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foi ativado muito cedo. Isso geralmente é um indicador de que algum código no plugin ou tema está sendo executado muito cedo. As traduções devem ser carregadas na ação init
ou mais tarde. Leia como Depurar o WordPress para mais informações. (Esta mensagem foi adicionada na versão 6.7.0.) in /var/www/cruciforme/wp-includes/functions.php on line 6114Qualquer teórico de dramaturgia vai lhe dizer: humor é difícil. É muito difícil. E o mais difícil é manter simples, fazer parecer fácil.
Em 2014, um ano que está se tornando o campeão nas más notícias, o mundo (mais especificamente a América Latina) perdeu um dos mais talentosos criadores do meio humorístico, especialmente querido para o Brasil. Roberto Goméz Bolaños, o eterno Chaves e Chapolin, deixou família e fãs, todos cativados por aquilo que define o mais hábil dos humoristas: a simplicidade e a sinceridade.
Bolaños largou cedo a carreira de engenheiro para se dedicar à criação audiovisual, e não demorou até o diretor de cinema mexicano Augustín P. Delgado lhe dar o apelido que carregaria até o fim da vida: Chespirito. O Pequeno Shakespeare.
E é um belo apelido, já que Bolaños era baixinho, mas assim como Shakespeare, tinha como público alvo o “povão”, e brilhava por fazer seus trabalhos alcançáveis, compreensíveis a todos. Diferente de Shakespeare, Bolaños não foi parar no ápice da erudição literária, e sim nas reprises eternas do Sistema Brasileiro de Televisão.
A essência do personagem de Chaves era a sua inocência, seu “sem querer querendo”. Colocando como personagem principal alguém que é definido por tudo o que não tem, e mesmo assim, vive feliz, Bolaños cria uma resposta ao consumismo, às mais populares… “filosofias”… da prosperidade. Chaves queria brincar e se alimentar. Queria aprender. Cometia os erros que cometia por ser honesto demais, por não manejar bem esse “mundo adulto” onde as pessoas têm a permissão de falar o que não lhes convém.
Assim como todos os seus personagens, todos muito caricatos, mas terrivelmente humanos, Chaves ensina-nos lições pequenas, mas que são carregadas para sempre. É só perguntar para qualquer amigo seu. Peça para ele completar a frase “A vingança nunca é plena…” e você verá que um difícil e complicado ensinamento é resumido num chavão que não banaliza o conceito, mas faz você entender o que o Seu Madruga quis dizer com isso. Chapolin, o personagem onde Bolaños podia expandir ainda mais o nonsense e a criatividade, é também recheado de personagens carismáticos e muito parecidos conosco. O próprio personagem título é um herói medroso e que conta muito mais com a sorte do que com as próprias capacidades. Não se pode ficar comentando os detalhes de cada anedota ou personagem, porque são muitos.
A cultura brasileira se moldou pouco demais ao redor de Chaves. Porque se somos um povo chegado à desonestidade, trapaça e máscaras, é porque só ficamos com as risadas de Chespirito e esquecemos que o Reino dos Céus pertence às crianças, que são inocentes o suficiente para achar que o topo do mundo fica em Acapulco e que lá pode-se conseguir um sanduíche de presunto.
Gracías, Don Bolaños.
Silas Chosen é roteirista, cineasta, publicitário, ilustrador e é viciado em cinema e histórias. Escreve para sites e programas de rádio sobre cinema, cultura pop e cristianismo desde 2004. Faz parte da 4U Films, ministério de cinema independente. |