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Vou arriscar e sugerir que, nas últimas semanas, provavelmente você não bebeu até ao ponto de ficar bêbado e nem participou de uma festa de bebedeira. Também não teve problemas com os prazeres oriundos da imoralidade sexual nem tão pouco se entregou de uma vez por toda à vida obcecada pelo sexo. Pelo menos, eu espero que não. 

Levanto essas questões específicas porque Paulo, ao escrever aos Romanos, também as abordou. Isto é, ao ajudar os cristãos daquela região a compreenderem como o Evangelho deveria ser aplicado à vida, ele listou três pares de pecados que são impróprios para os cristãos. “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes” (Rm 13.13, ARA21). Tive a impressão de que, se ele se deu o trabalho de enumerar esses pecados, nós deveríamos, pelo menos, dar-nos o trabalho de considerá-las – refletindo, inclusive, sobre como os pecados reais podem estar presentes em nossas vidas de forma sutil ou explícita. 

No meu entender, o que une esses pecados é uma espécie de falha no empreendimento do amor. Afinal de contas, o apóstolo Paulo deixa claro que a grande implicação do Evangelho, sobretudo no seu texto aos Romanos, é o amor! O seu dever, chamado, responsabilidade e privilégio é amar aos outros como uma demonstração do amor de Deus em favor de você. E cada um desses pecados representa uma falha nesse sentido. 

Por isso, não podemos amar os outros quando a vida é marcada pela embriaguez ou pelas festas. Mas o que está por trás dessa tendência? O que está por detrás desses pecados é o desejo pelo escapismo. Esta fuga pode ser o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, de Netflix, de vídeo games ou das redes sociais – ou seja, qualquer coisa que fomente a perca do controle do tempo em troca de atividades que, em última análise, são vãs e destrutivas. Se você se entregar totalmente a essas substâncias ou ao entretenimento que só fomenta o vício, isso irá diminuir a sua vontade e capacidade de amar os outros.  

Da mesma forma, não se pode amar os outros quando você se vê rendido às práticas da imoralidade sexual. Por definição, quando você se envolve com pecados sexuais, isso significa que você está usando outras pessoas ao invés de amá-las. Uma vez presos nestes pecados, o nosso objetivo de vida passa a ser a satisfação própria em vez de abençoarmos os outros. 

Da mesma forma, não é possível amar alguém quando, ao mesmo tempo, se é briguento ou ciumento. É inconcebível, pois, você não estará amando os outros com as suas palavras e atitudes. Acho que encontrei mais pessoas briguentas nas igrejas reformadas do que em qualquer outro lugar do mundo. As pessoas briguentas geralmente pensam que são sábias, perspicazes ou dotadas por Deus, mas na maioria das vezes são orgulhosas e rebeldes. Sentem prazer na discussão e ficam satisfeitos em fazer o papel de advogado do diabo. Em muitos casos, em sua origem, encontramos a inveja, isto é, um desejo incontrolável por querer ser e ter o que os outros são e possuem. Se esse for o seu caso, você precisar ter em mente que ser briguento não é um simples pecadinho, mas sim uma transgressão grave, que pode inclusive, estar ligado ao pecado da embriaguez e do adultério. Portanto, você precisa matar esses pecados e dirigir a sua paixão, o seu tempo e a sua intensidade para uma vida de amor e sacrifício em favor dos outros. 

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Recentemente, me peguei refletindo sobre as seguintes questões: Quantos homens poderiam servir como presbíteros em sua igreja se não tivessem se vendido à imoralidade sexual? Quantos homens e mulheres não poderiam servir como diáconos ou diaconisas em suas igrejas (se essa igreja abrir o cargo de diácono às mulheres), se não tivessem entregado boa parte do seu tempo às atividades de lazer e diversão? Quantos membros da igreja não poderiam estar liderando importantes ministérios se não passassem horas e mais horas nas redes sociais, iludidos com o discurso de que as postagens no Twitter (Atualmente conhecido como X) causarão algum impacto no mundo real? E, enquanto isso há pessoas, diante deles, que precisam de amor, de cuidado e de serem pastoreadas. Com isso, a igreja local precisa, desesperadamente, de anciãos qualificados, diáconos empenhados e líderes fiéis em seus ministérios, porém, o que vemos atualmente são homens e mulheres desqualificando a si mesmos. 

O que você diz sobre si mesmo, sendo que conhece mais as controvérsias que envolvem a igreja em geral, do que às necessidades de sua igreja local? Ouça o que lhe direi: os problemas reais das pessoas de sua igreja não têm nada a ver com o que acontece no Twitter ou no YouTube. Quanto mais tempo você passar clicando e deslizando as telas do seu celular, menos tempo você terá com as pessoas que, inclusive, você fez um pacto. Pessoas que podem ser realmente impactadas por você e que precisam de amor. A sua igreja precisa de pessoas que sejam especialistas em amor e não versado em controvérsia e celebridade. Deixe de lado tudo àquilo que te leva para longe de Cristo. Largue o celular e comece a servir. 

Os pecados indulgentes, os pecados sexuais e os pecados sociais são evidências de um amor fracassado. Se você está preso em algum destes pecados, peça ajuda a Deus, rogando para que ele os suplante. Isto é, ao trabalhar com o objetivo de diminuir o poder desses pecados na sua vida, concomitantemente, você estará aumentando o amor de Deus em sua vida. Pense também em como você poderia substituir a autoindulgência pela expressão de amor aos outros e o egocentrismo por uma vida de bênção e serviço ao próximo. Afinal, foi para isso que Deus te criou, chamou e o salvou. Ele te livrou, para que você pudesse viver uma vida em prol dos outros e para a sua glória. 


Texto original: Stop Swiping, Start Serving  Traduzido por Gedimar Junior e publicado no site Cruciforme com permissão.

Tim Challies é pastor da igreja Grace Fellowship, em Toronto, no Canadá, editor do site de resenhas Discerning Reader e cofundador da Cruciform Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é blogueiro, web designer e autor de várias obras.
O discernimento espiritual serve para muito mais do que tomar grandes decisões de acordo com a vontade de Deus. É uma atividade essencial do dia a dia, pois permite que cristãos comprometidos separem a verdade de Deus do erro e distingam o certo do errado em todas as situações. É também um tipo de habilidade, algo que qualquer pessoa pode desenvolver e aprimorar, especialmente com a orientação deste livro.

Publicado por Vida Nova.

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