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27/maio/2020O problema do mal na cultura Pop: terror, inquietude e mistério | Marcelo Pantoja
10/jun/2020Ontem (31/05/20) o longevo Clint Eastwood completou 90 anos. O seu último trabalho como ator foi no filme – que também é dirigido por ele – “A Mula” (2018). O filme é uma bela trama, que nos faz refletir sobre diversos pontos. Dentre eles o racismo. Eastwood já havia abordado o tema dez anos antes em “Gran Torino” (2008), onde seu personagem é um homem rabugento, viúvo e veterano de guerra que não esconde seu desprezo pela vizinhança que já não é a mesma. Seu bairro está cheio de asiáticos, latinos e negros. Mas o personagem passa por uma espécie de redenção ao se relacionar com um casal de irmãos asiáticos.
Voltando para “A Mula”, o personagem vivido por Eastwood se tornará um transportador de drogas para um cartel mexicano. Ele se torna uma “mula” de sucesso por estar acima de qualquer suspeita: ele é um homem branco, octogenário e veterano de guerra. Ou seja: não se enquadrava no perfil de um traficante de drogas. O filme não se reduz a uma discussão sobre racismo, mas a sua premissa é baseada na história real. Por isso, há vários momentos em que Eastwood nos mostra um naturalismo do preconceito na sociedade norte-americana. Há uma cena, por exemplo, em que ele vai se apresentar como o patrão dos dois traficantes latinos que estão com ele em uma das missões, e, por conta disso, o policial desiste da abordagem.
John Stott, em um dos seus livros, trata sobre o racismo e cita algo muito interessante:
“Em novembro de 2000, foi noticiado que a polícia norte-americana levava em conta perfis raciais na perseguição de pessoas que pudessem estar transportando drogas. Os policiais paravam motoristas na estrada principal que levava à cidade de Nova York — e 80% dessas pessoas eram negras. A polícia simplesmente supôs que pessoas negras e drogas eram uma combinação natural, mas 70% dos negros que eram parados não estavam transportando nenhum tipo de droga. O procurador geral de Nova Jersey disse que, do ponto de vista sociopolítico, aquilo era um desastre, e a prática foi abandonada”.[1]
O fato de Stott mencionar isso é de muita importância, pois o mesmo é considerado um teólogo conservador, chegando a ser alvo de críticas de teólogos latinos que achavam que sua atuação no Movimento Lausanne era eurocêntrica e não estava conectada aos problemas do terceiro mundo, assim chamado na época. Clint Eastwood também está longe de ser um progressista. Ele é um republicano convicto, crítico aberto do ex-presidente Barack Obama, e já deu apoio ao atual presidente, Donald Trump. Logo, o racismo não deve ser visto como pauta de um espectro político. O preconceito racial não pode ser uma bandeira sequestrada pelas esquerdas. Eastwood e Stott combatem o racismo por ser uma estupidez. E como cristãos precisamos destacar: uma estupidez pecaminosa.
Infelizmente, nos deparamos com a triste notícia da morte do George Floyd (homem de 46 anos e negro) após uma abordagem policial truculenta em Minnesota, onde um policial branco o asfixia com o joelho pressionando o seu pescoço. As imagens correram o mundo e geraram revoltas. Protestos violentos vêm acontecendo nesse e em outros estados norte-americanos.
Não demorou muito para algumas pessoas negarem que o crime tenha sido racial e falar que ainda é cedo para um veredito. Floyd começa a ter sua biografia vasculhada e há muitos que digam que ele era um criminoso. Todavia, pastores chegaram a dar entrevista afirmando que Floyd ajudou na evangelização de vários jovens e os incentivava a saírem do mundo do crime. O fato que temos até o momento é que parece que ele teria tentado comprar algo com uma nota falsa de U$ 20,00. Embora isso possa ser verdade e, embora também possa ser verdade ele tenha entrado em luta corporal com o policial (e por isso precisou ser contido), a cena do policial com o joelho em seu pescoço é um ato de barbárie. Não havia necessidade de tal medida. E o racismo naturalizado denunciado por Eastwood em “A Mula”, tal como o fato citado por Stott, nos fazem deduzir de maneira muito lógica que o episódio poderia ser diferente se Floyd não fosse negro.
Como cristãos, é obvio que o preconceito racial precisa ser combatido. Talvez as igrejas precisem falar até um pouco mais acerca do assunto. Claro que de uma maneira não ideologizada, mas bíblica. Tal como aborda Stott:
“Em termos de um relacionamento pessoal e íntimo, embora Deus seja, por meio de sua graça, o Pai de todos os que ele adota, e nossos irmãos e nossas irmãs sejam membros de sua família, Deus é, em termos mais gerais, o Pai de toda a humanidade, pois todos são sua ‘descendência’, por Criação, e cada ser humano é nosso irmão ou nossa irmã. Sendo todos igualmente criados por ele, e como ele, somos iguais aos olhos do Pai em valor e dignidade, portanto temos o mesmo direito a respeito e justiça”.[2]
Que a nossa cosmovisão enraizada na Palavra se levante para celebrar a diversidade étnica e encabeçar uma luta pelo fim do preconceito racial, primeiramente, para a glória de Deus que é SENHOR sobre todos os povos, e, segundo, para que o que ocorreu com Floyd não se torne algo naturalizado.
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[1] Stott, John. “O cristão em uma sociedade não cristã”. Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.
[2] Ibidem.
Thiago Oliveira é graduado em História e especialista em Ciência Política, ambos pela Fundação de Ensino Superior de Olinda (Funeso). Mestrando em Estudos Teológicos pelo Mints-Recife. Casado com Samanta e pai de Valentina, atualmente pastoreia a Igreja Evangélica Livre em Itapuama/PE. |
O racismo, o ódio e o sentimento de superioridade racial têm sido elementos trágicos da condição humana desde a Queda, no mundo inteiro. E a cada vez que esses elementos se manifestam, encontramos por trás deles, bem na raiz do pecado racial, um coração incrédulo que resiste à graça e à misericórdia de Deus. O evangelho de Jesus Cristo é a única esperança de chegarmos a soluções de fato significativas para o problema racial. É isso que John Piper nos mostra neste livro, quando lança a luz do evangelho sobre essa questão. Além de confessar seus próprios pecados e sua experiência pessoal com tensões raciais, ele conta também como Deus tem transformado sua vida e sua igreja. Piper expõe aos olhos dos leitores a realidade e a extensão do racismo e, a seguir, demonstra, a partir das Escrituras, como a luz do evangelho atravessa as trevas sombrias desse pecado tão destrutivo. Publicado por Vida Nova. |
3 Comments
O problema do racismo midiático é não sabermos de fato o que se trata na raiz. É inseguro afirmar que o policial matou o rapaz pela cor. Não sabemos se de fato ele foi rendido e morto de propósito ou sufocado para ser rendido com mais facilidade. Mas render uma pessoa com joelho no pescoço, penso ser brutal e desnecessário.
Infelizmente as ocorrências em nível de mídia são totalmente desprovidas de crédito por mim, pois a usam por motivos de interesse, promovendo fatos e factoides como esteio para promoção de mentiras hom´éricas.
De modo que não posso crer piamente nem descrer friamente. Levando em consideração que foi verdade e foi realizado em prol de um viés racista, o ato foi inumano, cruel e digno de todo o repúdio que um ser humano pode despender.
Se não for verdade, sentenciamos um homem no ofício do dever. Mas um joelho no pescoço não parece fazer parte desse dever, menos a foto tirada justificaria.
Tirar qualquer parecer, pois a mídia é tendenciosa e uma foto tirada em um momento nos conduz a um pensamento quase certo, mas a posição confortável de Derek no pescoço de um homem (que apesar de sua estatura alta e corpulento), justificaria oito minutos em cima do pescoço do homem?!
São as observações que faço, e penso sinceramente que este homem foi sentenciado a morte sem direito a tribunal ou júri por um policial que pensa ser o Dredd – em que no filme de 1995 apreende, julga e executa, de forma resumida e aparenta eficiência. Se chegaram a este nível, prova que os confederados e a Klu Klux Klan segue intrépida e mais viva que nunca, apenas secreta e invisível enquanto organização.
Mais que racismo foi um assassinato – e isto a mídia não evidencia. Pudera – defende o aborto, que é uma modalidade de assassínio covarde, não possuem força para contestar de forma humana a morte de um inocente e rotular o feito com a palavra correta.
Racismo é um ato ofensivo. Neste caso brindado com uma morte. Mas a palavra correta para designar é assassinato. E o mass media é tão tendencioso que sequer nos leva a raciocinar sobre, para de alguma forma, encobrir as formas de morte que julgam toleráveis, como o aborto e a eutanásia.
É hipocrisia afirmar uma não ideológica combate ao racismo,porquanto do que adianta não ser racista e votar em racistas,no caso de Eastwood???
A MOTIVAÇÃO (o impulso interno que leva à ação) de um assassinato JAMAIS poderá ser ignorada. A BÍBLIA não ignora tal motivação. Nosso Código Penal, por exemplo, também não ignora a motivação de um assassinato. Do ponto de vista tanto ESPIRITUAL quanto MORAL, a motivação TORPE ou ESTÚPIDA de um assassino torna seu ato criminoso VÁRIAS vezes PIOR.