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Sugiro que os princípios gerais a seguir sejam mantidos em mente quando promover contextos on-line para diálogo, bem como para perguntas e respostas. Encorajo os criadores de conteúdo, gerenciadores e os que postam comentários a considerarem essas recomendações tanto como uma disciplina de autogestão quanto também como um meio de promover discussões on-line positivas entre pessoas que discordam entre si. Espero que os pontos a seguir sejam um recurso útil para um novo manifesto de civilidade on-line entre diferentes grupos. Especificamente, tenho em mente criadores de conteúdo cristão, gerenciadores e moderadores de blogs, fóruns e plataformas voltadas para a discussão e o compartilhamento (e.g., Facebook).

Sobre os meios de comunicação

1. Identifique as características carregadas de valor das plataformas e dispositivos da tecnologia de comunicação e como eles moldam nossa capacidade de refletir, responder e nos relacionar uns com os outros. Uma das perguntas mais importantes a fazer antes de comunicar algo on-line (e.g., seja na forma de comentário, artigo ou o início de um tópico de discussões) é esta: Quais são as oportunidades e limitações de comunicar o que eu quero dizer nesse contexto (e.g., um “grupo” on-line) com essa plataforma (e.g., Facebook) nesse dispositivo (e.g., um iPad)? Qualquer uma dessas áreas tem valores associados a elas, seja no nível de expectativas do(s) usuário(s), ou no nível de como o meio molda a mensagem a ser transmitida, tanto para o receptor quanto para o emissor.

2. Sempre que possível, ofereça a oportunidade de transferir uma discussão on-line para contextos off-line (e.g., um “terceiro espaço”) ou, se não for possível, ao menos de um contexto de comunicação somente textual (e.g., um blog) para contextos audiovisuais (e.g., uma conversa pelo Skype). Todos os meios de comunicação são diferentes. Muitas vezes pertencemos a vários tipos de público, seja no Facebook seja em nosso terceiro espaço de rotina, como por exemplo, uma cafeteria local. Cada um deles apresenta oportunidades, mas também desafios e até limitações para alcançar uma experiência de comunicação desejável. Se for esse o caso, então devemos ser intencionais e honestos sobre o que podemos ou não alcançar de forma significativa como fruto da discussão on-line e da edificação da comunidade. Cada um de nós precisa avaliar quais são as limitações e as oportunidades para discussões on-line no que concerne a serem aprimoramentos, iniciações e modeladores de nossas conversas, se não contextos para resolvermos nossas divergências. Frequentemente, o problema não é a falta de opções para transferir conversas on-line para um ambiente off-line. Em vez disso, o problema geralmente é que não há desejo de controlar nossos anseios de querer a facilidade de contextos on-line em detrimento de contextos off-line. Pode ser nossa preferência padrão querer pontificar atrás de uma tela e não face a face com outra pessoa. Porém, essa preferência é propícia aos objetivos e resultados desejados em uma conversa? Precisamos ser intencionais em nossa consideração sobre essa pergunta antes que estejamos atolados até os joelhos (ou, trocando a metáfora, antes que nos tornemos “codependentes da tela”) em nosso engajamento on-line. Em suma, precisamos discernir o valor instrumental dos meios de comunicação on-line e entender quais plataformas, entre os “encontros” off-line e on-line, têm maior probabilidade de ajudar ou enfraquecer as oportunidades transitórias de comunicação. Se nunca pudermos nos conectar com alguém face a face, ou colocar em contato essa pessoa face a face com alguém em que confiamos, seria o caso de tal limitação dever moldar a finalidade e a intensidade do que comunicamos on-line, especialmente se for uma discussão sobre discordâncias?

3. Perceba a linha cada vez mais tênue entre “privado” e “público” nessa era de mídias sociais e o fato de que somos conhecidos por pertencer a múltiplos públicos. É insensato pensar que você pode facilmente descer a boca em um contexto e não ser descoberto em outro contexto. Por mais que queiramos compartimentalizar nossa vida privada e pública, neste tipo de mundo sempre ligado e sempre conectado, isso está se tornando uma conquista cada vez mais desafiadora. Nosso comportamento e percepções on-line nos alcançam off-line.

Lidando com discordâncias 

4. Respeite a Regra de Ouro. Por mais simples que seja, “fazer aos outros o que você gostaria que fizessem a você” pode ser uma maneira criativa e memorável de estar atento ao aspecto humano na comunicação humana. A administração de nosso comportamento on-line é essencial, e não opcional. Criadores e gerenciadores de conteúdo devem no mínimo aspirar ter esse valor, como uma prática a ser encorajada e reforçada nos contextos de discussão on-line.

5. Implemente um modelo pactual como estrutura para lidar com divergências. Não basta lançar uma visão substantiva de civilidade. Devemos também tentar articular maneiras específicas de como podemos tratar das divergências. Diante da expectativa de divergências e desentendimentos começarem em um contexto on-line, os gerenciadores de conteúdo seriam perspicazes se estrategicamente desenvolvessem um modelo básico para lidar com divergências, para que haja uma discussão significativa em prol de um entendimento. Esse modelo poderia ter o status de um pacto ou de um contrato, talvez contemplando diferentes incentivos e desincentivos aos participantes.

6. Reconheça que os desentendimentos são inevitáveis e a uniformidade de pensamento não é o objetivo final em uma modalidade como o debate. “Resolver o conflito” em um debate não significa necessariamente alcançar uniformidade de pensamento. Talvez uma maneira de detectar o propósito da resolução de conflito aqui seja discernir se a resolução se dá principalmente com o intuito de promover o pensamento homogeneizado e a conformidade ou se ela se destina a promover a integração com uma autêntica diferenciação de pontos de vista.

7. Evite entrar em controvérsias ou provocá-las para gerar entretenimento ou algo “noticioso”. Todo mundo tende a gostar (ainda que apenas secretamente) de um pouco de alarde quando a controvérsia se aproxima de uma discussão. E ela nem precisa ser do tipo escandaloso. Pode girar em torno de uma pessoa e de um motivo (e.g., “livro de teólogo é boicotado pelas visões heréticas acerca de Deus”). O objetivo não é tanto evitar ou negar questões controversas. Antes, a questão é esta: uma coisa é entender com sobriedade e cautela como uma visão é “herética” por seu próprio mérito. Outra coisa é entender e gerar notícias (leia-se: pressões sociais) acerca de uma visão em razão de sua natureza “controversa”. Além disso, uma coisa é avaliar os pontos fracos de uma visão por seu próprio mérito. Outra coisa é avaliá-la com a mentalidade de grupo de uma comunidade virtual. O “controverso” é muitas vezes o que pode dinamizar a discussão on-line de um tópico ou ponto de vista. As pessoas podem realmente se tornar viciadas na energia do aspecto noticioso que a controvérsia emana. É como estar (dramaticamente) embriagado pelo drama! Ou seja, a fenomenologia da controvérsia, conforme é experimentada em contextos de discussão online, influenciará de forma significativa como uma controvérsia é entendida, e ainda mais como será julgada. Como criadores e gerenciadores de conteúdo, devemos estar atentos a essa realidade e ajudar outros a entender sua importância.

8. Saiba discernir a diferença entre estes dois objetivos em uma discussão acalorada: a reconciliação com Deus versus a resolução de um conflito. Se nós, como cristãos, ficarmos apenas presos no “modo discussão”, tomando emprestada a expressão do filósofo Paul Moser, poderemos ficar mais propensos a pensar que, em última instância, assumimos o ônus de “resolver” discussões/conflitos, ou que, em consequência de nosso empenho na discussão, poderemos motivar/arruinar a possibilidade de as pessoas virem a Deus. Isso não quer dizer que o testemunho e a presença de cristãos sejam irrelevantes. Antes, é uma tentativa de entender qual poderia ser o objetivo maior, quando estivermos discernindo o papel de cristãos em uma discussão com não cristãos. É possível, e às vezes é o que realmente acontece, que, como cristãos, possamos ficar tão preocupados em “ter as respostas” que começaremos a agir como se nós tivéssemos de alguma maneira o controle para determinar o destino eterno, ou ao menos o destino de acordo com a nossa cosmovisão, devido à nossa habilidade de responder às questões de forma correta, abrangente, com segurança e completa. Mas será que esse objetivo vale a pena, ou mais ainda, será um objetivo realista?

9. Somos, em primeiro lugar e acima de tudo, pessoas moldadas pelo evangelho — então somos x. Desentendimentos e discussões, sejam entre os próprios cristãos, sejam entre cristãos e não cristãos, podem ser formadores de identidades ao menos de uma maneira crucial: podemos ter a tendência de rotular e reduzir as pessoas às suas ideias e associações. Por exemplo, digamos que haja um desentendimento entre dois grupos de pessoas que poderiam se autodescrever como teologicamente “conservadores” e “liberais”. Porém, digamos que ambos os grupos sejam sinceros quanto a seguir a Jesus e desejem fazê-lo. Nesse caso, isso não deveria determinar como concebemos e compreendemos os participantes desses grupos? Por exemplo, mesmo que alguém se autoidentifique como “conservador”, isso não significa que tudo o que essa pessoa acredita se encaixe perfeitamente na categoria do que poderia ser descrito como uma orientação conservadora para as pessoas x, y ou z. Ou seja, essa pessoa pode ser “conservadora” na maioria das questões teológicas, exceto em um ou dois assuntos (e.g., ter uma maior afinidade com a evolução teísta do que com o criacionismo). Dadas tais complexidades, pode ou não ser útil mantê-la sob o rótulo de “conservadora”.

No entanto, aqui está um ponto ainda mais importante a ser considerado: Essas pessoas estão procurando ter sua vida moldada pelo evangelho? Se estiverem, não deveria esse valor — ou seja, o fato de estarem procurando ter sua vida moldada pelo evangelho — como definição (até o ponto em que definições possam ser valiosas) ter precedência ou algum tipo de prioridade na sua identificação, ficando além e acima de um descritor terciário como “conservador”? Por que isso tem importância? Porque a maneira como nomeamos as coisas, incluindo a razão de atribuirmos certos nomes ao que nomeamos, tem por consequência moldar como nos vemos em relação aos outros. Além disso, tal nomeação molda como percebemos nosso serviço ao “outro” em nosso meio, o qual também está sob o cuidado de Deus. Simplificando, pode ser prudente permitir que as pessoas em uma discussão, e especialmente nas discordâncias em uma discussão, revelem como elas se autoidentificam e qual é a sua perspectiva global. Desse modo, então talvez um objetivo nesse contexto seja ajudá-las a perceber em que reside a sua identidade central em relação a um marcador mais terciário de autoidentificação.

Sobre hábitos de discussão proveitosos

10. Promova ambientes com noções profundas de liberdade e de responsabilidade. Em termos gerais, a liberdade de expressão pode ser vivenciada on-line na maioria do mundo ocidental. Mas a expressão, se não o expressionismo, pode permanecer inculta e indisciplinada. Os “usuários” querem frequentemente sentir que podem se expressar livremente, independentemente de o que é expressado ser feito de forma irresponsável. Esse é um desafio recorrente para a discussão on-line, mas para que a discussão seja um canal de entendimento, a liberdade de expressão deve estar vinculada a uma responsabilidade moral que não enxergue uma desconexão entre discurso e virtude.

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11. Reconheça que a força da civilidade será proporcional à riqueza de nossa vida relacional. Uma vida relacional rica não equivale meramente a ser uma pessoa importante na sociedade, uma pessoa sociável ou expert em mídia social! Ela tem uma profunda relação com a forma como estamos presentes para o nosso próximo, dispensando-lhe um cuidado competente e atencioso. Além disso, uma vida relacional rica pode incluir a habilidade de se relacionar com uma variedade de pessoas cujas circunstâncias e origens são diferentes das nossas ou de nossa família, mas isso é mais do que apenas ser um comunicador competente. Diz tanto respeito à maneira que estamos no mundo, comunalmente, quanto a um modo de viver por meio de instituições de mediação relevantes que afirmem a vida (e.g., uma igreja) e com a maneira de nos reunirmos com os outros em nossos terceiros espaços. Menciono tudo isso para fazer esta simples observação: como respondemos e reagimos em um diálogo ou disputa com outros é muitas vezes um microcosmo de uma ecologia mais ampla de relações. Um dos desafios da comunicação on-line é a tentação de pensar que, no mundo virtual, podemos separar nossa “troca de informações” com outras pessoas dos hábitos e qualidades de nossa vida relacional.

12. Entenda como a prática da civilidade é um exercício de autodisciplina e de cuidado pelo outro. Dialogar, mesmo em tom de civilidade, tem a ver tanto com praticar a arte de ser um bom conversador, quanto com aprender a praticar o autocontrole em diversos níveis: refrear nossa inclinação de fazer perguntas e dar respostas que interessam somente a nós (e.g., de alguma forma, fazer a conversa girar sobre nós mesmos ou nossa própria importância), controlar a impulsividade de reagir a algo de que possamos discordar. A civilidade não está relacionada apenas com a generosidade de promover algo positivo, mas também com a atitude de segurar as rédeas da negatividade (e.g., ter um espírito crítico, o que é diferente de exercer discernimento moral).

13. Por uma questão de compreensão mútua, procure esclarecer e articular seus pressupostos, a relevância deles e a razão de serem considerados atrativos ou convincentes. A maior parte das conversas sobre questões importantes, se pretender ir além do diálogo raso ou superficial, precisa entrar no contexto dos pressupostos das pessoas, daquelas áreas consideradas “princípios fundamentais”, “fatos estabelecidos”, “pontos de partida” ou suposições tomadas como verdadeiras. Em geral é isso que está por trás de uma discussão, especialmente de uma discussão relacionada a uma polêmica. Mas quando os pressupostos não são esclarecidos e articulados nesse contexto, há uma probabilidade maior de a discussão perder o foco e de os participantes prosseguirem num diálogo de surdos, mesmo que estejam sinceramente bem-intencionados em sua comunicação. Além disso, muitas vezes acontece de esse compartilhar mútuo de pressupostos ser beneficiado por contextos em que um verdadeiro pertencimento pode ser sentido e cultivado. Isso exige tempo e paciência.

14. Faça uma rede de contatos em vez de ter de ser a pessoa que responde a todas as perguntas. Quando se contribui com respostas em um fórum on-line ou um grupo pequeno, pode ser fácil assumir a reputação de ser a pessoa-chave que pode responder a todas as perguntas. Mas mesmo se alguém puder responder a todas as perguntas, será que isso é proveitoso? Em certo sentido, pode ser útil a quem pergunta saber que alguém conhecido pode oferecer regularmente respostas com segurança ou, ao menos, se posicionar como um parceiro de conversas habituais. Em contrapartida, mesmo havendo alguém que seja capaz de responder a todas as perguntas, também pode ser interessante para quem faz as perguntas se beneficiar em ouvir respostas de outras pessoas, mesmo que tenham um ponto de vista semelhante. A pessoa que responde às perguntas pode fazer bem em tentar conectar quem faz perguntas a outras pessoas de um grupo ou comunidade que possam respondê-las. Essa abordagem tem o benefício adicional de permitir que a pessoa que contribui com as respostas adquira talvez uma visão mais realista do seu trabalho em conjunto com outras pessoas que também contribuam e que possam apoiar a aprendizagem dos que fazem as perguntas.

15. Evite provocar conflitos por meio de “rótulos” e “conceitualizações”. Quando surgem controvérsias e provocações on-line, é bastante desafiador evitar reagir impulsivamente e atribuir rótulos (e.g., “Os liberais são lobos socialistas em pele de ovelhas”) ou conceitualizar (“O arminianismo é um fracasso porque não leva a sério a soberania divina como faz o calvinismo”). Esses atos são, no mínimo, inibidores da conversação, se não bloqueadores de conversas. São golpes baixos que não permitem que o orador ganhe credibilidade entre os opositores. Às vezes acontece de a atribuição de rótulos e a conceitualização impulsivas decorrerem de um ponto cego específico de caráter ou de disposição mental. Se for esse o caso, ajudar a pessoa a tomar consciência disso é algo que deve ser feito com intencionalidade, paciência e gentileza.

16. Tenha tolerância zero com falácias informais e jargões. Há algo mais que realmente precise ser dito? Contextos para discussão on-line podem ser preparados para educar pessoas nessa área se os gerenciadores e criadores de conteúdo levarem a sério a gestão do conteúdo como um bem público. Dá para imaginar o quanto a compreensão poderia se tornar acessível se nosso discurso não estivesse abarrotado de falácias informais e jargões?

17. Oferecer uma perspectiva, não uma mera opinião, é mais propício ao diálogo. Para fins de diálogo, as opiniões, especialmente as “educadas”, são mais úteis do que meras suposições ou especulações improváveis. No entanto, opiniões, mesmo se compartilhadas, não são tão válidas como base para o diálogo, especialmente quando a discussão se resumir a não muito mais do que uma disputa sobre opiniões. Alguém pode começar com suas opiniões, mas a discussão provavelmente não se sustentará com vistas a ampliar a compreensão se tudo o que os participantes articularem forem suas respectivas opiniões. Para elevar o nível da discussão, deve-se incentivar a comunicação de um ponto de vista. É um material a partir do qual muito trabalho pode ser feito. Um ponto de vista, segundo observa o ensaísta Joseph Epstein, “é um senso razoavelmente estabelecido do que é e do que não é significativo na vida”.[1]

18. Ouça primeiro e então promova o diálogo praticando a “tomada de perspectiva”. A experiência de interagir on-line não é, em geral, tão propícia à formação do hábito de ouvir. A orientação de que “todos estão aptos a responder” (o que praticamente resume a maioria dos hábitos do modo de discussão on-line) sempre que algo parecer estar “bombando” nas notícias, gerando tendências na sociedade ou for introduzido como tópico polêmico, torna-se combustível para todos os tipos de pensamentos e reações impulsivos. Mas como nossas discussões podem ser mais vantajosas se aprendermos a valorizar a prática da tomada de perspectiva? “Algo central para a tomada de perspectiva”, escrevem os especialistas em comunicação Tim Muehlhoff e Todd Lewis, “é tentar nos distanciarmos de nossa perspectiva o suficiente para explorar e entender a perspectiva do outro”.[2] Você consegue perceber como a autêntica abertura da mente é uma virtude e capacita a tomada de perspectiva?

19. Note o valor e a importância de juízos prudentes em “público”. Em discussões e debates acalorados on-line, a prudência e o tom comedido são muitas vezes as primeiras vítimas. Talvez seus substitutos possam incluir a personalização de alegações ou objeções e um petulante raciocínio do tipo ou isso/ou aquilo. Mas a prudência reverencia o realismo acerca do mundo, a percepção apurada e a representação honesta. Ela discerne o bem que pode ser alcançado. Juízos prudentes envolvem a disposição de discernir esse bem, de decidir tomar a atitude correta e implementar tal decisão de maneira eficaz.[3] Você pode imaginar como seriam mais valiosas e eficazes as discussões em torno de divergências se fossem temperadas com prudência? A imprudência é a causa de todos os tipos de ruídos em nosso próprio mundo de surdez.

20. Aprenda a discernir o poder do feedback de colegas antes de postar conteúdo on-line. Como um processo de análise conjunta pode moldar o conteúdo e o tom das discussões de pontos de discordância em um contexto on-line? Existem várias possíveis maneiras de administrar isso. Para gerenciadores de conteúdo de um fórum ou blog, por que não ter revisores disponíveis para avaliar contribuições solicitadas ou não solicitadas? Isso não é algo extremamente complexo, mas é um valor que pode e precisa ser nutrido. Se feito com eficácia, um filtro como esse pode ser útil para minimizar o dito “pensamento de grupo” e erros flagrantes de conteúdo e apresentação em ambientes on-line.

______________________

[1] Joseph Epstein, “A man without opinions”, The Weekly Standard, 14 jul. 2003, 4.

[2] Tim Muehlhoff; Todd V. Lewis, Authentic communication: Christian speech engaging culture (Downers Grove: InterVarsity, 2010), p. 59.

[3] Clarke D. Forsythe, Politics for the greatest good (Downers Grove: InterVarsity, 2009), cap. 1.

Trecho extraído da obra “A Razão da Nossa Fé. Respostas a Perguntas Difíceis sobre Deus, o Cristianismo e a Bíblia“, de William Lane Craig e Joseph E. Gorra, publicada por Vida Nova: São Paulo, 2018, pp. 455-464. Traduzido por Danny Charão, Vitor Grando, Yago Martins, Lucas Maria, Eliel Vieira, Wagner Kaba e Felipe Miguel. Publicado no site Tuporém com permissão.

Joseph E. Gorra trabalha com pesquisa, desenvolvimento de conteúdo, edição e publicidade no programa de pós-graduação em apologética cristã da Universidade Biola e na Evangelical Philosophical Society, sendo também instrutor no Vineyard Bible Institute. É também fundador e diretor do Veritas Life Center, associação religiosa e sem fins lucrativos dedicada a traduzir e a transmitir a tradição cristã da perspectiva do conhecimento e da sabedoria que ela oferece para o florescimento cultural.
Os seguidores de Jesus não precisam ficar amedrontados com perguntas difíceis ou mesmo objeções contra a fé cristã. Em 'A razão da nossa fé', o renomado filósofo e apologista William Lane Craig oferece dezenas de exemplos de como tratar alguns dos desafios mais comuns ao pensamento cristão.

Partindo de perguntas enviadas para o seu famoso website ReasonableFaith.org, o dr. Craig mostra a grande habilidade que tem de interagir com seus inquiridores de forma equilibrada, técnica e fundamentada nas Escrituras. A razão da nossa fé não se limita a apenas tratar de apologética; ela mostra como se faz apologética. Em coautoria com Joseph E. Gorra, esse livro também oferece conselhos para conceber e praticar um ministério de respostas às perguntas que nos são feitas em igrejas locais, nas situações de trabalho e em ambientes virtuais, na Internet. Se você está lutando para responder a perguntas difíceis ou está buscando respostas para seus próprios questionamentos intelectuais, A razão da nossa fé vai muni-lo de argumentos sólidos e da verdade escriturística.

Publicado por Vida Nova.

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