Ser verdadeiro consigo mesmo é viver uma mentira | Trevin Wax

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A doutrina Disney pode ser resumida em uma simples frase: Seja verdadeiro consigo mesmo. Se você vive de acordo com essa máxima, todos os seus sonhos se tornarão realidade.

É o dogma que cria o drama:

  • Cinderela cantando sobre seus sonhos e sendo verdadeira com a sua princesa interior
  • Mulan recusando a se encaixar em estereótipos culturais
  • Ariel ansiando por um mundo ao qual ela não foi criada para fazer parte
  • Aladdin se tornando o príncipe que ele pretendia ser

Filmes da Disney (e a maioria dos rip-offs /cópias) ensinam a nossas crianças repetidas vezes que a lição mais importante da vida é descobrir a si mesmo, ser verdadeiro com o que quer que seja que você tenha descoberto, e então seguir seu coração onde quer que ele te leve.

Ora, não sou uma pessoa que odeia a Disney, eu gosto de assistir bons filmes com minhas crianças e transmitir essas histórias memoráveis. Ainda assim, há duas suposições por trás da fórmula Disney das quais nós devemos estar cientes:

  • Você é o que você sente.
  • Apegue-se ao que você sente não importa o que os outros digam.

De Disney a Lady Gaga

A música só reforça esta mensagem durante os anos da adolescência. Por exemplo, a música “Born This Way” (“Nasci Desse Jeito”) de Lady Gaga celebra nossos apelos e anseios:

“Não se cubra de arrependimentos
Apenas ame a si mesma e você estará bem
Eu estou no caminho certo, querido
Eu nasci desse jeito”

O resto da música deixa claro que o anseio sexual integra grande parte do que você é e, portanto, deve abraçá-lo. Seus sentimentos mandam. Se você for contra seus sentimentos, você estará vivendo uma mentira.

O único problema é que sentimentos podem ser tiranos. E, estranhamente, aqueles que resistem à tirania de seus sentimentos são frequentemente ridicularizados em vez de celebrados.

É corajoso ceder a quaisquer que sejam os sentimentos que você tem? Ser verdadeiro consigo mesmo é a receita da felicidade?

A sala de aconselhamento 

Aqui é onde a doutrina Disney leva à flagrante incoerência do mundo real. Considere o seguinte cenário em um escritório de um conselheiro:

Adolescente #1: “Eu acho que sou gay, mas eu quero mudar minha orientação sexual.”

Conselheiro: “Sinto muito, mas a orientação sexual é fixa desde o nascimento. Você precisa abraçar quem você é e não tentar mudar.”

Adolescente #2: “Eu sou um garoto, mas sinto-me como uma garota e quero mudar meu sexo.”

Conselheiro: “Tudo bem. Seu gênero é flexível.”

A tirania dos sentimentos

O que nós temos no primeiro caso é um jovem rapaz que tem sentimentos que deseja que fossem diferentes e é orientado a aceitar as ordens da natureza, expressas por esses sentimentos. Ele deve ser intimidado em submissão e forçado a aceitar o que quer que suas atrações o mandem fazer.

O que nós temos no segundo caso é um jovem rapaz que quer mudar seu sexo. Estranhamente, nesse caso ele não é orientado a aceitar as ordens da natureza. Ninguém seria tão intolerante ao que Lady Gaga lhe afirma: “Você nasceu desse jeito. Seja quem você é.” Não… Os sentimentos mandam. Mesmo quando os cromossomos discordam.

É desconcertante para mim o fato de que um conselheiro possa dizer que as atrações de uma pessoa são fixas desde o nascimento e que o gênero de uma pessoa é flexível.

Mas esta é a doutrina Disney tomada ao extremo. Sentimentos mandam. Nós vivemos debaixo da tirania de nossos sentimentos; caso contrário, estaríamos vivendo uma mentira.

Rompendo com a tirania de nossos sentimentos

Aqui é onde o Cristianismo se opõe à mentalidade “siga seu coração” de grande parte do mundo Ocidental.

  • É-nos dito, não para amar a nós mesmos primeiro, mas para focar em amar a Deus e ao próximo.
  • É-nos dito que nascemos pecadores e precisamos do resgate de nossa natureza caída, não da afirmação dela.
  • Nós estamos sendo refeitos à imagem de Deus, para que a descoberta cada vez mais profunda de Sua graça e bondade para conosco seja o marcador que define a nossa vida, e não a nossa autodescoberta.
  • Nós vivemos de acordo com a declaração de aceitação pronunciada sobre nós através da fé, não de acordo com nossa auto-aceitação e o desejo de cair nas boas graças dos outros.
  • Estar à frente não é celebrar a si mesmo como você é agora, é abraçar a visão de quem Deus está fazendo com que você seja.

Não seja verdadeiro consigo mesmo

Os verdadeiramente corajosos são aqueles que crucificam o “eu” ao qual o mundo nos ensina a sermos verdadeiros. E com isso nós somos levantados juntamente com Cristo para nos tornarmos a pessoa que Deus sempre pretendeu que fôssemos.

Como Gil, o pastor aposentado do livro “Clear Winter Nights”, diz:

“Eu sei que há pessoas que pensam que estou dizendo para não serem verdadeiras com elas mesmas. E elas estão certas. O pregador cristão diz às pessoas durante todo o dia, ‘Não seja verdadeiro consigo mesmo. O eu a que você seria verdadeiro é podre por dentro.’ Autenticidade não é aceitar seus pecados. É admitir seus pecados e então ser verdadeiro com a pessoa que o Rei Jesus declarou que você seja.”

Traduzido por Juliana Roberta Angelieri e revisado por Maria Gabriela Pileggi.

Texto original aqui.

Trevin WaxTrevin Wax é editor executivo do The Gospel Project, um programa de grupos pequenos centrado no evangelho para todas as idades, publicado pela LifeWay Christian Resources. Contribui com inúmeras publicações, incluindo Christianity Today e World. Escreve diariamente em seu blog Kingdom People, hospedado na página The Gospel Coalition.

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