Como a esposa pode ajudar um plantador de Igreja? | Christine Hoover

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Como esposas de plantadores de igreja, como podemos ajudar melhor nosso marido? 

Antes de meu marido se tornar um plantador de igreja, ele fazia parte da equipe de uma igreja estabelecida na qual o papel e as responsabilidades dele eram claros e definidos, o que tornava relativamente fácil priorizar nosso casamento e a família antes do ministério. O papel claramente definido dele também evitava as suposições ao determinar de que maneira eu poderia ajudá-lo. Ele era pastor da faculdade, então eu ministrava um estudo bíblico para garotas da faculdade e discipulava estudantes da faculdade. A agenda estruturada dele propiciava uma estrutura imutável para nossa família e para minha semana. 

Então plantamos uma igreja. 

De repente, o ministério ameaçou invadir todos os aspectos da nossa vida. Meu marido carregava o pesado fardo de começar e desenvolver uma igreja e eu fiquei insegura acerca de como poderia ajudá-lo da melhor forma. A descrição de tarefas dele passou a ser “Tudo” e a minha se tornou “Auxiliar do Homem que Faz Tudo”. 

O que significa ser auxiliar de um homem que é plantador de igreja? 

 

A esposa do plantador ajuda o marido ao cultivar o relacionamento com Deus.

Cultivar um relacionamento com Deus é importante por muitas razões. Como ajudantes, confiar no Espírito para nosso sustento diário evita que desenvolvamos uma carência doentia de nosso marido. 

No primeiro ano da plantação de igreja, eu me senti extremamente carente. Apesar de estarmos no ministério há vários anos, a plantação de igreja era um território desconhecido. Além disso, geralmente não lido bem com mudanças, de modo que a plantação de igreja me pôs em uma montanha russa emocional, desesperada por incentivo e ajuda. Sentia-me insegura acerca de meu papel, dos relacionamentos e me perguntava se no final das contas iríamos sobreviver. Meu marido, absorto pelo estresse e suas próprias incertezas, tinha pouco apoio emocional a me oferecer. Ele se fechava cada vez mais dentro de si e se tornava cada vez menos disponível para mim. Isso se tornou uma combinação explosiva, levando a muitas conversas difíceis e conflitos. 

Um dia me dei conta de que, em minhas incertezas sobre as circunstâncias de nossa vida, eu estava querendo que meu marido satisfizesse necessidades que eram humanamente impossíveis de satisfazer; eu estava, portanto, colocando uma pressão indevida sobre ele e aumentando o peso de seu fardo. Ao confessar essa tendência para Deus e para Kyle (meu marido) e ao me voltar com mais constância para o Senhor com minhas inquietações emocionais, a pressão sobre nosso casamento diminuiu. Além do mais, reconheci um menor interesse em mim mesma e um maior interesse em ajudar meu marido. 

Certamente temos algumas necessidades que podem ser satisfeitas pelo nosso marido, tais como incentivo, tempo e atenção. Não devemos parar de nos comunicar com ele e pedir o que precisamos. Devemos, no entanto, tirar tempo para avaliar em oração como estamos nos sentindo e quais são nossas necessidades antes de comunicá- las. Geralmente corro, transbordando de emoção, para meu marido antes de parar para analisar qual é minha necessidade ou o que o Senhor poderia ter para me dizer a respeito. Descobri que, se perguntar ao Senhor primeiro, ele geralmente concede sua sabedoria e paz ao meu coração sem envolver Kyle. Ele também me ajuda a discernir o que eu preciso de meu marido e como comunicar amorosamente essas necessidades a ele. Deus me ensinou que posso pedir ao Kyle o que preciso, mas que não posso esperar que ele faça tudo dar certo na minha vida nem que ele alivie todas as emoções. Deus é o único que tem capacidade para isso. À medida que cultivo meu relacionamento com Deus, encontro esperança e conforto em Cristo e posso liberar meu marido com alegria para cumprir o chamado dele. 

 

A esposa do plantador ajuda o marido ao incentivá-lo de maneira específica. 

Quando Kyle e eu fazemos aconselhamento pré-matrimonial com jovens casais, enfatizamos a necessidade de fazer uso de incentivo específico. Para ilustrar, pedimos que a noiva e o noivo façam um elogio um ao outro. Inevitavelmente, eles fazem declarações de amor fracas: “Você é bonita”, “Acho você legal”, ou “Gosto da sua comida”. Pedimos a eles que sejam mais precisos e específicos, algo como: “Quando usou aquele vestido vermelho ontem, você ficou deslumbrante. Não consigo parar de pensar em você nele”. Ou: “Quando visitei você no trabalho na semana passada, observei como as pessoas lhe respondiam. Estou admirada por ver o quanto você é bom no que faz e orgulhosa do respeito que ganhou por seu trabalho duro”. Durante a primeira rodada de elogios, eles sorriem educadamente e agradecem. A segunda tentativa faz brotar lágrimas, emoções e outras indicações de se sentirem profundamente amados. 

Como auxiliares do plantador de igreja, temos inúmeras oportunidades de encorajar nosso marido por meio de incentivos específicos, seja sobre a liderança dele em casa, ou sobre o serviço dele para a igreja. A plantação de igreja pode ser desestimulante, até mesmo para o líder mais forte. Eles com frequência se subestimam ou se sentem inferiores. Temos de ter a determinação de ser a maior líder de torcida do nosso marido, cobrindo-o com afirmação verbal constante: 

“Reconheço o quanto você trabalha duro para sustentar nossa família. Temos tudo de que precisamos.”  

“O seu sermão hoje realmente falou comigo, da seguinte forma…”  

“Você tem um trabalho difícil, mas o faz bem.”  

“A maneira que você lidou com aquela situação realmente me impressionou. O que você disse foi perfeito, e Deus usou isso para apaziguar o conflito.”  

“Tenho orgulho de ser sua esposa e sou grata pela nossa vida juntos.” 

Ajude-o a ver como o Senhor está trabalhando em sua igreja e por meio da liderança dele. Afirme a pregação dele. Celebre as vitórias, tanto as grandes como as pequenas. Com seu incentivo, ele prosperará na liderança do seu lar e da igreja que está plantando.

 

A esposa do plantador ajuda o marido ao zelar pela necessidade dele de descanso e refúgio. 

Poucas semanas atrás, Kyle parecia totalmente esgotado. Ele havia passado vários meses fazendo aconselhamento intensivo com um casal na nossa igreja enquanto cumpria todas as responsabilidades normais de seu trabalho. Ele estava emocionalmente exausto, mas somente quando mencionei minha preocupação e implorei que fizesse uma pausa é que ele reconheceu que precisava de descanso. Decidimos que ele deveria sair um final de semana para descanso físico e espiritual. Para mim, foi difícil deixá-lo ir, porque minha vontade é ter cada segundo que posso ter dele quando está longe das responsabilidades ministeriais, mas sabia o quanto isso seria bom para ele. Eu o amei ao deixá-lo ir sem qualquer reclamação. Ele voltou descansado, pois havia recebido do Senhor o reabastecimento de que precisava para prosseguir. Também voltou ávido para se dedicar novamente ao nosso casamento e família. 

Você pode incentivar seu marido somente até um certo limite. Às vezes, assim como você, a necessidade dele de encorajamento só pode ser encontrada no Senhor. Um coração auxiliador que reconhece isso zelosamente arranja esse tempo de descanso para ele. Quando notar que a energia e motivação dele estão minguando, incentive-o a fazer um retiro pessoal, a descansar ou a fazer algo que renove suas forças. Afirme a importância de rejuvenescer o espírito dele e ajude a remover qualquer obstáculo que impeça seu descanso, até mesmo qualquer culpa que ele possa sentir por deixar você e as crianças durante algumas horas ou alguns dias. 

Às vezes, ajudar seu marido a encontrar tempo para descanso e rejuvenescimento pode significar que você tenha menos disso por um tempo. Mas você descobrirá que seu sacrifício mantém a saúde e o vigor de seu marido e de seu casamento. 

 

A esposa do plantador ajuda o marido ao monitorar sua própria agenda. 

A responsabilidade pelo crescimento e pela saúde da igreja não é nossa. Não é nem mesmo de nosso marido. Em 1Coríntios 3, Paulo diz que é o Senhor quem dá o crescimento das sementes que são plantadas. À luz dessa verdade, não devemos nos sobrecarregar nem nos preocupar excessivamente com o trabalho de nosso marido. Isso nos deixa sem tempo e energia para nossas prioridades básicas: ser discípula, esposa e mãe. Não devemos estar tão envolvidas no ministério a ponto de estarmos sempre fazendo “trabalho da igreja” e oscilando emocionalmente conforme a situação da igreja. Uma auxiliadora sábia não lota sua agenda com atividades sociais, da igreja ou da comunidade a ponto de ficar exausta demais para atender às necessidades de seu marido e de seus filhos. Ela é seletiva naquilo em que se envolve. 

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No começo da plantação, você provavelmente fará coisas que não são muito do seu agrado e que a esgotam rapidamente. Assim que possível, passe essas tarefas para um líder capaz. Isso será melhor para a igreja, para você e para seu marido. 

Sou tanto “executora” quanto introvertida, o que é uma combinação traiçoeira. Mantenho-me ocupada, mas também preciso de tempo sozinha para me reabastecer. Em tempos especialmente atarefados, o alarme dispara quando começo a acrescentar coisas demais na minha agenda. Quando digo a mim mesma que posso dar conta ou digo sim para compromissos só porque me sinto culpada em dizer não, acabo me tornando uma pessoa exausta e mal-humorada que está apenas tentando sobreviver com sua agenda. O ressentimento cresce ao me sentir puxada em muitas direções, então imploro por descanso e não tenho nada a oferecer para meu marido e meus filhos. Entretanto, quando de fato ouço e obedeço à sugestão do Espírito, descubro que ele geralmente quer que eu faça menos, não mais. Ele me ajuda a dizer não para as atividades desnecessárias e sim para o descanso periódico. Então, fico emocionalmente e fisicamente disponível para o Senhor e para minha família. Em vez de me desgastar em uma corrida de velocidade, posso manter meu ritmo para a maratona da plantação de igreja. 

 

A esposa do plantador ajuda o marido quando é sábia ao conversar. 

Às vezes, no meio de uma conversa sobre ministério, vejo meu marido ficar quieto e distraído. Aprendi que isso geralmente significa que ele não quer mais falar sobre igreja. Uma auxiliadora é sábia na conversa, cuidadosa em relação a quanto fala sobre questões da igreja com seu marido e determinada a engajá-lo em conversas que não estejam ligadas ao trabalho dele. Ela evita pressioná-lo por detalhes para proteger seu casamento e seu próprio coração. Ela sabe que conversas constantes sobre a plantação de igreja criam um senso de responsabilidade prejudicial para ela e fomentam oportunidades para críticas e censuras a seu marido. 

Como esposas de plantadores de igreja, é desnecessário sabermos todos os detalhes a respeito de cada decisão. É importante encorajarmos nosso marido e respeitá-lo com confiança nas decisões que toma. Um marido sábio irá pedir a opinião da esposa com frequência, mas uma esposa sábia espera que ele peça sua avaliação de uma situação ou um comentário sobre um sermão. Aprendi da maneira mais difícil que, quando dou minha opinião sem que ele peça primeiro por ela, ele se sente agredido e desamparado. Como sua ajudante, posso e devo ajudá-lo a enxergar os pontos cegos, mas minha abordagem precisa ser amável e gentil; senão ele não vai ouvir nada além de críticas. 

Finalmente, em relação a ser uma ajudante sábia na conversa, é importante monitorarmos o quanto compartilhamos com nosso marido sobre nossos próprios conflitos com a plantação de igreja. Se estamos constantemente reclamando, ele pode considerar isso uma ofensa pessoal ou se sentir culpado em relação ao que Deus o chamou para fazer. Novamente, uma ajudante sábia levará seus conflitos e inquietações primeiro ao Senhor e pedirá discernimento para o que precisa ser compartilhado. 

 

A esposa do plantador ajuda o marido ao valorizar a intimidade. 

Antes de nos engajarmos na plantação de igreja, Kyle e eu participamos de uma proveitosa conferência sobre plantação de igreja. Durante um seminário para esposas, a palestrante disse: “Quando começar a plantar a igreja, espere por muito sexo”. Todas nós rimos, mas então ela explicou: “Seu marido não vai se sentir bem-sucedido em quase nada nos primeiros meses. Você pode incentivá-lo e ajudá-lo a se sentir bem-sucedido ao corresponder ao toque físico dele”. Guardei aquela dica com a intenção de satisfazer as necessidades de meu marido. 

Ela tinha razão. 

A intimidade é um lembrete poderoso para seu marido de que você o ama, o valoriza e precisa dele. Na plantação de igreja, não há muitas outras possibilidades para ele receber essas coisas, então você se torna uma auxiliadora sábia quando corresponde fisicamente a ele. 

 

A esposa do plantador ajuda o marido ao orar por ele. 

Por último, mas talvez o mais importante, devemos orar por nosso marido. Ele assumiu uma tarefa assustadora. Por estar enfrentando batalhas espirituais, ele precisa de proteção, discernimento e sabedoria sobrenaturais, além de liderança para realizar tudo o que faz a cada dia. A única maneira de podermos ajudar nessa batalha espiritual é orar por ele. 

Às vezes, pensamos erroneamente que ser ajudante nos diminui ou nos torna menos úteis no reino, mas na economia de Deus o servo é elevado à posição principal. Com Jesus como nosso exemplo, o papel do servo é de honra e estima. Somos mais parecidas com ele quando ajudamos nosso marido servindo-o e nos sacrificando por ele. 

Para uma esposa de plantador de igreja com um coração ajudador, há recompensa pelo seu trabalho. Quando você ajuda seu marido, ele tem mais para lhe dar. Quando você acolhe a liderança espiritual e emocional dele no lar e na igreja, ele será mais propenso a liderar e proteger você com amor. 

Embora queiramos que nossas necessidades sejam satisfeitas por nosso marido, a recompensa que recebemos de Deus é muito mais importante. Afinal, a ajuda que oferecemos a nosso marido é, na verdade, uma oferta a Deus. Se desejarmos agradar a Deus, iremos nos sacrificar para Deus. A consequência natural de um coração dependente e sacrificial em relação a Deus será um coração auxiliador para com nosso marido. Como ajudantes fiéis — o papel para o qual ele nos chamou — vamos experimentar a alegria e o prazer que vêm de Deus. 

Então, novamente a pergunta: Como está seu coração em relação a seu marido? Você é uma inviabilizadora ou é uma auxiliadora? 

 


Trecho extraído e adaptado da obra: Esposa do plantador de igreja, da autora Christine Hoover publicado por Edições Vida Nova: São Paulo, 2018, p. 73-82. Publicado no site Cruciforme com permissão.

 

É esposa de um pastor plantador de igreja e mãe de três meninos. Em 2008, ela e o marido, Kyle, começaram uma igreja na sua sala de estar e, nos seus três primeiros anos, a igreja cresceu e ultrapassou trezentas pessoas. Christine tem doze anos de experiência de ministério e aconselhamento e se dedica a ajudar outras esposas de pastores a prosperar em suas atribuições. Ela mantém um blog muito conhecido, o GraceCoversMe.com, que incentiva mulheres a viver e liderar pela graça. Tem também contribuído para os blogs Desiring God e In(courage) e para a Christianity Today, Thriving Family e Just Between Us.

“AGORA TÍNHAMOS DE ENFRENTAR O ÁRDUO TRABALHO DE PLANTAR UMA IGREJA. SERÁ QUE EU ESTAVA DISPOSTA E PREPARADA?”

A esposa do plantador de igreja precisa definir suas responsabilidades, ser uma auxiliadora sábia para o marido, formar amizades na igreja e na comunidade, enfrentar estresse e desânimo, além de lidar com feridas e muito mais. Christine Hoover conhece as alegrias e os desafios. Ela diz: “A plantação de uma igreja é trabalhosa [...]. Mas vale tanto a pena!”.

Christine oferece encorajamento prático para as esposas de plantadores de igreja. E você apreciará ler as entrevistas que ela fez com outras mulheres que passaram pela experiência de plantar igreja.

Se você é esposa de um plantador, precisa ler este livro. Ou, se conhece alguma que seja, vai querer compartilhá-lo com ela!

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