprometida com as missões mundiais?

• Como você reagiria a alguém que acredita, à luz do rápido crescimento da população mundial, que missionários não são mais necessários, ainda mais nos dias atuais em que os avanços na mídia e na tecnologia facilitaram a comunicação em todo o mundo?

Aproveite o Curso Vida Nova de Teologia Básica. Numa época em que se propagam tantas falsas doutrinas, nosso desejo é que este livro possa ser de fato um poderoso instrumento para a compreensão, a divulgação e o ensino das Escrituras e das doutrinas centrais da fé cristã.

Publicado por Vida Nova.

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